Catequese do Papa Francisco sobre a Missa. “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor”

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje é o primeiro dia de primavera: boa primavera! Mas o que acontece na primavera? Florescem as plantas, florescem as árvores. Far-vos-ei algumas perguntas. Uma árvore ou uma planta doentes, florescem bem, se estão doentes? Não! Uma árvore, uma planta que não for regada pela chuva ou artificialmente, pode florescer bem? Não! E uma árvore ou uma planta das quais foram tiradas as raízes, ou que não as têm, podem florescer? Não! Mas pode-se florescer sem raízes? Não! E esta é uma mensagem: a vida cristã deve ser uma vida que precisa de florescer em obras de caridade, em gestos de bem. Mas se tu não tens raízes, não poderás florescer; e quem é a raiz? Jesus! Se ali, nas raízes, não estiveres com Jesus, não florescerás! Se não regares a tua vida com a oração e os sacramentos, terás flores cristãs? Não! Porque a oração e os sacramentos irrigam as raízes e a nossa vida floresce. Faço-vos votos a fim de que esta primavera seja para vós uma primavera florida, como será a Páscoa florescida. Florida de boas obras, de virtudes, de gestos de bem para os outros. Recordai isto, é um pequeno verso muito bonito da minha Pátria: “O que a árvore tem de florescido vem daquilo que tem de enterrado”. Nunca cortemos as raízes com Jesus.

E agora continuemos com a catequese sobre a Santa Missa. A celebração da Missa, da qual percorremos os vários momentos, visa a Comunhão, ou seja, a nossa união com Jesus. A comunhão sacramental: não a comunhão espiritual, que podes fazer em casa, dizendo: “Jesus, gostaria de te receber espiritualmente”. Não, a comunhão sacramental, com o corpo e o sangue de Cristo. Celebramos a Eucaristia para nos alimentarmos de Cristo, que se oferece a nós quer na Palavra quer no Sacramento do altar, para nos conformar-nos com Ele. É o próprio Senhor quem o diz: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e Eu nele» (Jo 6, 56). Com efeito, o gesto de Jesus que deu aos discípulos o seu Corpo e Sangue na última Ceia, continua ainda hoje através do ministério do sacerdote e do diácono, ministros ordinários da distribuição do Pão da vida e do Cálice da salvação aos irmãos.

Na Missa, depois de ter partido o Pão consagrado, ou seja, o corpo de Jesus, o sacerdote mostra-o aos fiéis, convidando-os a participar no banquete eucarístico. Conhecemos as palavras que ressoam do santo altar: «Felizes os convidados para a Ceia do Senhor: eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo». Inspirado num trecho do Apocalipse — «Felizes os convidados para a ceia das núpcias do Cordeiro» (Ap 19, 9): diz “núpcias” porque Jesus é o Esposo da Igreja — este convite chama-nos a experimentar a íntima união com Cristo, fonte de alegria e de santidade. É um convite que rejubila e, ao mesmo tempo, impele a um exame de consciência, iluminado pela fé. Com efeito, se por um lado vemos a distância que nos separa da santidade de Cristo, por outro acreditamos que o seu Sangue é «derramado para a remissão dos pecados». Todos nós fomos perdoados no batismo, e todos nós somos perdoados ou seremos perdoados cada vez que nos aproximarmos do sacramento da penitência. E não nos esqueçamos: Jesus perdoa sempre. Jesus não se cansa de perdoar. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão. Precisamente pensando no valor salvífico deste Sangue, Santo Ambrósio exclama: «Eu, que peco sempre, devo ter sempre à disposição o remédio» (De sacramentis, 4, 28: pl 16, 446a). Nesta fé, também nós dirijamos o olhar para o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo, e invoquemo-lo: «Ó Senhor, não sou digno de participar na vossa mesa: mas dizei uma só palavra e eu serei salvo». Dizemos isto em cada Missa.

