3º Domingo da Quaresma – Ano B

Evangelho de Nossa Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 2, 13-25)

Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas. Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio». Os discípulos recordaram-se do que estava escrito: «Devora-me o zelo pela tua casa».

Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?» Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». Disseram os judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?» Jesus, porém, falava do templo do seu corpo. Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e nas palavras que Jesus dissera.

Enquanto Jesus permaneceu em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos, ao verem os milagres que fazia, acreditaram no seu nome. Mas Jesus não se fiava deles, porque os conhecia a todos e não precisava de que Lhe dessem informações sobre ninguém: Ele bem sabia o que há no homem.

Meditação

O Evangelho deste 3º Domingo da Quaresma (Ano B) apresenta-nos o episódio da expulsão dos vendedores do templo. Jesus fez um chicote de cordas e expulsou todos para fora do templo, com as ovelhas e os bois, o dinheiro, tudo. O gesto e as palavras de Jesus lembram várias profecias: a casa de Deus não pode ser transformada em covil de ladrões (Jeremias 7, 11); no futuro não haverá mais vendedores na casa de Deus (Zacarias 14, 21); a casa de Deus deve ser uma casa de oração para todos os povos (Isaías 56, 7).

Vendo o gesto de Jesus, os discípulos lembraram-se de outras frases e factos do Antigo Testamento, nomeadamente, o salmo que diz: “Devora-me o zelo pela tua casa” (Salmo 69, 10), e o profeta Elias que dizia: “Ardo de zelo pela causa de Deus” (1 Reis 19, 9.14). Naquele tempo dizia-se: “A Bíblia explica-se pela Bíblia”. Ou seja, só Deus consegue explicar o sentido da Palavra de Deus. Por isso, se os gestos de Jesus são Palavras de Deus, então devem ser iluminados e interpretados a partir da Palavra de Deus presente na Escritura. Isto ajuda a actualizar o significado das coisas que Jesus fez e disse, e a manter viva a sua presença no meio de nós.

Tocando no templo, Jesus tocou no fundamento da religião do seu povo. Os líderes judeus, perceberam que ele tinha agido com muita autoridade. Por isso, perguntam-lhe: “Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?”. Jesus responde: “Destruí este templo e em três dias o levantarei”. Jesus falava do templo do seu corpo, que seria destruído pelos romanos e autoridades judaicas e em três dias seria totalmente renovado através da ressurreição. Os judeus tomaram as palavras de Jesus ao pé da letra e zombaram dele: “Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?”. É como se dissessem com desprezo: “Vai enganar outro!”. Não entenderam nada do gesto de Jesus ou não quiseram entender!

Os discípulos também não entenderam o significado do que Jesus disse. Foi só depois da ressurreição que compreenderam que ele falava do templo do seu corpo. A compreensão das coisas de Deus só acontece aos poucos, por etapas. A expulsão dos comerciantes tinha ajudado a entender as profecias do Antigo Testamento. Agora, é a luz da ressurreição que ajuda a entender as palavras do próprio Jesus. Jesus ressuscitado é o novo templo, onde Deus se faz presente no meio da comunidade.

Palavra para o caminho

O que o Evangelho deste Domingo nos conta pode surpreender-nos, contudo, essa é a reacção de Jesus ao encontrar-se com homens que, inclusive no templo, não sabem procurar outra coisa que não seja o seu próprio negócio. O templo deixa de ser lugar de encontro de irmãos e de filhos com Deus Pai quando a nossa vida é um mercado onde só se presta culto ao dinheiro.

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Via Sacra: 1ª Estação

V. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

R. Amen.

Na morte de Cristo descobrimos a prova definitiva do amor infinito do Pai para com o mundo. Por meio da Paixão do Filho de Deus alcançámos a salvação. Meditar com devoto recolhimento e piedade os mistérios da Paixão e Morte de Nosso Senhor é um compromisso sincero para alcançar uma profunda e contínua conversão interior.

