2º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

001004

A Bíblia e o Rosário

Olha bem o símbolo da Bíblia e do Rosário. A Bíblia é o livro de Deus que nos abre os olhos e nos faz ver. Ela é a Palavra escrita de Deus que nos ajuda a descobrir a Palavra viva de Deus na vida, na história e na beleza da criação. Ela nos faz saber que a Palavra de Deus enche a vastidão da terra (Sb 1,7; 8,1). O Papa João XXIII dizia: “O Rosário é a Bíblia dos Pobres”, pois nos leva a meditar os mistérios da vida de Jesus ao longo das suas dezenas.

A Palavra de Deus na Bíblia vale não só pelo ensinamento que nos oferece, mas também e, sobretudo, pela presença do próprio Deus Pai que nela se dirige a nós. Quando alguém te diz: “Eu amo-te”, esta palavra vale não só pelo conteúdo que ela te comunica, mas também e, sobretudo, pela pessoa que a pronuncia. Não é assim? Ora, a palavra da Bíblia é pronunciada por um Pai amoroso que nos ama muito. Esta dimensão pessoal da Palavra de Deus é muito importante e deve ser cultivada por nós Carmelitas. A Palavra de Deus dirige-se não só à cabeça, ela fala também ao coração. “Faz arder o coração” (Lc 24,32).

Situando o segundo dia no conjunto da novena

Neste segundo dia da novena a ênfase cai no desejo de conhecer melhor quem é Jesus para nós e na meditação constante da Palavra de Deus. A Palavra de Deus, que criou o universo e orientou o povo hebreu ao longo da história, chegou perto de nós em Jesus, nosso irmão (Jo 1,14). Jesus deixou a Palavra de Deus tomar conta da sua vida e, por isso, a sua vida é a melhor chave para entendermos a mensagem da Bíblia. Por isso mesmo, é bom, desde este segundo dia, criar o costume de, todos os dias, fazer uma breve leitura da Palavra de Deus, nem que seja de poucos versículos, repetidos de memória durante o dia.

A oração do Terço é uma forma simples e popular de Leitura Orante da Palavra de Deus. A sua oração leva a um confronto com os mistérios principais da vida de Jesus: gozosos, dolorosos e gloriosos, e agora também os luminosos. Maria, a Mãe de Jesus, ajudar-nos-á a encarnar e a assimilar a vida de Jesus na nossa vida.

O objectivo a ser alcançado neste segundo dia

– Esforçar-nos para conhecer melhor a vida de Jesus através da leitura dos Evangelhos e da oração do Terço.

– Começar a ler a Bíblia, sobretudo os Evangelhos, com maior frequência e cultivar a dimensão pessoal da Palavra de Deus.

Atitude orante a ser cultivada no segundo dia da novena

Exercitar-se para meditar os mistérios da vida de Jesus e de Maria, sua Mãe, através da leitura dos Evangelhos e da reza do Terço. Durante o dia, seja no autocarro ou andando na rua, seja durante o trabalho, em casa ou no emprego, rezar de memória uma dezena do Terço, meditando um dos mistérios da vida de Jesus.

Padroeira: Santa Teresinha, que gostava de meditar os quatro Evangelhos

Nasceu em 1873 na França, como última de nove filhos. Perdeu a mãe aos 5 anos. Foi criada por uma tia e pelas duas irmãs mais velhas. A morte da mãe e a ida das duas irmãs mais velhas para o Carmelo afectaram profundamente a pequena Teresa. Chorava muito, vivia isolada dentro do pequeno mundo da família e tinha dificuldade em abrir-se na direcção espiritual. Mas possuía uma vontade de ferro.

Aos 15 anos entrou no Carmelo. Queria ser santa a todo o custo. Mas aos poucos, diante das suas limitações e defeitos, ela foi-se dando conta de ser incapaz de conseguir a santidade. Ela descobriu que não é o nosso esforço que nos leva para perto de Deus, mas sim a bondade acolhedora de Deus que nos atrai e que, sem mérito algum nosso, nos abraça e santifica. A experiência da bondade do seu próprio pai ajudou-a a superar a imagem de Deus como juiz severo que condena e castiga. Teresinha foi amadurecendo ao longo dos poucos anos da sua vida, descobrindo que, diante de Deus, estamos sempre de mãos vazias. Ela dizia: “Senhor, Tu sabes que só tenho o dia de hoje para te amar”.