Somos nós que nos movemos em procissão para receber a Comunhão, caminhamos rumo ao altar em procissão para receber a Comunhão, mas na realidade é Cristo que vem ao nosso encontro para nos assimilar a si. Há um encontro com Jesus! Nutrir-se da Eucaristia significa deixar-se transformar naquilo que recebemos. Santo Agostinho ajuda-nos a compreender isto, quando narra acerca da luz recebida ao ouvir Cristo dizer: «Eu sou o alimento dos grandes. Cresce, e comer-me-ás. E não serás tu que me transformarás em ti, como o alimento da tua carne, mas tu serás transformado em mim» (Confissões, VII, 10, 16: pl 32, 742). Cada vez que recebemos a Comunhão, assemelhamo-nos mais a Jesus, transformamo-nos mais em Jesus. Do mesmo modo que o pão e o vinho são transformados no Corpo e Sangue do Senhor, assim quantos os recebem com fé são transformados em Eucaristia viva. Ao sacerdote que, distribuindo a Eucaristia, te diz: «O Corpo de Cristo», tu respondes: «Amém», ou seja, reconheces a graça e o compromisso que comporta tornar-se Corpo de Cristo. Pois quando recebes a Eucaristia, tornas-te corpo de Cristo. Isto é bonito, é muito bonito. Enquanto nos une a Cristo, arrancando-nos dos nossos egoísmos, a Comunhão abre-nos e une-nos a todos aqueles que são um só nele. Eis o prodígio da Comunhão: tornamo-nos aquilo que recebemos!

A Igreja deseja profundamente que também os fiéis recebam o Corpo do Senhor com hóstias consagradas na própria Missa; e o sinal do banquete eucarístico exprime-se com maior plenitude se a sagrada Comunhão for feita sob as duas espécies, não obstante saibamos que a doutrina católica ensina que sob uma só espécie recebemos Cristo inteiro (cf. Ordenamento Geral do Missal Romano, 85; 281-282). Segundo a praxe eclesial, o fiel aproxima-se normalmente da Eucaristia em forma processional, como dissemos, e comunga de pé, com devoção, ou então de joelhos, como estabelece a Conferência episcopal, recebendo o sacramento na boca ou, onde for permitido, nas mãos, como preferir (cf. OGMR, 160-161). Após a Comunhão, o silêncio, a oração silenciosa, ajuda-nos a conservar no coração o dom recebido. Prolongar um pouco aquele momento de silêncio, falando com Jesus no coração, ajuda-nos muito, assim como cantar um salmo ou um hino de louvor (cf. OGMR, 88), que nos ajude a estar com o Senhor.

A Liturgia eucarística é concluída pela oração depois da Comunhão. Nela, em nome de todos, o sacerdote dirige-se a Deus para lhe dar graças por nos ter tornado seus comensais e pede que aquilo que recebemos transforme a nossa vida. A Eucaristia revigora-nos a fim de darmos frutos de boas obras para viver como cristãos. É significativa a oração de hoje, na qual pedimos ao Senhor que «a participação nos seu sacramento seja para nós remédio de salvação, nos cure do mal e nos confirme na sua amizade» (Missal Romano, Quarta-Feira da 5ª Semana de Quaresma). Aproximemo-nos da Eucaristia: receber Jesus que nos transforma nele torna-nos mais fortes. O Senhor é tão bom e tão grande!

Papa Francisco, Audiência Geral de 21 de Março de 2018

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Exame de consciência

Introdução: Somos filhos pródigos com as nossas fraquezas, culpas e pecados, mas não desistimos de acreditar no imenso amor que o nosso Pai comum, que é Deus, tem por cada um de nós. Façamos um breve exame de consciência, não no contexto em que o filho pródigo ficou reduzido a guardador de porcos, mas na casa do Pai, com Ele a abraçar-nos e a fazer-nos festa.

– Tenho-me encontrado com Deus, «Pai de Misericórdia», mantendo um ritmo diário de oração e procurando viver na sua presença?

– Tenho participado, com frequência na celebração da Eucaristia, e comungado aquele que me amou até à morte de cruz e que hoje se continua a entregar a mim?

