São José operário – 1 de Maio

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Santa Teresa de Jesus: “Quisera eu persuadir a todos a serem devotos deste glorioso Santo [S. José], pela grande experiência que tenho dos bens que alcança de Deus. Não tenho conhecido pessoa que deveras lhe seja devota e lhe presta particulares obséquios, que a não veja mais aproveitada na virtude; porque aproveita de grande modo às almas que a ele se encomendam. Parece-me que há alguns anos que, cada ano no seu dia, lhe peço uma coisa e sempre a vejo realizada; se a petição vai algo torcida ele a endireita para maior bem meu”. 

São João Paulo II: “São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo”.

Papa Emérito Bento XVI: “O exemplo de São José é para todos nós um forte convite a desempenhar com fidelidade, simplicidade e humildade a tarefa que a Providência nos destinou”.

Papa Francisco: “S. José é «guardião», porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas”.

A Palavra de Deus: “Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeita-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de David, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1, 18-21).

Papa Francisco: “São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor”.

Oração a São José

São José, homem do silêncio, da oração e da escuta da Palavra de Deus; homem do trabalho e da família; homem simples e humilde. Pedimos-te por todas as nossas famílias e, especialmente, por todos os Pais. Ajuda-os a imitar-Te na escuta e na obediência a Deus. Ampara e assiste os que mais sofrem. Protege todos aqueles que não têm trabalho e que não conseguem sustentar dignamente os seus lares. Àqueles que abandonam os filhos e a família, seguindo caminhos de destruição e vício, ilumina-os para que possam voltar ao aconchego do lar assumindo dignamente a sua paternidade. A todos os que sofrem por causa dos filhos perdidos, em caminhos sem sentido e de morte, dá-lhes a força do Pai Pródigo que aguarda e espera o seu regresso. Ampara e socorre todas as famílias, para que em todas haja trabalho digno, casa e pão, harmonia e educação, alegria e paz, a exemplo da tua família de Nazaré.

Amável São José, que nunca em vão invocamos, tu cujo crédito é tão poderoso junto de Deus que até se pode dizer: «No Céu, São José manda mais do que suplica», reza por nós a Jesus, reza por nós a Maria. Amen.

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Jamais alguém imaginou o que Deus preparou para nós

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Quando o véu cair, com que felicidade me hei-de derramar até ao mais secreto da sua Face, e é lá que hei-de passar a minha eternidade, no seio desta Trindade que foi já minha morada aqui em baixo. Imagina, minha Guida! Contemplar na Sua própria luz os esplendores do Ser divino, perscrutar todas as profundidades do seu mistério, estar fundida com Aquele que se ama, cantar sem repouso a Sua glória e o seu amor, ser a Ele semelhante, porque se vê tal qual Ele é!…

Santa Isabel da Trindade

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4º Domingo da Páscoa – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 10, 11-18)

«Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. O mercenário, e o que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo e abandona as ovelhas e foge e o lobo arrebata-as e espanta-as, porque é mercenário e não lhe importam as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me, assim como o Pai me conhece e Eu conheço o Pai; e ofereço a minha vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil. Também estas Eu preciso de as trazer e hão-de ouvir a minha voz; e haverá um só rebanho e um só pastor. É por isto que meu Pai me tem amor: por Eu oferecer a minha vida, para a retomar depois. Ninguém ma tira, mas sou Eu que a ofereço livremente. Tenho poder de a oferecer e poder de a retomar. Tal é o encargo que recebi de meu Pai.»

Reflexão

O evangelho deste quarto Domingo da Páscoa apresenta-nos a parábola do Bom Pastor. Por esta razão este Domingo é também chamado o Domingo do Bom Pastor. Nalgumas paróquias celebra-se a festa do pároco, pastor do rebanho. No evangelho de hoje, Jesus apresenta-se como o Bom Pastor que veio “para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). Naquele tempo, o pastor era a imagem do leader. Jesus diz que muitos se apresentavam como pastores, mas na realidade eram “ladrões e salteadores”. Hoje acontece a mesma coisa. Há pessoas que se apresentam como leaders, mas na realidade, em vez de servir, procuram os próprios interesses. Alguns têm um modo de falar tão suave e fazem uma propaganda tão inteligente que conseguem enganar os outros.