Oremos: Deus, nosso Pai, que a luz da vossa graça ilumine a nossa contemplação e oração, ao percorrermos a estações do caminho da Cruz do Vosso Filho, concedei-nos fortaleza para sabermos avançar sempre pelos passos de Jesus Cristo, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.

R. Amen.

1ª- Estação: Jesus no horto das oliveiras

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus!

R. Que pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Do Evangelho de S. Marcos (Mc 14, 32-36): Chegaram a uma propriedade chamada Getsémani e Jesus disse aos seus discípulos: ficai aqui, enquanto Eu vou orar. Tomou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir pavor e angústia. Disse-lhes então: a minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai. Adiantando-Se um pouco, caiu por terra e orou para que, se fosse possível se afastasse dele aquela hora. Jesus dizia: Abba, Pai, tudo Te é possível: afasta de mim este cálice. Contudo, não se faça o que eu quero, mas o que tu queres.

Getsémani é o horto das oliveiras, o horto da angústia, o horto do sono dos discípulos… No Getsémani, Jesus experimenta o quanto é difícil a obediência, a aceitação da vontade do Pai. No Getsémani, os discípulos dormem enquanto Jesus ora. Os discípulos são incapazes de velar e acompanhar a agonia de Jesus, a sua solidão, a sua aceitação do cálice amargo da Paixão.

Oremos: Senhor Jesus, que assumis a dor, aceitais o sofrimento e superais a última tristeza, concedei-nos sensibilidade e vigilância para Vos acompanharmos sempre, nos irmãos que sofrem ou estão tristes e abandonados. Dai-nos a fortaleza necessária para beber, seguindo o Vosso exemplo, o cálice da vontade divina. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.

R. Amen.

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A vida eterna

A vida eterna, aquela que nós gozaremos no Céu, é a mesma vida que nós começamos aqui na terra, pelo caminho espiritual e que consiste em conhecer Deus e Aquele que Ele enviou, Jesus Cristo.

Beato Maria-Eugénio do Menino Jesus

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Frases do Papa Francisco sobre a Confissão

 – Cristo não ameaça, mas chama com doçura, dando confiança. O Senhor diz: “Vem e discutamos. Falemos um pouco”. Não nos assusta. É um pouco como o pai do filho adolescente que fez uma partida e tem de o repreender. E sabe que se o faz com o bastão, a coisa não resultará bem, tem de entrar com confiança.

– Como confessor, mesmo quando me deparei com uma porta fechada, procurei sempre uma abertura, uma fresta para abrir aquela porta e poder conceder o perdão, a misericórdia.

– O simples facto de uma pessoa procurar o confessionário indica já um início de arrependimento, ainda que não seja consciente.

– O simples fato de estar ali (no confessionário) pode testemunhar o desejo de uma mudança.

– É importante que eu vá ao confessionário, que me coloque diante de um sacerdote, que personifica Jesus, que me ajoelhe perante a Mãe Igreja, chamada a distribuir a misericórdia de Deus.

– Os confessores têm à sua frente as ovelhas perdidas que Deus ama tanto; se não lhes demonstrarmos o amor e a misericórdia de Deus, afastam-se e talvez nunca mais voltem.

– Há muitas pessoas humildes que confessam as suas recaídas. O importante, na vida de cada homem e de cada mulher, não é nunca voltar a cair pelo caminho. O importante é levantar-se sempre, não ficar no chão a lamber as feridas. O Senhor da misericórdia perdoa-me sempre, de maneira que me oferece a possibilidade de voltar a começar sempre.

Papa Francisco

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Contemplar a cruz

É preciso subir à árvore da mui santa cruz e de lá veremos e tocaremos Deus. Lá encontraremos o fogo da sua caridade inexprimível, o amor que O conduziu até à vergonha da cruz, que O exaltou e O fez desejar, com o ardor da fome e da sede, honrar seu Pai e obter a nossa salvação.

