– Ouçamos o que diz a palavra do Senhor sobre a acção do Espírito em nós: ”Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas agora não as podeis compreender. É melhor para vós que Eu vá; se Eu for, enviar-vos-ei o Paráclito”.
E noutro lugar: ”Eu pedirei ao Pai e Ele vos enviará outro Paráclito, para estar convosco eternamente, o Espírito da verdade. Ele vos ensinará toda a verdade, porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á as coisas que estão para vir. Ele Me glorificará, porque recebe do que é meu.”
Estas palavras, entre muitas outras, foram ditas para nos dar a conhecer a vontade d’Aquele que confere o Dom e a natureza e perfeição do mesmo Dom. Deste modo, já que a nossa debilidade não nos permite compreender nem o Pai nem o Filho, o Dom que é o Espírito Santo estabelece um certo contacto entre nós e Deus, para iluminar a nossa fé nas dificuldades relativas à Encarnação de Deus.
Recebemo-l’O, portanto, para compreender. Assim como o corpo natural do homem permaneceria inactivo se lhe faltassem os estímulos necessários para as suas funções assim também a alma humana, se não recebe pela fé o Dom que é o Espírito, tem certamente uma natureza capaz de conhecer a Deus, mas falta-lhe a luz para chegar a esse conhecimento. (Santo Hilário).
– Assim como a farinha seca, sem a água, não se pode amassar para fazer um só pão, também nós, que somos muitos, não podíamos transformar-nos num só Corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do Céu. E assim como a terra árida não dá fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, nunca daríamos frutos de vida sem a chuva da graça que desce do alto. O Espírito de Deus desceu sobre o Senhor como Espírito de sabedoria e de inteligência, Espírito de conselho e de fortaleza, Espírito de ciência e de piedade, Espírito do temor de Deus. E é este mesmo Espírito que o Senhor por sua vez deu à Igreja, enviando lá do Céu o Paráclito sobre toda a terra.(Santo Ireneu).