Pequenos passos

Aprender a viver a sabedoria dos pequenos passos: pequenos, poucos, possíveis e progressivos. Aquela ideia de que ou tenho tudo ou não vale a pena, ou tudo ou nada, é um grande engano, porque o binómio “ou tudo ou nada” é sempre igual a nada.

Vasco P. Magalhães, sj

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Solenidade do Pentecostes

Vem a mim Espírito Santo, Pai dos pobres, Consolador dos aflitos, Dador de todo o bem, Fonte de todas as graças, Luz dos corações… Enche-me com a Tua graça, Orienta-me com a Tua sabedoria, Santifica-me com o Teu amor, Sustenta-me com a Tua fortaleza, Adopta-me por teu filho, Pacifica-me com a Tua presença, Vem habitar na minha alma, E inflama-me com a tua infinita misericórdia. Vem Espírito Santo, enche-me dos teus dons e abrasa-me no teu amor. Amém!

Santo Henrique de Ossó

Oração

Espírito Santo, Espírito Paráclito, consolai os nossos corações. Fazei-nos missionários da vossa consolação, paráclitos de misericórdia para o mundo. Advogado nosso, doce conselheiro da alma, tornai-nos testemunhas do hoje de Deus, profetas de unidade para a Igreja e a humanidade, apóstolos apoiados na vossa graça, que tudo cria e tudo renova (Papa Francisco, solenidade de Pentecostes, 2021).

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A caminho do Pentecostes: o dom do temor de Deus

O dom do temor de Deus

Não significa ter medo de Deus: sabemos que Deus é Pai e nos ama, quer a nossa salvação e nos perdoa sempre; por isso, não há motivo para ter medo dele! Ao contrário, o temor de Deus é o dom do Espírito que nos recorda como somos pequenos diante de Deus e do seu amor, e que o nosso bem está no nosso abandono com humildade, respeito e confiança nas suas mãos. Este é o temor de Deus: o abandono à bondade do nosso Pai, que nos ama imensamente.

Quando o Espírito Santo faz a sua morada no nosso coração, infunde-nos consolação e paz, levando-nos a sentir-nos como somos, isto é pequeninos, com aquela atitude — tão recomendada por Jesus no Evangelho — de quem põe todas as suas preocupações e expectativas em Deus, sentindo-se abraçado e sustentado pelo seu calor e pela sua salvaguarda, precisamente como uma criança com o seu pai! É isto que faz o Espírito Santo nos nossos corações: leva-nos a sentir-nos como crianças no colo do nosso pai. Então, neste sentido compreendemos bem que o temor de Deus assume em nós a forma da docilidade, do reconhecimento e do louvor, enchendo de esperança o nosso coração.

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2014/documents/papa-francesco_20140611_udienza-generale.html

 

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Sobre o Espírito Santo – 3

– Ouçamos o que diz a palavra do Senhor sobre a acção do Espírito em nós: ”Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas agora não as podeis compreender. É melhor para vós que Eu vá; se Eu for, enviar-vos-ei o Paráclito”.
E noutro lugar: ”Eu pedirei ao Pai e Ele vos enviará outro Paráclito, para estar convosco eternamente, o Espírito da verdade. Ele vos ensinará toda a verdade, porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á as coisas que estão para vir. Ele Me glorificará, porque recebe do que é meu.
Estas palavras, entre muitas outras, foram ditas para nos dar a conhecer a vontade d’Aquele que confere o Dom e a natureza e perfeição do mesmo Dom. Deste modo, já que a nossa debilidade não nos permite compreender nem o Pai nem o Filho, o Dom que é o Espírito Santo estabelece um certo contacto entre nós e Deus, para iluminar a nossa fé nas dificuldades relativas à Encarnação de Deus.
Recebemo-l’O, portanto, para compreender. Assim como o corpo natural do homem permaneceria inactivo se lhe faltassem os estímulos necessários para as suas funções assim também a alma humana, se não recebe pela fé o Dom que é o Espírito, tem certamente uma natureza capaz de conhecer a Deus, mas falta-lhe a luz para chegar a esse conhecimento. (Santo Hilário).

– Assim como a farinha seca, sem a água, não se pode amassar para fazer um só pão, também nós, que somos muitos, não podíamos transformar-nos num só Corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do Céu. E assim como a terra árida não dá fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, nunca daríamos frutos de vida sem a chuva da graça que desce do alto. O Espírito de Deus desceu sobre o Senhor como Espírito de sabedoria e de inteligência, Espírito de conselho e de fortaleza, Espírito de ciência e de piedade, Espírito do temor de Deus. E é este mesmo Espírito que o Senhor por sua vez deu à Igreja, enviando lá do Céu o Paráclito sobre toda a terra.(Santo Ireneu).