Santa Catarina de Sena

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Quaresma 2018. Excerto da mensagem do Papa Francisco – 4

Que fazer?

Se porventura detetamos, no nosso íntimo e ao nosso redor, os sinais acabados de descrever, saibamos que, a par do remédio por vezes amargo da verdade, a Igreja, nossa mãe e mestra, nos oferece, neste tempo de Quaresma, o remédio doce da oração, da esmola e do jejum.

Dedicando mais tempo à oração, possibilitamos ao nosso coração descobrir as mentiras secretas, com que nos enganamos a nós mesmos, para procurar finalmente a consolação em Deus. Ele é nosso Pai e quer para nós a vida.

A prática da esmola liberta-nos da ganância e ajuda-nos a descobrir que o outro é nosso irmão: aquilo que possuo, nunca é só meu. Como gostaria que a esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos! Como gostaria que, como cristãos, seguíssemos o exemplo dos Apóstolos e víssemos, na possibilidade de partilhar com os outros os nossos bens, um testemunho concreto da comunhão que vivemos na Igreja. A este propósito, faço minhas as palavras exortativas de São Paulo aos Coríntios, quando os convidava a tomar parte na coleta para a comunidade de Jerusalém: «Isto é o que vos convém» (2 Cor 8, 10). Isto vale de modo especial na Quaresma, durante a qual muitos organismos recolhem coletas a favor das Igrejas e populações em dificuldade. Mas como gostaria também que no nosso relacionamento diário, perante cada irmão que nos pede ajuda, pensássemos: aqui está um apelo da Providência divina. Cada esmola é uma ocasião de tomar parte na Providência de Deus para com os seus filhos; e, se hoje Ele Se serve de mim para ajudar um irmão, como deixará amanhã de prover também às minhas necessidades, Ele que nunca Se deixa vencer em generosidade?

Por fim, o jejum tira força à nossa violência, desarma-nos, constituindo uma importante ocasião de crescimento. Por um lado, permite-nos experimentar o que sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário, provando dia a dia as mordeduras da fome. Por outro, expressa a condição do nosso espírito, faminto de bondade e sedento da vida de Deus. O jejum desperta-nos, torna-nos mais atentos a Deus e ao próximo, reanima a vontade de obedecer a Deus, o único que sacia a nossa fome.

Gostaria que a minha voz ultrapassasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando a todos vós, homens e mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se vos aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no mundo, se vos preocupa o gelo que paralisa os corações e a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus, jejuar juntos e, juntamente connosco, dar o que puderdes para ajudar os irmãos!

Papa Francisco

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Transfiguração, morte e ressurreição de Jesus

O Evangelho do segundo Domingo da Quaresma convida-nos a contemplar a transfiguração de Jesus. O episódio da transfiguração deve ser relacionado com o que acontecera seis dias antes, quando Jesus tinha revelado aos seus discípulos que em Jerusalém deveria sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, ser morto e, após três dias, ressuscitar.

Este anúncio deixou em crise Pedro e todo o grupo dos discípulos, visto que nas suas cabeças não cabia a ideia de que Jesus fosse rejeitado pelos chefes do povo e depois assassinado. De facto, eles esperavam um Messias poderoso, forte, dominador, mas, pelo contrário, Jesus apresenta-se como humilde, manso, servo de Deus, servo dos homens, que deverá dar a sua vida em sacrifício, passando pelo caminho da perseguição, do sofrimento e da morte.

Mas, como seguir um Mestre e Messias cuja vida terrena terminaria daquele modo? E a resposta chega justamente através da transfiguração que é uma aparição pascal antecipada. A transfiguração ajuda os discípulos, e também a nós, a entender que a paixão de Cristo é um mistério de sofrimento, mas é, sobretudo, um dom de amor, de amor infinito da parte de Jesus. O acontecimento da transfiguração de Jesus no alto monte faz-nos compreender melhor também a sua ressurreição.