O nosso texto começa com a afirmação de Jesus: “Eu sou o Bom Pastor”. Naquela época todos sabiam o que era um pastor e como vivia e trabalhava. Mas Jesus não é um pastor qualquer, mas sim o Bom Pastor! As palavras em grego (kalós)  e hebraico (tôb) usadas para traduzir “bom” têm um sentido mais amplo: além de Bom, significam também Belo, Perfeito e Verdadeiro Pastor.

Quando entre os primeiros cristãos começaram os conflitos e dissensões entre grupos e líderes diferentes, alguém sentiu a necessidade de recordar que, na comunidade de Jesus, só ele é o Bom Pastor. Não um pastor mais, mas o autêntico, o verdadeiro, o modelo a seguir por todos. Ontem como hoje! Jesus é o Bom Pastor sobretudo porque é capaz de dar a sua vida.

A imagem do bom pastor vem do Antigo Testamento. Era normal usar a imagem do pastor para indicar a função de quem governava e conduzia o povo. Os profetas criticavam os reis por serem maus pastores porque não cuidavam do seu rebanho e não o conduziam para as pastagens (Jr 2,8; 10,21; 23,1-2). Esta crítica dos maus pastores foi crescendo na medida em que, por culpa dos reis, o povo acabou por ser levado para o cativeiro do exílio (Ez 34,1-10; Zc 11,4-17). Diante da frustração sofrida com os desmandos dos maus pastores, aparece a comparação com o verdadeiro pastor do povo, que é o próprio Deus: “O Senhor é meu pastor e nada me falta” (Sl 23,1-6; Gn 48,15). Os profetas esperam que, no futuro, Deus venha, ele mesmo, como pastor guiar o seu rebanho (Is 40,11; Ez 34,11-16). E esperam que, desta vez, o povo saiba reconhecer a voz do seu pastor: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz!” (Sl 95,7). Surgem o desejo e a esperança de que, um dia, Deus suscite bons pastores e que o Messias seja um bom pastor para o povo de Deus (Jr 3,15; 23,4).

Dizendo que é o Bom Pastor, Jesus apresenta-se como aquele que vem realizar as promessas dos profetas e as esperanças do povo. Há dois pontos em que Jesus insiste: (1) Defesa da vida das ovelhas: o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. (2) Mútuo reconhecimento entre pastor e ovelhas: o pastor conhece as suas ovelhas e elas conhecem o pastor. Jesus diz que o povo tem a percepção para saber quem é o bom pastor. Era isto que os fariseus não aceitavam. Eles desprezavam as ovelhas e chamavam-nas de povo maldito e ignorante (Jo 7,49; 9,34). Eles pensavam ter o olhar certo para discernir as coisas de Deus. Na realidade eram cegos. O discurso sobre o Bom Pastor ensina duas regras para curar este tipo bastante frequente de cegueira: 1) Prestar muita atenção à reacção das ovelhas, pois elas reconhecem a voz do pastor. 2) Prestar muita atenção à atitude daquele que se diz pastor para ver se o seu interesse é ou não a vida das ovelhas e se ele é ou não capaz de dar a vida por elas.

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Excerto da Carta no V Centenário de Santa Teresa de Jesus

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Santa Teresa é antes de tudo mestre de oração. Na sua experiência, foi central a descoberta da humanidade de Cristo. Levada pelo desejo de partilhar essa experiência pessoal com os outros, escreve sobre ela dum modo vital e simples, ao alcance de todos, pois consiste simplesmente num “tratar de amizade com quem sabemos que nos ama” (V 8, 5). Muitas vezes a própria narrativa se converte em oração, como se quisesse introduzir o leitor no seu diálogo íntimo com Cristo. A de Teresa não foi uma oração restrita a um espaço ou momento do dia; surgia espontânea nas mais diversas ocasiões: “Triste coisa seria que só pelos cantos, se pudesse fazer oração” (F 5, 16). Estava convencida do valor da oração contínua, mesmo que nem sempre fosse perfeita. A Santa pede-nos que sejamos perseverantes, fiéis, mesmo nos momentos de aridez, das dificuldades pessoais ou das necessidades urgentes que nos reclamam. (…)