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Sobre o Espírito Santo – 2

– O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo; neles ora e dá testemunho da adopção filial. Com diversos dons hierárquicos e carismáticos dirige a Igreja e leva-a ao conhecimento da verdade total, unifica-a na comunhão e no ministério, e enriquece-a com os seus frutos.
Com a força do Evangelho faz rejuvenescer a Igreja, renova-a constantemente e leva-a à união perfeita com o seu Esposo. Além disso, o Espírito Santo não só santifica e dirige o povo de Deus por meio dos sacramentos e ministérios e o adorna com virtudes, mas distribuindo a cada um os seus dons como lhe apraz, concede também aos fiéis de todas as classes graças especiais, que os tornam aptos e disponíveis para assumir as diversas obras e missões úteis à renovação e maior incremento da Igreja, segundo aquelas palavras: A cada qual se concede a manifestação do Espírito em ordem ao bem comum. (Constituição dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II, sobre a Igreja).

– De facto, enquanto Cristo vivia visivelmente entre os seus fiéis, Ele mesmo, segundo julgo, lhes dispensava todos os bens. Mas quando chegou o momento estabelecido para subir ao Pai celeste, era necessário que Ele continuasse presente no meio dos seus fiéis por meio do Espírito e habitasse pela fé nos nossos corações, para que pudéssemos clamar com toda a confiança: «Abba, Pai», e nos tornássemos capazes de progredir velozmente no caminho da perfeição, superando com fortaleza invencível as ciladas do demónio e as perseguições dos homens, graças à assistência do Espírito omnipotente. (São Cirilo de Alexandria).

 

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A caminho do Pentecostes: o dom da Piedade

O dom da Piedade

É necessário esclarecer imediatamente que este dom não se identifica com a compaixão por alguém, a piedade pelo próximo, mas indica a nossa pertença a Deus e o nosso vínculo profundo com Ele, um elo que dá sentido a toda a nossa vida e que nos mantém firmes, em comunhão com Ele, até nos momentos mais difíceis e atormentados.

Este vínculo com o Senhor não deve ser entendido como um dever ou imposição. É uma ligação que vem de dentro. Trata-se de uma relação vivida com o coração: é a nossa amizade com Deus que nos foi concedida por Jesus, uma amizade que transforma a nossa vida e nos enche de entusiasmo e alegria. Por isso, o dom da piedade suscita em nós, antes de tudo, a gratidão e o louvor. Com efeito, este é o motivo e o sentido mais autêntico do nosso culto e da nossa adoração. Quando o Espírito Santo nos faz sentir a presença do Senhor e todo o seu amor por nós, aquece o nosso coração e leva-nos quase naturalmente à oração e à celebração. Portanto, piedade é sinónimo de espírito religioso genuíno, de confiança filial em Deus e da capacidade de lhe rezar com amor e simplicidade, que é própria das pessoas humildades de coração.

Se o dom da piedade nos faz crescer na relação e na comunhão com Deus, levando-nos a viver como seus filhos, ao mesmo tempo ajuda-nos a derramar este amor também sobre os outros e a reconhecê-los como irmãos.

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2014/documents/papa-francesco_20140604_udienza-generale.html

 

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Sobre o Espírito Santo – 1

– O Espírito tem um só e o mesmo modo de ser; mas, por vontade de Deus e pelos méritos de Cristo, produz efeitos diversos. Serve-se da língua de uns para comunicar o dom da sabedoria; ilumina a inteligência de outros com o dom da profecia. A este dá-lhe o poder de expulsar os demónios; àquele concede-lhe o dom de interpretar as divinas Escrituras. A uns fortalece-os na temperança, a outros ensina-lhes a misericórdia; a estes inspira a prática do jejum e os exercícios da vida ascética, e àqueles a sabedoria nas coisas temporais; a outros prepara-os para o martírio. Enfim, manifesta-Se de modo diferente em cada um, mas permanece sempre igual a Si mesmo, como está escrito: A cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum. (São Cirilo de Jerusalém).

– Por Ele os corações são elevados para o alto, os fracos são conduzidos pela mão, os que progridem na virtude chegam à perfeição. Ele ilumina os que foram purificados de toda a mancha e torna-os espirituais pela comunhão com Ele. E como os corpos límpidos e transparentes, sob a acção da luz, se tornam também eles extraordinariamente brilhantes e irradiam um novo fulgor, assim as almas que possuem o Espírito e por Ele são iluminadas se tornam também elas espirituais e irradiam sobre os outros a sua graça.
D’Ele procede a previsão do futuro, a inteligência dos mistérios, a compreensão das coisas ocultas, a distribuição dos carismas, a participação na vida do Céu, a companhia dos coros dos Anjos. D’Ele nos vem a alegria que não tem fim, a união constante e a semelhança com Deus; d’Ele procede, enfim, o bem mais sublime que se pode desejar: tornar-se o homem Deus.(São Basílio Magno).

