No termo do mês de Maio de 2019

43. No coração da Igreja, resplandece Maria. É o grande modelo para uma Igreja jovem, que deseja seguir Cristo com frescor e docilidade. Era ainda muito jovem quando recebeu o anúncio do anjo, não se coibindo de fazer perguntas (cf. Lc 1, 34). Mas tinha uma alma disponível e disse: «Eis a serva do Senhor» (Lc 1, 38).

44. «Sempre impressiona a força do “sim” de Maria, jovem. A força daquele “faça-se em Mim”, que disse ao anjo. Foi uma coisa distinta duma aceitação passiva ou resignada. Foi qualquer coisa distinta daquele “sim” que por vezes se diz: “Bem; provemos a ver que sucede”. Maria não conhecia a frase “provemos a ver que sucede”. Era determinada: compreendeu do que se tratava e disse “sim”, sem rodeios de palavras. Foi algo mais, qualquer coisa de diferente. Foi o “sim” de quem quer comprometer-se e arriscar, de quem quer apostar tudo, sem ter outra garantia para além da certeza de saber que é portadora duma promessa. Pergunto a cada um de vós: Sentes-te portador duma promessa? Que promessa trago no meu coração, devendo dar-lhe continuidade? Maria teria, sem dúvida, uma missão difícil, mas as dificuldades não eram motivo para dizer “não”. Com certeza teria complicações, mas não haveriam de ser idênticas às que se verificam quando a covardia nos paralisa por não vermos, antecipadamente, tudo claro ou garantido. Maria não comprou um seguro de vida! Maria embarcou no jogo e, por isso, é forte, é uma “influenciadora”, é a “influenciadora” de Deus! O “sim” e o desejo de servir foram mais fortes do que as dúvidas e dificuldades».

45. Sem ceder a evasões nem miragens, «Ela soube acompanhar o sofrimento do seu Filho (…), apoiá-Lo com o olhar e protegê-Lo com o coração. Que dor sofreu! Mas não A abateu. Foi a mulher forte do “sim”, que apoia e acompanha, protege e abraça. É a grande guardiã da esperança (…). D’Ela, aprendemos a dizer “sim” à paciência obstinada e à criatividade daqueles que não desanimam e recomeçam».

46. Maria era a donzela de alma grande que exultava de alegria (cf. Lc 1, 47), era a jovenzinha com os olhos iluminados pelo Espírito Santo, que contemplava a vida com fé e guardava tudo no seu coração (cf. Lc 2, 19.51). Não ficava quieta, punha-se continuamente a caminho: quando soube que sua prima precisava d’Ela, não pensou nos próprios projetos, mas «dirigiu-Se à pressa para a montanha» (Lc 1, 39).

47. E, sendo necessário proteger o seu menino, partiu com José para um país distante (cf. Mt 2, 13-14). Pelo mesmo motivo, permaneceu no meio dos discípulos reunidos em oração à espera do Espírito Santo (cf. At 1, 14). Assim, com a presença d’Ela, nasceu uma Igreja jovem, com os seus Apóstolos em saída para fazer nascer um mundo novo (cf. At 2, 4-11).

48. Aquela jovenzinha é, hoje, a Mãe que vela pelos filhos: por nós, seus filhos, que muitas vezes caminhamos na vida cansados, carentes, mas desejosos que a luz da esperança não se apague. Isto é o que queremos: que a luz da esperança não se apague. A nossa Mãe vê este povo peregrino, povo jovem amado por Ela, que A procura fazendo silêncio no próprio coração, ainda que haja muito barulho, conversas e distrações ao longo do caminho. Mas, diante dos olhos da Mãe, só há lugar para o silêncio cheio de esperança. E, assim, Maria ilumina de novo a nossa juventude.

Papa Francisco, Cristo vive, nnº 43-48

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Para construir a paz

Construir a paz obriga a tomar decisões e a fazer opções, a não pactuar com a injustiça, a não pactuar com a mentira, a lutar contra tudo o que é desumano. Por isso, a paz não é um apaziguamento nem um mero bem-estar, que pode ser muito egoísta e uma fuga à construção da paz. Para que exista paz verdadeira tem de se mudar de nível nas relações e há que destruir a paz podre, a paz falsa das águas mornas.

Vasco P. Magalhães, sj

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Senhor, ensina-nos a amar

Porventura nem sabemos o que é amar, e não me espantarei muito; porque não está no maior gosto, mas sim na maior determinação de desejar contentar a Deus em tudo e procurar, tanto quanto podermos, não O ofender.