A partir do seu encontro com Jesus Cristo, Teresa viveu “uma nova vida”; tornou-se numa comunicadora incansável do Evangelho (cf. V 33, 1). Desejosa de servir a Igreja e perante os graves problemas do seu tempo, não se limitou a ser expectadora da realidade que a rodeava. Da sua condição de mulher e com as suas limitações de saúde, “determinei-me – diz ela – fazer este pouquito que está na minha mão: seguir os conselhos evangélicos com toda a perfeição que eu pudesse e procurar que estas poucas que aqui estão fizessem o mesmo” (C 1, 2). Por isso iniciou a reforma teresiana, em que pedia às suas irmãs que não gastassem o tempo tratando “com Deus negócios de pouca importância” quando o “mundo está ardendo”. (…)

Santa Teresa era consciente de que nem a oração nem a missão se podiam manter sem uma autêntica vida comunitária. Por isso, o alicerce dos seus mosteiros foi a vida fraterna: “nesta casa… todas tem que ser amigas, todas se hão-de querer, todas se hão-de ajudar” (C 4, 7). E teve o cuidado de avisar as suas religiosas sobre o perigo que corriam de puxar a atenção sobre si próprias na vida fraterna, que consiste “tudo, ou em grande parte, em perder o cuidado de nós mesmos e das nossas comodidades” (C 12, 2) e de pôr tudo o que somos ao serviço dos outros.

Papa Francisco

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Pede que te seja concedido um olhar penetrante

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O facto de embaterem contra ti as debilidades das pessoas não deve ser motivo de preocupação. Mas não confies demasiado no teu olhar agudo. É Deus quem vê o interior das pessoas. Ele vê o mal, mas também o mais pequeno grãozinho de ouro, que a nós, frequentemente, passa despercebido e que não falta em parte alguma. Crê neste grãozinho presente em toda a pessoa e para isso pede que te seja concedido um olhar penetrante.

Santa Teresa Benedita da Cruz

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Põe os olhos em Cristo

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É longa a vida, e nela passamos muitos trabalhos, temos necessidade de olhar para o nosso desventurado Cristo, ver como os passou, para [nós] os levar[mos] com perfeição.

Santa Teresa de Jesus

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5º Domingo da Quaresma – Ano B

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Evangelho de Nossa Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 12, 20-33) 

Entre os que tinham subido a Jerusalém à Festa para a adoração, havia alguns gregos. Estes foram ter com Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e pediam-lhe: «Senhor, nós queremos ver Jesus!» Filipe foi dizer isto a André; André e Filipe foram dizê-lo a Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto. Quem se ama a si mesmo, perde-se; quem se despreza a si mesmo, neste mundo, assegura para si a vida eterna. Se alguém me serve, que me siga, e onde Eu estiver, aí estará também o meu servo. Se alguém me servir, o Pai há-de honrá-lo. Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de Eu dizer? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente para esta hora é que Eu vim! Pai, manifesta a tua glória!» Veio, então, uma voz do Céu: «Já a manifestei e voltarei a manifestá-la!» Entre as pessoas presentes, que escutaram, uns diziam que tinha sido um trovão; outros diziam: «Foi um Anjo que lhe falou!» Jesus respondeu: «Esta voz não veio por causa de mim, mas por amor de vós. Agora é o julgamento deste mundo; agora é que o dominador deste mundo vai ser lançado fora. E Eu, quando for erguido da terra, atrairei todos a mim.» Dizia isto dando a entender de que espécie de morte havia de morrer. 