Para entender o mistério da Cruz é necessário saber antecipadamente que Aquele que sofre e que é glorificado não é somente um homem, mas é o Filho de Deus, que com o seu amor fiel até à morte, salvou-nos. Deste modo, o Pai renova a sua declaração messiânica sobre o Filho, já feita nas margens do Jordão após o baptismo, e exorta: “Escutai-o!”. Os discípulos são chamados a seguir o Mestre com confiança e com esperança, apesar da sua morte.

A divindade de Jesus manifesta-se inclusivamente na cruz e no seu modo de morre. Tanto que o evangelista Marcos coloca na boca do centurião a profissão de fé: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!”. Esta revelação da divindade de Jesus aconteceu no monte, que na Bíblia é o lugar emblemático onde Deus se revela ao homem. É necessário, especialmente no tempo da Quaresma, subir com Jesus ao monte e permanecer com ele, prestar mais atenção à voz de Deus e deixar-se transformar pelo Espírito.

Papa Francisco, Resumo do Angelus, 25 de Fevereiro de 2018

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2º Domingo da Quaresma – Ano B

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 9, 2-10)

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e levou-os, só a eles, a um monte elevado. E transfigurou-se diante deles. As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que lavadeira alguma da terra as poderia branquear assim. Apareceu-lhes Elias, juntamente com Moisés, e ambos falavam com Ele. Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus: «Mestre, bom é estarmos aqui; façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias.» Não sabia que dizer, pois estavam assombrados. Formou-se, então, uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado. Escutai-o.» De repente, olhando em redor, já não viram ninguém, a não ser só Jesus, com eles. Ao descerem do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, senão depois de o Filho do Homem ter ressuscitado dos mortos. Eles guardaram a recomendação, discutindo uns com os outros o que seria ressuscitar de entre os mortos.

Reflexão

O relato da Transfiguração de Jesus é antecedido do primeiro anúncio da paixão e de uma instrução sobre as atitudes próprias do discípulo (convidado a renunciar a si mesmo, a tomar a sua cruz e a seguir Jesus no seu caminho de amor e de entrega da vida ).

O anúncio da paixão submergiu os discípulos numa crise profunda. Nas suas cabeças tudo era confusão porque o que era ensinado era que o Messias seria glorioso e vitorioso. É por causa disto que Pedro reage com muita força contra a cruz. Um condenado à morte de cruz não podia ser o Messias, mas pelo contrário, segundo a Lei de Deus, devia ser considerado como um “maldito de Deus” (Dt 21, 22-23). Perante isto, a experiência da Transfiguração de Jesus podia ajudar os discípulos a superar o trauma da cruz. Com efeito, na Transfiguração, Jesus aparece na glória, e fala com Moisés e Elias acerca da sua paixão e morte. O caminho da glória passa portanto pela cruz.

Nos anos 70, quando Marcos escreveu o seu evangelho, a cruz constituía um grande impedimento para os judeus aceitarem Jesus como Messias. Como podia ser que um crucificado, morto como um marginal, pudesse ser o grande Messias esperado durante séculos pelos povos? A cruz era um impedimento para acreditar em Jesus. “A cruz é um escândalo”, diziam (1Cor 1, 23). As comunidades não sabiam como responder às perguntas críticas dos judeus. Um dos esforços maiores por parte dos primeiros cristãos consistiu em ajudar as pessoas a compreender que a cruz não era um escândalo, nem loucura, mas era antes a expressão do poder e da sabedoria de Deus (1Cor 1, 22-31). O evangelho de Marcos é um contributo para este esforço. Serve-se de textos do Antigo Testamento para descrever a cena da Transfiguração. Ilumina os acontecimentos da vida de Jesus e mostra que em Jesus são realizadas as profecias e que a cruz é o caminho que conduz à glória. E não só a cruz era um problema! Nos anos 70, a cruz da perseguição fazia parte da vida dos cristãos. Com efeito, pouco tempo antes, Nero desencadeara a perseguição e houve muitos mortos. Também hoje são-nos oferecidas oportunidades de viver como cristãos “crucificados”, podendo estas provações ajudar-nos a recuperar a nossa identidade cristã.