Os Evangelhos eram o seu livro de cabeceira. Neles encontrava sempre um consolo e uma orientação segura, mesmo no maior abandono. Foi na meditação dos Evangelhos que ela descobriu o seu “pequeno caminho” para chegar até Deus.

Havia momentos em que ela sentia Deus tão perto que parecia poder tocá-lo. Mas nos últimos 18 meses da sua vida Teresa viveu na escuridão total. Era como se Deus já não existisse; como se já não houvesse mais céu e que tudo fosse ilusão e puro engano. Foi uma provação terrível! Ela viveu o ateísmo de verdade. Mas maior que a noite escura era a sua fé na bondade de Deus, Pai que acolhe a sua filha.

Uma tuberculose dolorosa de longos meses levou-a à morte aos 24 anos de idade, no dia 1 de Outubro de 1897, aniversário da aprovação da Regra do Carmo. A sua vida foi tudo, menos um mar de rosas.

Abrir

1º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

0010101

O escapulário

No século XII, época da origem da Família Carmelita, havia muitos escapulários. Um deles era o escapulário do Carmo. O escapulário era uma espécie de manto ou avental, sinal de serviço. Era usado pelos camponeses de um determinado lugar ou fazenda, para expressar a sua pertença à família do dono daquele lugar. A veste do escapulário era um sinal visível da família, a que eles estavam ligados ou agregados. Conferia identidade às pessoas e integrava-as num determinado grupo social ou comunidade.

O escapulário era expressão da garantia de protecção que os camponeses recebiam do dono do lugar (feudo ou fazenda) e da sua esposa, chamada a “Senhora do Lugar”. Era expressão também do obséquio ou serviço que eles deviam prestar ao fazendeiro e à “Senhora do Lugar”.

Os primeiros Carmelitas, porém, abandonaram o seu feudo na Europa e foram para a Terra de Jesus, para o Monte Carmelo. Queriam viver em obséquio de outro dono, Jesus; e de outra Senhora do Lugar, Maria, a Mãe de Jesus. O escapulário do Carmo é a expressão visível deste novo modo de viver o Evangelho. Manto de protecção e de compromisso.

O símbolo do escapulário acentua os dois aspectos fundamentais da vida Carmelita: a nossa devoção para com Maria, a Mãe de Jesus, e a protecção da parte dela para connosco.

Situando o primeiro dia no conjunto da novena

Neste primeiro dia da novena a ênfase cai no acompanhamento que Nossa Senhora nos vai dar. Ela é a irmã e a educadora que nos acompanhará nesta novena, desde o primeiro dia até o fim, para que possamos chegar à maturidade da fé (Ef 4,13). Maria soube escutar e cultivar a vontade de Deus (Lc 11,27-28; Lc 1,38; Mc 3,31-35; Jo 2,5; 19,25-27) e fazer da sua vida um serviço a Deus e aos irmãos e irmãs. Desde este primeiro dia, assumimos o mesmo compromisso que Maria assumiu de escutar e de cultivar sempre em nós a vontade de Deus: “Eis aqui a Serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua Palavra!”.

O que Nossa Senhora nos tem a dizer é, sobretudo, aquilo que o próprio Jesus disse a respeito dela: “Feliz de quem ouve a palavra de Deus e a põe em prática” (Lc 11,27-28): ouvir a Palavra de Deus e colocá-la em prática!

O objectivo a ser alcançado no primeiro dia da novena

– Viver a protecção de Maria para connosco e levar a sério o nosso compromisso com Maria, a Mãe de Jesus.

– Criar em nós o firme propósito de escutar sempre o que Deus nos tem a dizer e de cultivar em tudo a sua vontade.