– Defendo-me das impurezas no amor, do egoísmo em pensamentos, palavras, actos e omissões? Procuro cultivar um amor sempre de melhor qualidade, mais no estilo do amor generoso e puro com que o Coração de Jesus me ama?

– Evito os pensamentos maldosos e a severidade condenatória nos juízos que faço sobre outras pessoas?

– Como uso a minha língua? Com dureza farisaica ou com benevolência e misericórdia? Deparo comigo a ser mais advogado de defesa ou de acusação do meu próximo?

– Nas minhas conversas procuro evitar tudo o que se pareça ao «terrorismo dos mexericos», segundo a expressão do Papa Francisco? Defendo-me das vertigens do pessimismo e do criticismo, evitando levantar más famas ou colocar rótulos injustos nas pessoas?

– Quando me sinto ofendido, como reajo? Com ira e rancor, ou com paciência e misericórdia? Abro o meu coração para aceitar desculpas e oferecer gratuitamente o perdão, como Deus faz comigo?

– Pago o mal com outro mal, tendencialmente pior, ou procuro vencer o mal recebido com o bem por mim oferecido? Sei responder às provocações com paciência e misericórdia?

– Tenho a devida estima pelo sacramento da reconciliação ou confissão? Sei abeirar-me com humildade e confiança deste sacramento especializado em misericórdia, a fim de ter misericórdia de qualidade divina para oferecer aos outros?

– Cumpro os meus deveres de justiça, em relação à família e ao trabalho? Deixo-me levar por impulsos de dureza e intransigência, ou procuro ser misericordiosamente justo?

– Dou o devido lugar na minha vida à presença e intercessão maternal de Maria, «Mãe de Misericórdia»? Aprendo na sua escola a ser clemente e compassivo, a ver os outros, a Igreja e o mundo com olhos misericordiosos?

Conclusão: O Papa Francisco lembra-nos que «Deus nunca Se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão». Levemos para as nossas famílias e locais de convivência e trabalho a experiência de sermos perdoados por Deus com generosa misericórdia. Distribuamos às pessoas que convivem connosco os presentes de misericórdia que o Senhor nos oferece.

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Solenidade de São José (19 de Março)

– Não sei verdadeiramente como se deve pensar na Rainha dos Anjos no tempo em que tanto se angustiou com o Menino Jesus sem dar graças a São José pelo auxílio que lhe prestou (Santa Teresa de Jesus).

– A outros Santos parece ter dado o Senhor graça para socorrer numa determinada necessidade. Ao glorioso São José tenho experiência de que socorre em todas (Santa Teresa de Jesus).

– O que é ser justo? Estamos habituados a dizer que é dar a cada um o que é devido. Mas é ainda mais do que isso. É estar ajustado à realidade, ajustado ao bem e à verdade. Não se pode ser justo sem a sintonia com a verdade e o bem. Diz a Bíblia que “quem pratica a fé torna-se justo”. Hoje é o dia de S. José, identificado na Bíblia como modelo do homem justo. Justo porque ajustado a Deus e à sua vontade (Vasco P. Magalhães, sj).

Oração a São José

São José, homem do silêncio, da oração e da escuta da Palavra de Deus; homem do trabalho e da família; homem simples e humilde. Pedimos-te por todas as nossas famílias e, especialmente, por todos os Pais. Ajuda-os a imitar-Te na escuta e na obediência a Deus. Ampara e assiste os que mais sofrem. Protege todos aqueles que não têm trabalho e que não conseguem sustentar dignamente os seus lares. Àqueles que abandonam os filhos e a família, seguindo caminhos de destruição e vício, ilumina-os para que possam voltar ao aconchego do lar assumindo dignamente a sua paternidade. A todos os que sofrem por causa dos filhos perdidos, em caminhos sem sentido e de morte, dá-lhes a força do Pai Pródigo que aguarda e espera o seu regresso. Ampara e socorre todas as famílias, para que em todas haja trabalho digno, casa e pão, harmonia e educação, alegria e paz, a exemplo da tua família de Nazaré. 

Amável São José, que nunca em vão invocamos, tu cujo crédito é tão poderoso junto de Deus que até se pode dizer: «No Céu, São José manda mais do que suplica», reza por nós a Jesus, reza por nós a Maria. Amen.