Palavra para o caminho

O texto do Evangelho deste Domingo pode ensinar-nos a valorizar os momentos de “Tabor”, os momentos de paz, de reflexão, de oração. Mas, se formos coerentes com a nossa fé, teremos muitas vezes de fazer a experiência de “Calvário”. Para os momentos de dúvida e dificuldade, o texto traz-nos o melhor conselho possível, através da voz que saiu da nuvem: “Este é o meu Filho muito amado. Escutai-o!”. Façamos isto, e venceremos os nossos Calvários, como Jesus venceu, e mais tarde, os seus discípulos.

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A Missa: Proclamação da Palavra de Deus, Homilia, Credo e Oração dos Fiéis

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Bom dia mesmo se o dia é um pouco feio. Mas se a alma estiver em alegria é sempre um dia bom. Portanto, bom dia! Hoje a audiência será feita em dois lugares: um pequeno grupo de doentes está na Sala, devido ao tempo e nós estamos aqui. Mas nós vemo-los e eles vêem a nós através dos grandes écrans. Saudemo-los com um aplauso.

Continuemos com a Catequese sobre a Missa. A escuta das Leituras bíblicas, prolongada na homilia, ao que corresponde? Corresponde a um direito: o direito espiritual do povo de Deus a receber com abundância o tesouro da Palavra de Deus (cf. Introdução ao Lecionário, 45). Cada um de nós, quando vai à Missa, tem o direito de receber abundantemente a Palavra de Deus bem lida, bem proclamada e depois, bem explicada na homilia. É um direito! E quando a Palavra de Deus não é bem lida, não é pregada com fervor pelo diácono, pelo sacerdote ou pelo bispo não se cumpre um direito dos fiéis. Nós temos o direito de ouvir a Palavra de Deus. O Senhor fala para todos, Pastores e fiéis. Ele bate à porta do coração de quantos participam na Missa, cada um na sua condição de vida, idade, situação. O Senhor consola, chama, suscita rebentos de vida nova e reconciliada. E isto por meio da sua Palavra. A sua Palavra bate ao coração e muda os corações!

Por isso, depois da homilia, um tempo de silêncio permite sedimentar no ânimo a semente recebida, a fim de que nasçam propósitos de adesão ao que o Espírito sugeriu a cada um. O silêncio depois da homilia. Um bom silêncio deve ser feito ali e cada um deve pensar naquilo que ouviu.

Depois deste silêncio, como prossegue a Missa? A resposta pessoal de fé insere-se na profissão de  da Igreja, expressa no “Credo”. Todos nós recitamos o “Credo” na Missa. Recitado por toda a assembleia, o Símbolo manifesta a resposta comum a quanto se ouviu juntos acerca da Palavra de Deus (cf. Catecismo da Igreja Católica, 185-197). Há uma ligação vital entre a escuta e a fé. Estão unidas. Com efeito, ela – a fé – não nasce da fantasia de mentes humanas mas, como recorda São Paulo, «é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus» (Rm 10, 17). Por conseguinte, a fé alimenta-se com a escuta e leva ao Sacramento. Assim, a recitação do “Credo” faz com que a assembleia litúrgica «medite novamente e professe os grandes mistérios da fé, antes da sua celebração na Eucaristia» (Ordenamento Geral do Missal Romano, 67).

O Símbolo de fé vincula a Eucaristia ao Batismo, recebido «no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo», e recorda-nos que os Sacramentos são compreensíveis à luz da fé da Igreja.