Atitude orante a ser cultivada no primeiro dia da novena

Começar e permanecer, desde agora, uns cinco a sete minutos em silêncio total diante de Deus, sem fazer nada, sem dizer nada, dizendo apenas: “Senhor, estou aqui às tuas ordens, ao teu serviço!”.

Padroeiro: Beato Isidoro Bakanja, o mártir do escapulário

Isidoro Bakanja nasceu em torno de 1885, no antigo Congo Belga, África. Converteu-se ao Cristianismo em 1906. No dia 6 de Maio de 1906, aos 21 anos de idade, foi baptizado, sendo o primeiro cristão da sua região. No baptismo, recebeu de presente um Rosário e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo, que nunca mais deixou de usar. Chamavam-no de o “leigo do escapulário”.

Isidoro trabalhava na plantação de um colonizador belga, ateu, que não gostava de africanos convertidos. Dizia que rezavam demais e que perdiam tempo. A raiva do patrão foi crescendo e mandou que Isidoro lançasse fora o escapulário. Isidoro recusou. Por isso foi chicoteado até ao ponto de as suas costas se transformarem numa chaga viva. A ferida infeccionou e, ao longo de seis meses, Isidoro viveu um verdadeiro calvário de sofrimentos. Morreu com o Rosário nas mãos e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo no seu pescoço, dia 15 de Agosto de 1909. Perdoou ao seu algoz e prometeu rezar por ele quando ingressasse no céu. O Papa João Paulo II beatificou-o em 1994 e chamou-o de “mártir do escapulário”.

Abrir

Deus não se cansa de perdoar

SONY DSC

Quando reconheço ter caído nalguma falta, concordo que fiz mal e digo: “é o meu natural, só isto é que sei fazer”; se não faltei em nada, dou graças a Deus e confesso que foi porque Ele me ajudou.

Frei Lourenço da Ressurreição

Abrir

Mesmo miseráveis, somos sempre acolhidos por Jesus

Sacred-Heart

Não é para o primeiro lugar, mas para o último que eu corro. Em vez de avançar como o fariseu, repito, cheia de confiança, a oração do publicano. Imito, sobretudo, a conduta da Madalena; a sua surpreendente, ou melhor, a sua amorosa audácia, que encanta o Coração de Jesus, seduz o meu. Sim, estou certa de que mesmo que tivesse na minha consciência todos os pecados que se possam cometer, eu iria com o coração despedaçado de arrependimento lançar-me nos braços de Jesus, pois sei quanto ama o filho pródigo que para Ele volta.

Santa Teresinha do Menino Jesus

Abrir

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – Ano A

22979110

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 6, 51-58)

«Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.» Então, os judeus, exaltados, puseram-se a discutir entre si, dizendo: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?!» Disse-lhes Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia, porque a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue, uma verdadeira bebida. Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e Eu vivo pelo Pai, também quem de verdade me come viverá por mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os antepassados comeram, pois eles morreram; quem come mesmo deste pão viverá eternamente.»

Pensamentos sobre a Eucaristia

– Santo Agostinho ajuda-nos a compreender a dinâmica da comunhão eucarística, quando faz referência a uma espécie de visão que teve, na qual Jesus lhe disse: «Eu sou o alimento dos fortes. Cresce e receber-me-ás. Tu não me transformarás em ti, como o alimento do corpo, mas és tu que serás transformado em mim» (Confissões VII, 10, 18). Portanto, enquanto o alimento corporal é assimilado pelo nosso organismo e contribui para o seu sustento, no caso da Eucaristia trata-se de um Pão diferente: não somos nós que o assimilamos, mas é ele que nos assimila a si, de tal modo que nos tornamos conformes com Jesus Cristo, membros do seu corpo, um só com Ele. Esta passagem é decisiva. Com efeito, precisamente porque é Cristo que, na comunhão eucarística, nos transforma em si, neste encontro a nossa individualidade é aberta, libertada do seu egocentrismo e inserida na Pessoa de Jesus, que por sua vez está imersa na comunhão trinitária. Assim a Eucaristia, enquanto nos une a Cristo, abre-nos também aos outros, tornando-nos membros uns dos outros: já não estamos divididos, mas somos um só nele. A comunhão eucarística une-me à pessoa que está ao meu lado e com a qual, talvez, eu nem sequer tenho um bom relacionamento, mas também aos irmãos distantes, em todas as regiões do mundo (Bento XVI).