Partilha

Uns peregrinos gregos que vieram celebrar a Páscoa dos judeus aproximaram-se de Filipe com um pedido: “Queremos ver Jesus”. Não é curiosidade. É um desejo profundo de conhecer o mistério que se encerra naquele Homem de Deus. Quando comunicam a Jesus o desejo dos peregrinos gregos, ele pronuncia umas palavras desconcertantes: “Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem”. Quando for crucificado, todos poderão ver com clareza onde está a sua verdadeira grandeza e a sua glória.

Provavelmente ninguém entendeu nada. Mas Jesus, pensando na forma de morte que o espera, insiste: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim”. Que se esconde no crucificado para que tenha esse poder de atracção? Apenas uma coisa: o seu amor incrível a todos.

O amor é invisível. Só o podemos ver nos gestos, nos sinais e na entrega de quem nos quer bem. Por isso, em Jesus crucificado, na sua vida entregue até à morte, podemos perceber o amor insondável de Deus. Na realidade, só começamos a ser cristãos quando nos sentimos atraídos por Jesus. Só começamos a entender algo da fé quando nos sentimos amados por Deus.

Para explicar a força que se encerra na sua morte na cruz, Jesus utiliza uma imagem simples que todos podemos entender: “se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto”. Se o grão morre, germina e faz brotar a vida; mas se ele se fecha no seu pequeno invólucro e guarda para si a sua energia vital, permanece estéril.

Esta bela imagem revela-nos uma lei que atravessa misteriosamente a vida inteira: quem se agarra egoísticamente à sua vida, perde-a; quem sabe entregá-la com generosidade gera mais vida. Não é difícil comprová-lo. Quem vive exclusivamente para o seu bem-estar, o seu dinheiro, o seu êxito, a sua segurança, acaba vivendo uma vida medíocre e estéril: a sua passagem por este mundo não torna a vida mais humana. Quem se arrisca a viver de forma aberta e generosa difunde a vida, irradia alegria, ajuda a viver. Não há uma forma mais apaixonante de viver do que fazer a vida dos outros mais humana e leve.

Como poderemos seguir Jesus se não nos sentimos atraídos pelo seu estilo de vida? 

José Pagola

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4º Domingo da Quaresma – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 3, 14-21)

Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no Filho Unigénito de Deus. E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más. De facto, quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas acções não sejam desmascaradas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus.»

Partilha

Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna”. Não se trata de uma frase mais, palavras que poderiam ser eliminadas do Evangelho sem que nada de importante acontecesse. É a afirmação que recolhe o núcleo essencial da fé cristã. Este amor de Deus é a origem e o fundamento da nossa esperança. Deus ama o mundo, ama-o tal como é: inacabado e incerto, cheio de conflitos e contradições, capaz do melhor e do pior. Este mundo não percorre o seu caminho sozinho, perdido e desamparado. Deus envolve-o com o seu amor.

Jesus é o “presente” que Deus Pai dá ao mundo, e não só aos cristãos. Só quem se aproxima de Jesus Cristo como o maior dom do Pai, pode fazer a descoberta da proximidade de Deus de todo o ser humano. A Igreja é chamada a recordar ao mundo este amor de Deus. Nada há de mais importante.

Segundo o evangelista, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo mas para que o mundo seja salvo por seu intermédio. Só no acolhimento podemos chamar uns aos outros à conversão. Se as pessoas sentem-se condenadas, não estamos a transmitir-lhes a mensagem de Jesus mas talvez outra coisa, como os nossos ressentimentos. Neste momento que estamos a viver, em que tudo parece confuso, incerto e desalentador, nada nos impede de introduzir um pouco de amor no mundo: “Onde não há amor, põe amor e colherás amor” (São João da Cruz).

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1º Domingo da Quaresma – Ano B

Cinzas - na Quaresma

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 1, 12-15)

Em seguida, o Espírito impeliu-o para o deserto. E ficou no deserto quarenta dias. Era tentado por Satanás, estava entre as feras e os anjos serviam-no.

Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, e proclamava o Evangelho de Deus, dizendo: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho.»

