Quem é o profeta?

«Quem acolher um profeta por ser profeta, terá a recompensa do profeta» (Mt 10, 41). Quem é o profeta? Profeta, irmãos e irmãs, é cada um de nós: de facto, com o Baptismo, todos recebemos o dom e a missão da profecia (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1268). Profeta é aquele que, em virtude do Batismo, ajuda os outros a ler o presente sob a acção do Espírito Santo. Isto é muito importante: ler o presente não como uma crónica, mas sob a acção do Espírito Santo, que ajuda a compreender os projetos de Deus e a corresponder-lhes. Por outras palavras, o profeta é aquele que indica Jesus aos outros, que o testemunha, que ajuda a viver o hoje e a construir o amanhã segundo os seus desígnios. Por isso, todos nós somos profetas, testemunhas de Jesus «para que a força do Evangelho brilhe na vida quotidiana, familiar e social» (Lumen gentium, 35). O profeta é um sinal vivo que aponta Deus aos outros, o profeta é um reflexo da luz de Cristo no caminho dos irmãos.

Papa Francisco, Angelus, 2 de Julho, 2023

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Consagração ao Imaculado Coração de Maria

A vós, Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe,
ao vosso Coração Imaculado me consagro
em plena entrega de doação ao Senhor.
Tomai-me sob a vossa maternal proteção,
defendei-me dos perigos que me rodeiam.
Ajudai-me a vencer as tentações
que me solicitam para o mal.
Ajudai-me a conservar a pureza do meu corpo,
do meu espírito e do meu coração.
Levai-me a Jesus, Vosso Filho e Filho de Deus,
para unida a Ele, ser oferecida ao Pai sobre o altar,
pequenina Hóstia de amor,
para eterno louvor da Santíssima Trindade,
a Quem adoro e amo.
Acredito no Seu amor e espero, na Sua misericórdia,
cantar contigo, ó Maria – para sempre –
o louvor da Sua Glória.

Venerável Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, 29 de Outubro, 1986

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Não ficar a remoer as faltas

Quando o Irmão Lourenço cometia alguma falta, confessava a sua culpa e dizia a Deus: “não faria outra coisa se Tu me deixasses; depende de Ti evitar que caia e corrigir o que está mal.” Depois disso não se preocupava mais com a sua falta.

Frei Lourenço da Ressurreição

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Solenidade de São Pedro e São Paulo

Pedro e Paulo, dois Apóstolos enamorados do Senhor, duas colunas da fé da Igreja… E enquanto contemplamos a sua vida, o Evangelho de hoje coloca diante de nós a pergunta que Jesus dirige aos seus: «Vós, quem dizeis que Eu sou?» (Mt 16, 15). Esta é a pergunta fundamental, a mais importante: Quem é Jesus para mim? Quem é Jesus na minha vida? Vejamos como os dois Apóstolos responderam a esta pergunta.

A resposta de Pedro poder-se-ia resumir numa palavra: seguimento. Pedro vive os seus dias no seguimento do Senhor. Naquele dia, quando Jesus interpelou os discípulos em Cesareia de Filipe, Pedro respondeu com uma estupenda profissão de fé: «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo» (Mt 16, 16). Uma resposta impecável, precisa, pontual! Poderíamos falar duma resposta «de catecismo» perfeita. Mas tal resposta é fruto dum caminho: só depois de ter vivido a fascinante aventura de seguir o Senhor, só depois de ter caminhado com Ele, seguindo os seus passos durante muito tempo, é que Pedro chegou àquela maturidade espiritual que, por graça, por pura graça, o leva a tão clara profissão de fé.

Assim Pedro diz-nos que, à pergunta «quem é Jesus para mim», não basta responder com uma fórmula doutrinal impecável nem mesmo com uma ideia que formamos duma vez por todas. Não. Mas é perseverando todos os dias no seguimento do Senhor que aprendemos a conhecê-Lo; é fazendo-nos seus discípulos e acolhendo a sua Palavra que nos tornamos seus amigos e experimentamos o amor d’Ele que nos transforma.