Santa Teresa de Jesus

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Somos obra das suas mãos

Para Ele, és realmente valioso; tu não és insignificante. Importa-Se contigo, porque és obra das suas mãos. Por isso, presta atenção e lembra-Se de ti com carinho. Precisas de confiar «na recordação de Deus: a sua memória não é um “disco rígido” que grava e armazena todos os nossos dados, a sua memória é um coração terno e rico de compaixão, que se alegra em eliminar definitivamente todos os nossos vestígios de mal». Não quer guardar a conta dos teus erros e, em todo o caso, ajudar-te-á a aprender alguma coisa também com as tuas quedas. Porque te ama.

Papa Francisco, Cristo vive, nº 115

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6º Domingo da Páscoa – Ano C

Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome,

vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse (Jo 14, 26)

– Em que consiste a missão do Espírito Santo que Jesus promete como dom? Ele mesmo o diz: “Ele vos ensinará todas as coisa e vos recordará tudo o que eu vos disse”. No decurso da sua vida terrena, Jesus já transmitiu tudo o que queria confiar aos Apóstolos: ele completou a Revelação divina, isto é, tudo o que o Pai queria dizer à humanidade com a encarnação do Filho. A tarefa do Espírito Santo é a de fazer recordar, isto é, fazer compreender em plenitude e induzir a realizá-la através de um estilo de vida preciso, caracterizado por algumas exigências: fé no Senhor e a observância da sua Palavra; docilidade à acção do Espírito, que torna continuamente vivo e presente o Senhor Ressuscitado; o acolhimento da sua paz e o testemunho dela através de um comportamento de abertura e de encontro com o outro” (Papa Francisco, Regina Coeli, 26 de Maio, 2019).

– “O Evangelho deste Domingo, tirado do capítulo 14 de São João, oferece-nos um retrato espiritual implícito da Virgem Maria, onde Jesus diz: “Se alguém me ama, guarda a minha Palavra; meu Pai amá-lo-á, viremos a ele e nele faremos morada” (Jo 14, 23). Estas expressões são dirigidas aos discípulos, mas podem ser aplicadas ao máximo grau precisamente Àquela que é a primeira e perfeita discípula de Jesus. Efectivamente, Maria foi a primeira que observou de maneira plena a palavra do seu Filho, demonstrando deste modo que O ama não apenas como Mãe, mas ainda antes como serva humilde e obediente; por isso, Deus Pai amou-a e nela a Santíssima Trindade fez a sua morada. Além disso, quando Jesus promete aos seus amigos que o Espírito Santo os assistirá, ajudando-os a recordar cada uma das suas palavras e a compreendê-las profundamente (cf. Jo 14, 26), como não pensar em Maria, que no seu coração, templo do Espírito, meditava e interpretava fielmente tudo aquilo que o seu Filho dizia e fazia?” (Bento XVI).

– “Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande, aberto à vossa Palavra silenciosa, mas forte e inspiradora, fechado a todas as ambições mesquinhas, alheio a qualquer desprezível competição humana, compenetrado do sentido da Santa Igreja.

Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande, desejoso de se tornar semelhante ao coração do Senhor Jesus. Dai-me um coração grande e forte para amar a todos, para servir a todos, para sofrer por todos! Um coração grande e forte para superar todas as provações, todo o tédio, todo o cansaço, toda a desilusão, toda a ofensa! Um coração grande e forte, constante até ao sacrifício, quando este for necessário!

Ó Espírito Santo, dai-me um coração cuja felicidade seja palpitar com o coração de Cristo e cumprir humilde, fiel e firmemente a vontade do Pai” (São Paulo VI).

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Não estás só nem abandonado(a)

Se interiorizei a certeza de ser amado, se mesmo no meio dos medos recordo e assumo que Deus está sempre comigo, se recupero, mesmo contra os meus sentimentos actuais, a presença amiga de Deus, então eu consigo vencer o medo e a angústia de existir. Porque o maior medo está ligado à solidão e ao abandono.

Vasco P. Magalhães, sj

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O grande anúncio para todos os jovens

Eis a primeira verdade que quero dizer a cada um: «Deus ama-te». Mesmo que já o tenhas ouvido – não importa! –, quero recordar-to: Deus ama-te. Nunca duvides disto na tua vida, aconteça o que acontecer. Em toda e qualquer circunstância, és infinitamente amado.

A segunda verdade é que, por amor, Cristo entregou-Se até ao fim para te salvar. Os seus braços abertos na cruz são o sinal mais precioso dum amigo capaz de levar até ao extremo o seu amor: «Ele, que amava os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo» (Jo 13, 1).