Reflexão

Antes de começar a narrar a actividade profética de Jesus, Marcos escreve estes breves versículos: “o Espírito impeliu-o para o deserto. E ficou no deserto quarenta dias. Era tentado por Satanás, estava entre as feras e os anjos serviam-no”. Essas breves linhas são um resumo das experiências básicas vividas por Jesus até à sua execução na cruz. Jesus não conheceu uma vida fácil e tranquila. Viveu impelido pelo Espírito, mas sentiu na sua própria carne as forças do mal. A sua entrega apaixonada ao projecto de Deus levou-o a viver uma existência dilacerada por conflitos e tensões. Com ele aprendemos a viver em tempos de provação.

O Espírito levou Jesus para o deserto. Não o conduz a uma vida cómoda. Leva-o por caminhos de prova, riscos e tentações. Procurar o reino de Deus e a sua justiça, anunciar Deus sem o falsear, trabalhar por um mundo mais humano é sempre arriscado. Foi para Jesus e será para os seus seguidores.

Ficou no deserto durante quarenta dias. Esse lugar inóspito e nada acolhedor é símbolo de prova e purificação. O melhor lugar para aprender a viver do essencial, mas também o mais perigoso para quem fica abandonado às suas próprias forças.

Era tentado por Satanás. Satanás significa “o adversário”, a força hostil a Deus e a quem trabalha pelo seu reinado. Na tentação descobre-se o que há em nós de verdade ou de mentira, de luz ou de trevas, de fidelidade a Deus ou de cumplicidade com a injustiça.

Marcos diz que Jesus proclamava o Evangelho de Deus. Jesus faz-nos saber que Deus é uma Boa Nova para a vida humana, o que implica mudar de vida e acreditar.

Mudar de vida! Alguns traduzem “fazei penitência”, outros: “convertei-vos” ou “arrependei-vos”. O sentido exacto é mudar o modo de pensar e de viver. Para perceber esta presença do Reino a pessoa deve começar a pensar, viver e agir de um modo diferente. Deve mudar a vida e deixar que a nova experiência de Deus invada a sua vida e e lhe dê olhos novos para ler e entender os factos.

Crede na Boa Nova! Não é fácil aceitar a mensagem. Não é fácil começar a pensar de um modo diferente daquele que se aprendeu desde pequenino. Isto é possível através de um acto de fé. Quando alguém traz uma notícia inesperada, difícil de aceitar, aceita-se somente se a pessoa que a anuncia é digna de confiança. Sendo assim, dirá aos outros: “Pode-se aceitar! Conheço a pessoa, ela não engana. É de confiança, fala com verdade”. Jesus é digno de confiança!

Palavra para o caminho

Temos de viver estes tempos difíceis com os olhos fixos em Jesus. É o Espírito de Deus que nos está a empurrar para o deserto. Desta crise sairá um dia uma Igreja mais humilde e mais fiel ao Seu Senhor. Esta experiência de deserto é um tempo inesperado de graça e purificação que temos de agradecer a Deus. Somente nos pede que rejeitemos, com lucidez, as tentações que nos podem desviar, uma vez mais, da conversão a Jesus Cristo.

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Pelas suas chagas fomos curados

Cristo Signore della Salvezza

Andava pois já a minha alma cansada e, embora quisesse, não a deixavam descansar os ruins costumes que tinha. Aconteceu-me que, entrando eu um dia no oratório, vi uma imagem, que para ali trouxeram a guardar; tinham-na ido buscar para certa festa que se fazia na casa. Era a de Cristo muito chagado e tão devota que, ao pôr nela os olhos, toda eu me perturbei por O ver assim, porque representava bem o que passou por nós. Foi tanto o que senti por tão mal Lhe ter agradecido aquelas chagas, que o coração, me parece, se me partia e arrojei-me junto d’Ele com grandíssimo derramamento de lágrimas, suplicando-Lhe me fortalecesse de uma vez para sempre para não O ofender.

Santa Teresa de Jesus

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