Consideremos agora o Apóstolo dos gentios. Se a resposta de Pedro consistia no seguimento, a de Paulo é o anúncio, o anúncio do Evangelho. Também para ele, tudo começou por graça, por iniciativa do Senhor. No caminho de Damasco, enquanto se empenhava com orgulho na perseguição dos cristãos, entrincheirado nas suas convicções religiosas, veio ao seu encontro Jesus ressuscitado e cegou-o com a sua luz, ou melhor, graças àquela luz, Saulo deu-se conta de quanto era cego. Fechado no orgulho da sua rígida observância, descobre em Jesus a realização do mistério da salvação. E desde então, comparando-as com a sublimidade do conhecimento de Cristo, considera todas as suas seguranças humanas e religiosas como «esterco» (Flp 3, 8). Assim Paulo consagra a sua vida a percorrer terra e mar, cidades e aldeias, não se importando de padecer carências e perseguições, contanto que possa anunciar Jesus Cristo. Por outro lado, quase parece que ele, quanto mais anuncia o Evangelho, tanto mais conhece Jesus. O anúncio da Palavra aos outros permite-lhe, a ele também, penetrar nas profundezas do mistério de Deus; a ele, Paulo, que escreveu «ai de mim se eu não evangelizar» (1 Cor 9, 16); a ele que confessa, «para mim, viver é Cristo» (Flp 1, 21).

Portanto Paulo diz-nos que, à pergunta «quem é Jesus para mim», não se responde com uma religiosidade intimista, que nos deixa tranquilos sem fomentar em nós a inquietação de levar o Evangelho aos outros. O Apóstolo ensina que tanto mais crescemos na fé e no conhecimento do mistério de Cristo, quanto mais formos seus arautos e testemunhas. E isto acontece sempre: quando evangelizamos, ficamos evangelizados. É experiência de todos os dias: quando evangelizamos, ficamos evangelizados.

Papa Francisco, Homilia da Solenidade de São Pedro e São Paulo, 29 de Junho, 2023

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O que devemos temer

Parece paradoxal: o anúncio do Reino de Deus é uma mensagem de paz e de justiça, fundada na caridade fraterna e no perdão e, no entanto, encontra oposições, violências e perseguições. Jesus, porém, diz para não temermos: não porque no mundo tudo correrá bem, não, mas porque para o Pai somos preciosos e nada do que é bom se perderá. Por isso, diz-nos para não deixarmos que o medo nos detenha, mas para temermos outra coisa, apenas uma coisa. O que nos diz Jesus que devemos temer?

Descobrimo-lo através de uma imagem que Jesus utiliza hoje: a imagem de “Geena” (cf. v. 28). O vale de “Geena” era um lugar que os habitantes de Jerusalém conheciam bem: era o grande depósito de lixo da cidade. Jesus fala dele para dizer que o verdadeiro medo que se deve ter é o de deitar fora a própria vida. Jesus diz: «Sim, temei isto». Como se dissesse: não é tanto ter medo de sofrer incompreensões e críticas, de perder o prestígio e as vantagens económicas para permanecer fiel ao Evangelho, mas de desperdiçar a existência perseguindo coisas banais, que não enchem a vida de sentido.

Papa Francisco, Angelus, 25 de Junho, 2023

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Não temais…

É muito conhecido este pequeno poema /oração de Santa Teresa de Jesus:  “Nada te perturbe / nada te espante, / tudo passa, / Deus não muda, / a paciência tudo alcança, / quem a Deus tem, / nada lhe falta. / Só Deus basta”. Nesta oração, Teresa de Ávila fala sobretudo de si e a si, e fala-nos também a nós, transmitindo-nos um ensinamento.

Quando começaram as suas experiências místicas e os seus confessores lhe diziam que eram obra do demónio, sentiu no seu interior uma voz: “Não tenhas medo, filha, que Eu sou e não te desampararei; não temas. (…) Eis-me aqui somente com estas palavras sossegada, com fortaleza, com ânimo, com segurança(…) Oh, que bom Deus! (…) Não só dá o conselho, mas também o remédio” (Vida 25, 18-19). Esta voz foi suficiente para a pacificar e dar-lhe fortaleza sobre-humana.