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5º Domingo da Quaresma – Ano B

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 12, 20-33)

Naquele tempo, alguns gregos que tinha vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queremos ver Jesus!» Filipe foi dizer isto a André; André e Filipe foram dizê-lo a Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto. Quem se ama a si mesmo, perde-se; quem se despreza a si mesmo, neste mundo, assegura para si a vida eterna. Se alguém me serve, que me siga, e onde Eu estiver, aí estará também o meu servo. Se alguém me servir, o Pai há-de honrá-lo. Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de Eu dizer? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente para esta hora é que Eu vim! Pai, manifesta a tua glória!» Veio, então, uma voz do Céu: «Já a manifestei e voltarei a manifestá-la!» Entre as pessoas presentes, que escutaram, uns diziam que tinha sido um trovão; outros diziam: «Foi um Anjo que lhe falou!» Jesus respondeu: «Esta voz não veio por causa de mim, mas por amor de vós. Agora é o julgamento deste mundo; agora é que o dominador deste mundo vai ser lançado fora. E Eu, quando for erguido da terra, atrairei todos a mim.» Dizia isto dando a entender de que espécie de morte havia de morrer. 

Reflexão

Uns peregrinos gregos que vieram celebrar a Páscoa dos judeus aproximaram-se de Filipe com um pedido: “Queremos ver Jesus”. Não é curiosidade. É um desejo profundo de conhecer o mistério que se encerra naquele Homem de Deus. Quando comunicam a Jesus o desejo dos peregrinos gregos, ele pronuncia umas palavras desconcertantes: “Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem”. Quando for crucificado, todos poderão ver com clareza onde está a sua verdadeira grandeza e a sua glória.

Provavelmente ninguém entendeu nada. Mas Jesus, pensando na forma de morte que o espera, insiste: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim”. Que se esconde no crucificado para que tenha esse poder de atracção? Apenas uma coisa: o seu amor incrível a todos.

O amor é invisível. Só o podemos ver nos gestos, nos sinais e na entrega de quem nos quer bem. Por isso, em Jesus crucificado, na sua vida entregue até à morte, podemos perceber o amor insondável de Deus. Na realidade, só começamos a ser cristãos quando nos sentimos atraídos por Jesus. Só começamos a entender algo da fé quando nos sentimos amados por Deus.

Para explicar a força que se encerra na sua morte na cruz, Jesus utiliza uma imagem simples que todos podemos entender: “se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto”. Se o grão morre, germina e faz brotar a vida; mas se ele se fecha no seu pequeno invólucro e guarda para si a sua energia vital, permanece estéril.

Esta bela imagem revela-nos uma lei que atravessa misteriosamente a vida inteira: quem se agarra egoísticamente à sua vida, perde-a; quem sabe entregá-la com generosidade gera mais vida. Não é difícil comprová-lo. Quem vive exclusivamente para o seu bem-estar, o seu dinheiro, o seu êxito, a sua segurança, acaba vivendo uma vida medíocre e estéril: a sua passagem por este mundo não torna a vida mais humana (José A. Pagola).

Palavra para o caminho

Por esta razão, a quantos hoje «querem ver Jesus»… podemos oferecer três coisas: o Evangelho; o crucifixo e o testemunho da nossa fé, pobre, mas sincera. O Evangelho: ali podemos encontrar Jesus, ouvi-lo, conhecê-lo. O crucifixo: sinal do amor de Jesus que se entregou a si mesmo por nós. E também uma fé que se traduz em gestos simples de caridade fraterna. Mas principalmente na coerência de vida entre o que dizemos e o que vivemos (Papa Francisco).