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A caminho do Pentecostes: o dom da Ciência

O dom da Ciência

Quando se fala de ciência, o pensamento dirige-se imediatamente para a capacidade que o homem tem de conhecer cada vez melhor a realidade que o circunda e de descobrir as leis que regulam a natureza e o universo. Contudo, a ciência que deriva do Espírito Santo não se limita ao conhecimento humano: trata-se de um dom especial, que nos leva a entender, através da criação, a grandeza e o amor de Deus e a sua profunda relação com cada criatura.

Quando são iluminados pelo Espírito, os nossos olhos abrem-se à contemplação de Deus, na beleza da natureza e na grandiosidade do cosmos, levando-nos a descobrir como tudo nos fala d’Ele e do seu amor. Tudo isto suscita em nós um grandioso enlevo e um profundo sentido de gratidão: tudo aquilo que temos e somos é um dom inestimável de Deus e um sinal do seu amor infinito por nós.

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2014/documents/papa-francesco_20140521_udienza-generale.html

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A caminho do Pentecostes: o dom da Fortaleza

O dom da Fortaleza

Como o próprio Jesus explica aos discípulos na Parábola do Semeador, este semeador representa o Pai, que lança abundantemente a semente da sua Palavra. A semente, contudo, depara-se com a aridez do nosso coração e, mesmo quando é acolhida, corre o risco de permanecer estéril. Ao contrário, com o dom da fortaleza, o Espírito Santo liberta o terreno do nosso coração, liberta-o do torpor, das incertezas e de todos os temores que podem detê-lo, de modo que a Palavra do Senhor seja posta em prática, de forma autêntica e jubilosa. Este dom da fortaleza é uma verdadeira ajuda, dá-nos força, liberta-nos também de tantos impedimentos.

Há alguns momentos difíceis e situações extremas em que o dom da fortaleza se manifesta de forma extraordinária, exemplar. É o caso daqueles que devem enfrentar experiências particularmente difíceis e dolorosas, que transtornam a sua vida e a dos seus entes queridos.

A Igreja resplandece com o testemunho de muitos irmãos e irmãs que não hesitaram em oferecer a própria vida, para permanecer fiéis ao Senhor e ao Evangelho. Também hoje não faltam cristãos que em várias partes do mundo continuam a celebrar e a testemunhar a sua fé, com profunda convicção e serenidade, e resistem mesmo quando sabem que isso pode implicar um preço mais alto.

Todos nós conhecemos pessoas que viveram situações difíceis, muitas dores. Pensemos naqueles homens, naquelas mulheres, que enfrentam um vida difícil, lutam para sustentar a família, educar os filhos: fazem tudo isto porque há o espírito de fortaleza que os ajuda. Quantos homens e mulheres – nós não conhecemos os seus nomes – honram o nosso povo, honram a nossa Igreja, porque são fortes: fortes ao levar em frente a própria vida, a própria família, o seu trabalho, a sua fé. Estes nossos irmãos e irmãs são santos, santos no dia-a-dia, santos escondidos no meio de nós: têm precisamente o dom da fortaleza para cumprir o seu dever de pessoas, pais, mães, irmãos, irmãs, cidadãos. Temos muitos!

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2014/documents/papa-francesco_20140514_udienza-generale.html

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Dificuldades na oração: distracção, aridez e acédia

Hoje falaremos de três dificuldades que podemos enfrentar na oração: a distracção, a aridez e a acédia. A distracção nasce da dificuldade da mente humana permanecer por muito tempo num único pensamento: sempre nos acompanha um turbilhão de imagens e fantasias. O Evangelho indica-nos uma virtude capital na luta para manter a concentração e a atenção: a vigilância. Trata-se de reconhecer que não sabemos quanto tempo nos resta nesta vida e que cada instante é precioso e não deve ser dispersado com as distracções. Já a aridez, a perda do gosto pelas realidades espirituais, é um desafio que chama a viver somente da fé quando se está desprovido de consolações. Finalmente, a acédia ou preguiça espiritual é a tentação por excelência contra a oração. É uma espécie de depressão que nasce do relaxamento da ascese, muitas vezes alimentada pela presunção, e que pode levar à morte da alma. Tanto a aridez como a tentação da acédia combatem-se com a perseverança, sobretudo quando se atravessa o “vale da escuridão”, depositando diante de Deus, como Jó, as nossas dificuldades e amarguras, na certeza de que Ele, com amor de Pai, as acolherá como um verdadeiro acto de fé, como uma oração. (Papa Francisco, Resumo da Catequese da Audiência Geral, 19 de Maio, 2021).

CATEQUESE COMPLETA

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20210519_udienza-generale.html

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