Jesus fala a Teresa como falou aos seus discípulos depois da ressurreição, como Deus se manifestou tantas vezes aos que escolheu no passado: “Coragem, sou Eu, não tenhais medo”. Teresa sabe que “as suas palavras são obras” (Vida 25, 19), “A Vossa palavra não pode falhar” (CV 27, 2). Deste modo, quando Jesus diz a Teresa: “Não tenhas medo”, todos os temores desaparecem dela e toda ela fica renovada.

Mas é necessário recordar as palavras de Jesus em cada momento. Ela dizia frequentemente a si mesma: “Teresa, que nada TE perturbe, que nada TE espante… Só Deus TE basta”. Cada vez que tinha uma contradição, repetia-o interiormente e encontrava força neste convencimento, que aprendeu de São Paulo: “Se Deus está por nós, quem estará contra nós?” (Rm 8, 31).

Também eu posso dizer: “Que nada ME perturbe, que nada ME espante… Só Deus ME basta. Ele é o MEU amigo verdadeiro. Ponho nele toda a MINHA confiança, porque sei que nunca ME faltará”.

“Levantem-se contra mim todos os letrados, persigam-me todas as coisas criadas, atormentem-me os demónios, mas não me falteis vós, Senhor, que já tenho experiência do ganho que cumulais a quem só em vós confia” (Vida 25,17).

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A prática da presença de Deus

A prática mais santa e mais necessária na vida espiritual é a presença de Deus, que consiste em admitir e acostumar-se à Sua companhia divina, falando humildemente e tratando carinhosamente com Ele [Jesus] a todo o momento, sem regras, sem medida; especialmente nos tempos de tentações, tristezas, securas, desgosto, e inclusivamente infidelidades e pecados.

Frei Lourenço da Ressurreição 

Oração

Jesus, estar contigo, estar sempre contigo, nunca deixar de procurar a Tua presença, eis o caminho da santidade. É esse o Teu desejo e é esse também o anseio mais profundo da minha alma, ter intimidade contigo. Por vezes parece-me difícil e não sei como fazê-lo… Mas afinal Senhor, tornas tudo tão simples: é apenas procurar-Te e falar de tudo abertamente contigo, o melhor dos amigos, com confiança, carinho e humildade. Posso fazê-lo sempre, a qualquer momento, nas horas reservadas para a oração, e no resto do dia que também se torna oração cada vez que me lembro de Ti. Não preciso de colocar nenhuma máscara, contigo posso ser sempre eu, aquele que criaste e que amas infinitamente. Que ao longo deste dia, seja o que for que eu esteja a fazer, que eu saiba voltar o meu pensamento para Ti e desfrutar da Tua Presença em mim. Que assim seja.

 

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11º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Hoje, no Evangelho, Jesus chama os doze Apóstolos pelo nome e envia-os. Ao enviá-los, pede-lhes que anunciem uma só coisa: “Ide e proclamai que o Reino dos Céus está próximo” (Mt 10, 7). É o mesmo anúncio com que Jesus iniciou a sua pregação: o Reino de Deus, quer dizer o seu senhorio de amor, tornou-se próximo, vem até nós. Esta não é uma notícia mais entre tantas, mas a realidade fundamental da vida: a proximidade de Deus, a proximidade de Jesus.

Isto é o primeiro que temos de dizer às pessoas: Deus não está longe, é Pai, que te conhece e te ama, que te toma pela mão  mesmo quando os caminhos são difíceis e também quando cais e te custa a levantar e a retomar o caminho; Ele, o Senhor, está aí, contigo, Ele conhece o caminho, Ele está contigo, ele é teu Pai, meu Pai e nosso Pai! A proximidade de Deus ajuda-nos a vencer o medo, a abrir-nos ao amor a crescer no bem e a sentir a necessidade e a alegria de anunciar.