Queremos ver Jesus” (Jo 12, 21)

O Evangelho do 5º Domingo da Quaresma (Ano B) relata um episódio que aconteceu nos últimos dias da vida de Jesus. A cena desenvolve-se em Jerusalém, onde Ele se encontra pela festa da Páscoa judaica. Para esta celebração ritual, chegaram também alguns gregos. São homens animados por sentimentos religiosos, atraídos pela fé do povo judeu e que, tendo ouvido falar deste grande profeta, aproximaram-se de Filipe, um dos doze apóstolos, e pedem para ver Jesus. O verbo que João usa – “ver” – significa chegar ao coração, chegar com os olhos, com o entendimento até ao íntimo da pessoa, dentro da pessoa. A reacção de Jesus é surpreendente. Ele não responde com um sim ou com um não, mas diz: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado”. Estas palavras, que à primeira vista parecem ignorar a pergunta dos gregos, na realidade dão a verdadeira resposta, porque quem quer conhecer Jesus deve olhar para dentro da cruz, onde a sua glória é revelada. Olhar para dentro da cruz.

O Evangelho de hoje convida-nos a dirigir o nosso olhar para o crucifixo, que não é um objecto de decoração ou um acessório de uma roupa do qual às vezes se abusa, mas um sinal religioso a ser contemplado e compreendido.

Além disso, na imagem de Jesus crucificado revela-se o mistério da morte do Filho de Deus como supremo acto de amor, fonte de vida e de salvação para a humanidade de todos os tempos. “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só; mas se morre, então produz muito fruto”. Jesus deixar claro que o seu acto extremo, ou seja, a cruz – morte e ressurreição –, é um acto de fecundidade que dará frutos para muitos. Desse modo, compara-se a si mesmo com o grão de trigo que, caindo na terra, gera vida nova. Com a encarnação, Jesus veio à terra, mas isso não basta: deve também morrer para resgatar os homens da escravidão do pecado e dar-lhes uma nova vida reconciliada no amor.

Os discípulos são chamados ao mesmo. O que significa perder a vida? Significa pensar menos em si mesmo, nos interesses pessoais, em saber “ver” e ir ao encontro dos mais necessitados, do próximo, especialmente dos últimos. Realizar com alegria as obras de caridade com aos que sofrem no corpo e no espírito é a maneira mais autêntica de viver o Evangelho, é o fundamento necessário para que as nossas comunidades cresçam na fraternidade e no acolhimento recíproco. Quero ver Jesus, mas vê-lo de dentro. Então, entra nas suas chagas e contempla o amor do seu coração por ti, por mim, por todos.

Papa Francisco, Resumo do Angelus de 18 de Março de 2018

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Via Sacra: 12ª Estação

12ª Estação: Jesus crucificado, a Mãe e o Discípulo

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus!

R. Que pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Do Evangelho de São João (19, 25-27): Junto da cruz de Jesus, estavam sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria de Magdala. Ao ver sua mãe e, junto dela, o discípulo que Ele amava, Jesus disse a sua mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua mãe”. E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-A em sua casa.

No alto do Gólgota, junto da cruz de Jesus, recortam-se as silhuetas da Mãe e do discípulo. Os retábulos das nossas igrejas coroam-se com estas mesmas imagens. Tudo é alto na cruz. Muda e imóvel, junto do patíbulo, está a Mãe Dolorosa, vendo morrer o Filho abandonado. E desde então remediou-se a solidão da Mãe e a orfandade de todos: nós somos os filhos regenerados, os filhos nascidos na dor.

Oremos: Senhor Jesus, que antes de morrer nos fizestes a última grande doação, nós Vos damos graças pela Mãe Dolorosa, que é a nossa melhor consolação e herança. Nós Vos pedimos para estar sempre, como Maria e João, ao pé da Cruz, pois só os fortes devem sofrer junto de Deus. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.

R. Amen.

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O Pai-Nosso. Catequese do Papa Francisco sobre a Missa

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Continuemos com a Catequese sobre a Santa Missa. Na última Ceia, depois de ter tomado o pão e o cálice do vinho, e de ter dado graças a Deus, sabemos que Jesus «partiu o pão». A esta ação corresponde, na Liturgia eucarística da Missa, a fração do Pão, precedida pela oração que o Senhor nos ensinou, ou seja, o “Pai-Nosso”.