– Eucaristia, amor dos amores (São Bernardo).

– A Eucaristia não é só garantia do amor de Jesus Cristo, mas é também garantia do paraíso que Ele nos quer dar (Santo Afonso de Ligório).

– Jesus Cristo quer de tal modo unir-se connosco, pelo amor ardente que nos tem, que nos tornemos uma só coisa com Ele na Eucaristia (São João Crisóstomo).

– O dar-se Jesus Cristo a nós como alimento foi o último grau de amor. Deu-se a nós para unir-se totalmente connosco como se une o alimento diário com quem o toma (São Bernardino de Sena).

– Remédio pelo qual somos livres das falhas quotidianas e preservados dos pecados mortais (Concílio de Trento).

– Por meio deste sacramento, o homem é estimulado a fazer actos de amor e por eles se apagam os pecados veniais. Somos preservados dos pecados mortais, porque a comunhão confere o aumento da graça que nos preserva das culpas graves (São Tomás de Aquino).

Jesus Cristo com sua Paixão nos livrou do poder do pecado, mas com a Eucaristia nos livra do poder de pecar (Inocêncio III).

– Duas espécies de pessoas devem comungar com frequência: os perfeitos, para se conservarem na perfeição, e os imperfeitos, para chegarem à perfeição (São Francisco de Sales).

– Depois de morrer consumido de dores sobre um madeiro destinado aos maiores criminosos, Vos colocastes sob as aparências do pão, para Vos fazerdes nosso alimento e assim, unir-vos todo a cada um de nós. Dizei-me: que mais podíeis inventar para Vos fazer amar? (Santo Afonso de Ligório).

– Neste dom da Eucaristia, Cristo quis derramar todas as riquezas do amor que reservava para os homens (Concílio de Trento).

– A Eucaristia não é coisa que se possa descobrir com os sentidos, mas só com a fé, baseada na autoridade de Deus (São Tomás de Aquino).

– Não ponhas em dúvida se é ou não verdade, mas aceita com fé as palavras do Salvador; sendo Ele a Verdade, não mente (São Cirilo).

– Vós, Jesus, partindo deste mundo, o que nos deixastes em memória de vosso amor? Não uma veste, um anel, mas o vosso corpo, o vosso sangue, a vossa alma, a vossa divindade, vós mesmo, todo, sem reservas (Santo Afonso de Ligório).

– Este pão é Jesus. Alimentar-nos dele significa receber a própria vida de Deus, abrindo-nos à lógica do amor e da partilha (São João Paulo II).

– A Eucaristia é o nosso tesouro mais precioso. Ela é o sacramento por excelência; introduz-nos antecipadamente na vida eterna; contém em si todo o mistério da nossa salvação; é a fonte e o ápice da acção e da vida da Igreja (Bento XVI).

– Esse mesmo pão eucarístico, oferecido um dia por nós, é entregue sem interrupção para que os homens, separados uns dos outros outrora mas chamados de novo muitas vezes à unidade, em si descubram novo amor para com Deus e entre si novo vínculo de fraternal amizade (São João Paulo II).

Abrir

Estás na presença de Deus

prayer4

[Devemos procurar] fazer a nossa oração com fé e atenção, evitando, quanto nos seja possível, as distracções; com respeito, dando-nos conta de que estamos a falar com Deus; fazê-la com confiança e amor, porque estamos a tratar com Aquele que sabemos que nos ama e quer ajudar a nossa fraqueza, como um pai que dá a mão ao filho pequenino, para o ajudar a caminhar.

Serva de Deus Irmã Lúcia de Jesus

Abrir

Domingo da Ascensão do Senhor – Ano A

ascension

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 28, 16-20)

Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando o viram, adoraram-no; alguns, no entanto, ainda duvidavam. Aproximando-se deles, Jesus disse-lhes: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.»