Mas há uma terceira verdade, que é inseparável da anterior: Ele vive! É preciso recordá-lo com frequência, porque corremos o risco de tomar Jesus Cristo apenas como um bom exemplo do passado, como uma recordação, como Alguém que nos salvou há dois mil anos. De nada nos aproveitaria isto: deixava-nos como antes, não nos libertaria. Aquele que nos enche com a sua graça, Aquele que nos liberta, Aquele que nos transforma, Aquele que nos cura e consola é Alguém que vive. É Cristo ressuscitado, cheio de vitalidade sobrenatural, revestido de luz infinita. Por isso dizia São Paulo: «Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé» (1 Cor 15, 17).

Papa Francisco, Cristo vive, nnº 112, 118, 124

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5º Domingo da Páscoa (Ano C)

“Dou-vos um mandamento novo”

– Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros (Jo 13, 34).

– O amor que Ele nos teve e tem me espanta a mim mais e me desatina, sendo nós o que somos (Santa Teresa de Jesus).

– O amor que se manifestou na Cruz de Cristo e que Ele nos chama a viver é a única força que transforma o nosso coração de pedra num coração de carne; a única força capaz de transformar o nosso coração é o amor de Jesus, se nós também amarmos com este amor. E este amor torna-nos capazes de amar os nossos inimigos e perdoar aos que nos ofenderam…

O amor de Jesus faz-nos ver o outro como um membro actual ou futuro da comunidade dos amigos de Jesus; estimula-nos ao diálogo e ajuda-nos a escutar-nos e a conhecer-nos reciprocamente. O amor abre-nos para o outro, tornando-se a base dos relacionamentos humanos. Torna-nos capazes de superar as barreiras das próprias fraquezas e preconceitos. O amor de Jesus em nós cria pontes, ensina novos caminhos, desencadeia o dinamismo da fraternidade (Papa Francisco, Regina Coeli, 19 de Maio, 2019).

– A primeira coisa que os discípulos experimentaram é que Jesus amou-os como amigos: «Não vos chamo servos… a vós que vos tenho chamado amigos». Na Igreja, temos que nos amar simplesmente como amigos e amigas. E entre amigos cuida-se a igualdade, a proximidade e o apoio mútuo. Ninguém está acima de ninguém. Nenhum amigo é senhor dos seus amigos.

Por isso, Jesus corta pela raiz as ambições dos Seus discípulos quando os vê a discutir quem é o primeiro. A procura de protagonismos interesseiros quebra a amizade e a comunhão. Jesus lembra-lhes o seu estilo: «Eu não vim para ser servido, mas para servir». Entre amigos, ninguém tem de se impor. Todos devem estar dispostos a servir e colaborar (José Antonio Pagola).

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Maria, a jovem de Nazaré, a mulher do “Sim”

Sempre impressiona a força do “sim” de Maria, jovem. A força daquele “faça-se em Mim”, que disse ao anjo. Foi uma coisa distinta duma aceitação passiva ou resignada. Foi qualquer coisa distinta daquele “sim” que por vezes se diz: “Bem; provemos a ver que sucede”. Maria não conhecia a frase “provemos a ver que sucede”. Era determinada: compreendeu do que se tratava e disse “sim”, sem rodeios de palavras. Foi algo mais, qualquer coisa de diferente. Foi o “sim” de quem quer comprometer-se e arriscar, de quem quer apostar tudo, sem ter outra garantia para além da certeza de saber que é portadora duma promessa. Pergunto a cada um de vós: Sentes-te portador duma promessa? Que promessa trago no meu coração, devendo dar-lhe continuidade? Maria teria, sem dúvida, uma missão difícil, mas as dificuldades não eram motivo para dizer “não”. Com certeza teria complicações, mas não haveriam de ser idênticas às que se verificam quando a covardia nos paralisa por não vermos, antecipadamente, tudo claro ou garantido. Maria não comprou um seguro de vida! Maria embarcou no jogo e, por isso, é forte, é uma “influenciadora”, é a “influenciadora” de Deus! O “sim” e o desejo de servir foram mais fortes do que as dúvidas e dificuldades.

Papa Francisco, Jesus vive, nº 44

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O coração de cada jovem deve ser considerado «terra santa»

A clarividência de quem foi chamado a ser pai, pastor ou guia dos jovens consiste em encontrar a pequena chama que continua a arder, a cana que parece quebrar-se (cf. Is 42, 3) mas ainda não partiu. É a capacidade de individuar percursos onde outros só veem muros, é saber reconhecer possibilidades onde outros só veem perigos. Assim é o olhar de Deus Pai, capaz de valorizar e nutrir os germes de bem semeados no coração dos jovens. Por isso, o coração de cada jovem deve ser considerado «terra santa», diante da qual nos devemos «descalçar» para poder aproximar-nos e penetrar no Mistério.

Papa Francisco, Cristo vive, nº 67

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