E assim começam os ritos de Comunhão, prolongando o louvor e a súplica da Oração eucarística com a recitação comunitária do“Pai-Nosso”. Esta não é uma das tantas orações cristãs, mas é a oração dos filhos de Deus: é a grande oração que Jesus nos ensinou. Com efeito, entregue a nós no dia do nosso Batismo, o “Pai-Nosso” faz ressoar em nós os mesmos sentimentos de Jesus Cristo. Quando rezamos o “Pai-Nosso”, oramos como Jesus. Foi a oração que Jesus proferiu e que nos ensinou; quando os discípulos lhe disseram: “Mestre, ensina-nos a rezar como tu rezas”. E Jesus rezava deste modo. É tão bonito rezar como Jesus! Formados pelo seu divino ensinamento, ousamos dirigir-nos a Deus chamando-o “Pai” porque renascemos como seus filhos através da água e do Espírito Santo (cf. Ef 1, 5). Na verdade, ninguém poderia chamá-lo familiarmente “Abbá” — “Pai” — sem ter sido gerado por Deus, sem a inspiração do Espírito, como ensina São Paulo (cf. Rm 8, 15). Devemos pensar: ninguém pode chamá-lo “Pai” sem a inspiração do Espírito. Quantas vezes as pessoas dizem “Pai Nosso”, mas não sabem o que estão a dizer. Porque sim, é o Pai, mas será que quando dizes “Pai” sentes que Ele é o Pai, o teu Pai, o Pai da humanidade, o Pai de Jesus Cristo? Tens uma relação com este Pai? Quando rezamos o “Pai-Nosso”, entramos em relação com o Pai que nos ama, mas é o Espírito quem nos confere esta relação, este sentimento de sermos filhos de Deus.

Que oração melhor do que aquela que Jesus nos ensinou pode predispor-nos para a Comunhão sacramental com Ele? Além da Missa, o “Pai-Nosso” é rezado, durante a manhã e à noite, nas Laudes e nas Vésperas; deste modo, a atitude filial em relação a Deus e de fraternidade para com o próximo contribuem para dar forma cristã aos nossos dias.

Na Oração do Senhor — no “Pai-Nosso” — pedimos o «pão de cada dia», no qual entrevemos uma especial referência ao Pão eucarístico, do qual necessitamos para viver como filhos de Deus. Imploramos também «o perdão dos nossos pecados», e para sermos dignos de receber o perdão de Deus comprometemo-nos a perdoar a quem nos tem ofendido. E isto não é fácil. Perdoar as pessoas que nos ofenderam não é fácil; é uma graça que devemos pedir: “Senhor, ensina-me a perdoar como tu me perdoaste”. É uma graça. Com as nossas forças não podemos: perdoar é uma graça do Espírito Santo. Assim, enquanto nos abre o coração a Deus, o “Pai-Nosso” dispõe-nos também ao amor fraterno. Por fim, peçamos ainda a Deus para «nos libertar do mal» que nos separa d’Ele e nos divide dos nossos irmãos. Compreendemos bem que estas são exigências muito adequadas para nos prepararmos para a Sagrada Comunhão (cf. Ordenamento Geral do Missal Romano, 81).

Com efeito, quanto pedimos no “Pai-Nosso” é prolongado pela oração do sacerdote que, em nome de todos, suplica: «Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz». E depois recebe uma espécie de selo no rito da paz: em primeiro lugar, invoca-se de Cristo que o dom da sua paz (cf. Jo 14, 27) — tão diferente da paz do mundo — faça crescer a Igreja na unidade e na paz, segundo a sua vontade; portanto, com o gesto concreto trocado entre nós, expressamos «a comunhão eclesial e o amor recíproco, antes de receber o Sacramento» (OGMR, 82). No Rito romano a troca do sinal de paz, colocado desde a antiguidade antes da Comunhão, visa a Comunhão eucarística. Segundo a admoestação de São Paulo, não é possível comungar o único Pão que nos torna um só Corpo em Cristo, sem nos reconhecermos pacificados pelo amor fraterno (cf. 1 Cor 10, 16-17; 11, 29). A paz de Cristo não pode enraizar-se num coração incapaz de viver a fraternidade e de a reparar depois de a ter ferido. É o Senhor quem concede a paz: Ele dá-nos a graça de perdoar a quem nos tem ofendido.