Recomeçar da Galileia

Os discípulos partem para a Galileia, o lugar do encontro e do enamoramento onde tudo tinha começado: ali eles tinham lido no olhar de Jesus as rotas da plenitude e, deixando tudo, seguiram-No. Agora, Jesus fixa novo encontro neste lugar da vida e do amor primeiro, e não em Jerusalém onde o sonho parecia ter terminado. Ele bem sabe que as dúvidas e os medos daqueles homens com o coração amargurado são também as nossas. Por isso, mesmo no lugar mais distante, Deus continua a tocar apaixonadamente as periferias da nossa vida. E, se Jesus regressa ao Pai, leva todavia consigo a cor da nossa terra, as feridas contraídas por amor nas mãos, nos pés e no coração, o sabor dos nossos beijos, os de afecto e os de traição, o desejo ardente de estar sempre connosco… por isso Ele faz entrar na casa do Pai a nossa humanidade!

Jesus não partiu para uma região geográfica desconhecida, mas foi para o mais profundo do nosso coração, aquele lugar que nos leva a sair da nossa prisão egoística, rumo àquele amor que abraça o universo.

Ide, ensinai, baptizai… todas as nações”

Imaginemos a cara dos discípulos diante da imensa surpresa da missão. Apesar das suas fragilidades e contradições, Jesus oferece-lhes uma confiança nova, intacta e envia-os pelos caminhos da vida e da humanidade, até às fronteiras mais distantes da terra. O milagre do Evangelho é, então, prodigamente semeado nas sílabas da voz humana e nas frágeis mãos de cada pessoa.

Ainda hoje Deus convida a ir, a sair, a mergulhar na vida e no amor, sem que a nossa fragilidade O detenha. Ele sabe que a sua palavra é semente nova na nossa terra árida, fermento capaz de se deixar activar pelo Espírito.

Sim, ir e sair pois só saindo encontraremos a vida que nos precede! Só mergulhando descobriremos o oceano de amor! Só caminhando alcançaremos a terra prometida e o irmão, o lugar onde Deus se pode encontrar.

Eu estou sempre convosco”

No fim do Evangelho descobrimos que a promessa inicial de Deus – ser o Emanuel, o Deus connosco – se mantém. Ele não se satisfaz com visitas fortuitas, mas promete estar presente todos os dias, dia após dia, de luz e de trevas, de presença e de silêncio. Jesus não assegura coisas, riquezas, comodismos; afiança antes uma relação e uma companhia: Eu estou sempre convosco! Nunca mais estaremos sós. Nunca mais um Deus distante, separado, esquecido no alto dos céus, mas sim amassado com a humanidade. Céu e terra reproduzidos, multiplicados e engendrados juntos.

Desta união, o homem sairá recoberto de céu, porque o Filho se revestiu da humanidade. Em Jesus as realidades celestes beijaram a terra e as terrestres foram elevadas à intimidade de Deus. Maravilhosa missão que nos é confiada: criar laços com a eternidade, enamorar-se do céu, ser escada do paraíso, anunciar uma verticalidade de esperança aos caídos na fragilidade. A missão é salvar um pedaço do céu na nossa vida e fazer nascer uma semente de éden no coração da humanidade.

Ainda hoje, Deus mete os seus passos nas nossas pegadas. Basta subir e descer a humanidade de Cristo para encontrar a bênção de Deus. E isso é Evangelho!

Abrir

Confiança no Pai

pai-guiando-filho

Eu vejo que Deus, como bom Pai, me leva pela mão e conduz para onde Ele quer. E por isso, irei onde não sei e caminharei por onde não quero. Deus sabe como estou disposto a servir a Sua Igreja e que em assuntos da Sua glória vejo tudo claro e fácil. Ele sabe como tenho em pouco a minha vida e o meu descanso e como estou desprendido de todo o consolo humano e celestial. E, porque Deus conhece nisto a minha generosidade, não me abandonará, mas guiar-me-á por onde Lhe aprouver. Eu ando seguro, confiado nos cuidados da sua paternal solicitude.

Beato Francisco Palau

Abrir