A resposta à Palavra de Deus acolhida com fé expressa-se depois na súplica comum, denominada Oração universal, porque abraça as necessidades da Igreja e do mundo (cf. OGMR, 69-71; Introdução ao Lecionário, 30-31). É chamada também Oração dos fiéis.

Os padres do Vaticano II quiseram inserir de novo esta oração depois do Evangelho e da homilia, sobretudo aos domingos e dias festivos, para que, «com a participação do povo, se façam preces pela santa Igreja, pelos que nos governam, por aqueles a quem a necessidade oprime, por todos os homens e pela salvação de todo o mundo» (Const. Sacrosanctum concilium, 53; cf. 1 Tm 2, 1-2). Por conseguinte, sob a guia do sacerdote que introduz e conclui, «o povo, exercendo o seu sacerdócio batismal, oferece a Deus orações pela salvação de todos» (OGMR, 69). E depois das intenções particulares, propostas pelo diácono ou por um leitor, a assembleia une a sua voz invocando: «Ouvi-nos Senhor».

Com efeito, recordemos quanto nos disse o Senhor Jesus: «Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedi tudo o que quiserdes, e vos será feito» (Jo 15, 7). “Mas nós não acreditamos nisto, porque temos pouca fé”. Mas se nós tivéssemos uma fé — diz Jesus — como o grão de mostarda, teríamos recebido tudo. “Pedi tudo o que quiserdes, e vos será feito”. E neste momento da oração universal depois do Credo, é o momento de pedir ao Senhor as coisas mais fortes na Missa, as coisas de que precisámos, aquilo que desejamos. “Vos será feito”; de uma maneira ou doutra mas “vos será feito”. “Tudo é possível para aquele que crê”, disse o Senhor. O que respondeu aquele homem ao qual o Senhor se dirigiu para dizer estas palavras — tudo é possível para aquele que crê — ? Respondeu: “Senhor, eu creio. Ajuda a minha pouca fé”. Também nós podemos dizer: “Senhor, eu creio. Mas ajuda a minha pouca fé”. E devemos proferir a oração com este espírito de fé: “Senhor, eu creio, mas ajuda a minha pouca fé”. As pretensões de lógicas mundanas, ao contrário, não levantam voo rumo ao Céu, assim como permanecem desatendidos os pedidos autorreferenciais (cf. Tg 4, 2-3). As intenções pelas quais se convida o povo fiel a rezar devem dar voz às necessidades concretas da comunidade eclesial e do mundo, evitando recorrer a fórmulas convencionais e míopes. A oração “universal”, que conclui a liturgia da Palavra, exorta-nos a fazer nosso o olhar de Deus, que cuida de todos os seus filhos.

Papa Francisco, Audiência Geral, 14 de Fevereiro de 2018

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Que nunca me esqueça das vossas grandezas e misericórdias

Parece que trago esquecidas Vossas grandezas e misericórdias, e como viestes ao mundo para os pecadores e nos comprastes por tão grande preço, e pagastes nossos falsos contentos com sofrer tão cruéis tormentos e açoites. Remediastes minha cegueira deixando que tapassem Vossos divinos olhos e minha vaidade com tão cruel coroa de espinhos. 

Santa Teresa de Jesus

Oração

Senhor, quando olho para a tua Cruz vejo quão esquecido ando da Tua misericórdia. Na Cruz encontro o sentido do Teu nascimento em carne humana. Vieste por mim, pobre pecador, para tomar a minha vida e dares-me a Tua; para me libertares dos efémeros contentamentos e me fazeres saborear a alegria que não tem fim; para desvendares os olhos do meu coração da cegueira e iluminares o meu entendimento com a luz da fé; para me libertares da minha vaidade e me fazeres passar pela porta da Cruz para a verdadeira vida. Não me deixes esquecer as grandezas do teu Amor, mas dá-me humildade para reconhecer o meu pecado e acolher a Tua misericórdia.

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