O gesto da paz é seguido pela fração do Pão, que desde o tempo dos apóstolos conferiu o nome a toda a celebração da Eucaristia (cf. OGMR, 83; Catecismo da Igreja Católica, 1329). Cumprido por Jesus durante la última Ceia, partir o Pão é o gesto revelador que permitiu aos discípulos reconhecê-lo depois da sua ressurreição. Recordemos os discípulos de Emaús, os quais, falando do encontro com o Ressuscitado, narram «como o tinham reconhecido ao partir o pão» (cf. Lc 24, 30-31.35).

A fração do Pão eucarístico é acompanhada pela invocação do «Cordeiro de Deus», figura com a qual João Batista indicou em Jesus «aquele que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29). A imagem bíblica do cordeiro fala da redenção (cf. Êx 12, 1-14; Is 53, 7; 1 Pd 1, 19; Ap 7, 14). No Pão eucarístico, partido pela vida do mundo, a assembleia orante reconhece o verdadeiro Cordeiro de Deus, ou seja, Cristo Redentor, e suplica-o: «Tende piedade de nós… dai-nos a paz».

«Tende piedade de nós», «dai-nos a paz» são invocações que, da oração do “Pai-Nosso” à fração do Pão, nos ajudam a predispor a alma a participar no banquete eucarístico, fonte de comunhão com Deus e com os irmãos.

Não nos esqueçamos da grande oração: a que Jesus nos ensinou, e que é a oração com a qual Ele rezava ao Pai. E esta oração prepara-nos para a Comunhão.

Papa Francisco, Audiência Geral, 14 de Março de 2018

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Frases sobre a caridade

– A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (1 Tm 2, 4); a caridade é «caminhar» na verdade (Ef 4, 15) (Bento XVI).

– A caridade é o caminho excelente, que conduz seguramente a Deus (Santa Teresinha do Menino Jesus).

– Diante da constatação de um mundo marcado pela indiferença, o egoísmo e o pessimismo, é útil questionar-se sobre a ausência de caridade nos corações e nas relações com Deus e os outros (Papa Francisco).

– Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (Jo 15, 14-15) (Bento XVI).

– É preciso subir à árvore da mui santa cruz e de lá veremos e tocaremos Deus. Lá encontraremos o fogo da sua caridade inexprimível, o amor que O conduziu até à vergonha da cruz, que O exaltou e O fez desejar, com o ardor da fome e da sede, honrar seu Pai e obter a nossa salvação (Santa Catarina de Sena).

– Na caridade nos acolheu o Senhor; pela sua caridade para connosco, Jesus Cristo nosso Senhor, segundo a vontade divina, derramou o seu sangue por nós, imolou a sua carne para redimir a nossa carne, deu a sua vida para salvar a nossa vida (São Clemente de Roma).

– A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (Jo 13, 13-17) (Bento XVI).

– O mesmo diremos da caridade. Ao recebermos o mandamento de amar a Deus, já possuímos capacidade de amar, plantada em nós desde a primeira criação (São Basílio Magno).

– Sinto que quando sou caridosa é só Jesus que age em mim (Santa Teresinha do Menino Jesus).

– A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (Mt 25, 14-30) (Bento XVI).

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Via Sacra: 11ª Estação

11ª Estação: Jesus promete o seu reino ao bom ladrão

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus!

R. Que pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Do Evangelho de São Lucas (Lc 23, 39-42): Um dos malfeitores que tinham sido crucificados com Ele insultava-O, dizendo: “porventura não és Tu o Messias? Salva-Te, pois, a Ti mesmo e a nós também.” O outro, porém, tomando a palavra, repreendia-o, dizendo: “não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Connosco fez-se justiça, pois recebemos o justo castigo dos nossos crimes, porém, Este nada de mau praticou”. E dizia: “Jesus, quando chegares ao teu Reino lembra-Te de mim”. Jesus respondeu-Lhe: “em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”.