Como fazer para anunciar que Deus está próximo? No Evangelho Jesus aconselha a não dizer muitas palavras, mas a realizar muitos gestos de amor e de esperança no nome do Senhor: “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça” (Mt 10, 8). Este é o coração do anúncio: o testemunho gratuito, o serviço. Digo-vos uma coisa: deixam-me perplexos os “palradores” com o seu muito falar e nada fazer.

Acreditamos na proximidade de Deus e confiamos n’Ele? Sabemos olhar para diante com confiança, como uma criança que sabe que é levada nos braços do pai? Sabemos sentar-nos no colo do Pai com a oração, com a escuta da Palavra, aproximando-nos dos Sacramentos? Sabemos infundir coragem aos outros e tornamo-nos próximos de quem sofre e está só, de quem está longe e também de quem é hostil para connosco? Esta é a concretização da fé, isto é o que conta.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 18 de Junho, 2023

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Ladainha de Nossa Senhora do Carmo

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus Pai dos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Santa Maria, rogai por nós.
Mestra da vida interior, rogai por nós.
Caminho seguro na noite escura, rogai por nós.
Virgem da fé, rogai por nós.
Virgem do Caminho de Perfeição, rogai por nós.
Virgem fiel, rogai por nós.
Virgem que sabe ouvir, rogai por nós.
Mãe das Fundações, rogai por nós.
Mãe do abandono perfeito, rogai por nós.
Mãe da Pequena Via, rogai por nós.
Mãe da caridade, rogai por nós.
Mãe da humildade, rogai por nós.
Senhora das Moradas eternas, rogai por nós.
Senhora do “SIM”, rogai por nós.
Senhora do Monte Carmelo, rogai por nós.
Fiel esposa de José, rogai por nós.
Esposa da Viva Chama de Amor, rogai por nós.
Perfeita esposa do Cântico Espiritual, rogai por nós.
Estrela do Carmelo, rogai por nós.
Flor do Carmelo, rogai por nós.
Formosura do Carmelo, rogai por nós.
Nossa Senhora da Subida do Monte Carmelo, rogai por nós.
Modelo de oração, rogai por nós.
Modelo de vida interior, rogai por nós.
Caminho que leva a Deus, rogai por nós.
Alma enamorada de Deus, rogai por nós.
Auxílio dos Carmelitas, rogai por nós.
Serva do Senhor, rogai por nós.
Sublime filha de Sião, rogai por nós.
Esperança dos Carmelitas, rogai por nós.
Rainha do silêncio, rogai por nós.
Rainha do Castelo Interior, rogai por nós.
Rainha do Carmelo, rogai por nós.

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

V. Rogai por nós, Rainha e Formosura do Carmelo.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Venha em nossa ajuda, Senhor, a poderosa intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo, para que, protegidos pelo seu auxílio, cheguemos ao verdadeiro monte da salvação, Jesus Cristo Nosso Senhor, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amen.

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Santa Teresinha ensina-nos a ser missionários

Irmãos e irmãs, eis o poder de intercessão movido pela caridade, eis o motor da missão. Com efeito os missionários, dos quais Teresa é padroeira, não são apenas aqueles que vão longe, aprendem novas línguas, fazem boas obras e são bons anunciadores; não, missionário é também todo aquele que vive, onde está, como instrumento do amor de Deus; que faz tudo para que, através do seu testemunho, da sua oração, da sua intercessão, Jesus passe. Este é o zelo apostólico que, recordemos sempre, nunca se realiza por proselitismo – nunca! – ou por constrição – nunca –  mas por atração: a fé nasce por atração,  não nos tornamos  cristãos por sermos forçados por alguém, não, mas por sermos tocados pelo amor. A Igreja, perante tantos meios, métodos e estruturas, que por vezes desviam do essencial, precisa de corações como o de Teresa, corações que atraem pelo amor e nos aproximam de Deus.

Papa Francisco, Audiência geral, 7 de Junho, 2023

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