Cristo é crucificado entre malfeitores, a sua última companhia são dois ladrões. Aparente confusão do bem com o mal! O vento do Calvário envolve e fustiga as três cruzes. As palavras sinceras perante a morte são sempre solenes, e sobretudo o último pedido: “Lembra-te de mim quando chegares ao Teu reino”. O bom ladrão descobriu o Crucificado na sua própria cruz. E Jesus morre salvando: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”.

Oremos: Senhor Jesus, crucificado em estranha companhia, insultado e invocado na agonia. Nós Vos pedimos, como o bom ladrão, que não nos esqueçais, que não nos abandoneis no fim, que tenhais piedade de nós e nos leveis para a casa do Pai. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.

R. Amen.

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Frases sobre a Cruz de Jesus

– Na Eucaristia revivemos o mistério da cruz, não apenas recordamos, mas realizamos o memorial do sacrifício redentor (Papa Francisco).

– A cruz é troféu levantado contra os demónios e uma espada contra o pecado, espada com a qual Cristo trespassou a serpente (São João Crisóstomo).

– A cruz é a manifestação do amor de Deus: «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o Seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que Nele crê não se perca (São João Crisóstomo).

– A cruz não é só uma decoração para as nossas igrejas nem um símbolo que nos distingue dos outros; é o mistério do amor de Deus, o qual se humilha para a nossa salvação (Papa Francisco).

– E o que é a glória do Senhor? É sem dúvida nenhuma a cruz sobre a qual Cristo foi glorificado, Ele, o esplendor da glória do Pai. Ele mesmo o dissera, ao aproximar-se a Sua Paixão: «Agora foi glorificado o Filho do Homem e Deus foi glorificado Nele; […] e glorificá-Lo-á sem demora» (Jo 13, 31-32). A glória de que aqui se fala é a Sua subida à cruz. Sim, a cruz é a glória de Cristo e a Sua exaltação, como Ele próprio disse: «E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12, 32) (Santo André de Creta).

– Vimos sempre que os mais chegados a Cristo, Nosso Senhor, foram os que passaram pelos maiores sofrimentos. Consideremos quanto sofreu a sua gloriosa Mãe (Santa Teresa de Jesus).

– Na Cruz é o próprio Deus que mendiga  o amor da sua criatura. Ele tem sede do amor de cada um de nós (Bento XVI).

– Se quereis progredir no amor de Deus, meditai todos os dias a Paixão do Senhor. Nada contribui tanto para a santidade das pessoas como a Paixão de Cristo (São Boaventura).

– Por meio da Cruz de Cristo o maligno é vencido, a morte é derrotada, a vida é-nos doada, a esperança é-nos restituída. Isto é importante: por meio da Cruz de Cristo é-nos restituída a esperança. A Cruz de Jesus é a nossa única esperança verdadeira! (Papa Francisco).

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Via Sacra: 10ª Estação

10ª Estação: Jesus é crucificado

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus!

R. Que pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Do Evangelho de São Marcos (Mc 15, 23-26): Depois de O terem crucificado repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte a fim de ver a quem tocava cada parte. Era a hora tércia quando O crucificaram. O motivo da Sua condenação estava assim inscrito: “Rei dos Judeus”.

Chegou a hora da crucifixão: Jesus é pregado na Cruz e é levantado ao alto. Os seus braços estendidos entre o céu e a terra traçam o sinal indelével da aliança. A árvore seca da cruz tinge-se de púrpura do Sangue divino. Sempre é difícil entender a loucura da cruz, absurda para o mundo e salvação para o cristão. Doce árvore onde começa a vida, com um peso tão doce no seu exterior.

Oremos: Senhor Jesus, crucificado pelos nossos crimes, exaltado no calvário do mundo para redimir a todos: na Cruz nós Vos reconhecemos como nosso Salvador. Nós Vos bendizemos e adoramos no patíbulo da Cruz, sinal de vitória e de triunfo. Concedei-nos que saibamos aceitar as nossas cruzes de cada dia. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.

R. Amen.

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