Do Advento ao Natal: 10º passo

Dia 10: Viver alimentando a paciência

Não é verdadeiramente paciente o que não quer sofrer senão o que lhe agrada e de quem lhe agrada. O que tem real paciência não olha a quem o faz sofrer, se é seu superior, se é igual a si ou seu inferior, se é bom e santo, ou se é mau e indigno; mas aceita indiferentemente tudo de qualquer criatura todas as vezes que lhe sucede algo de mal, e tudo recebe reconhecidamente da mão de Deus, tendo-o como grande bem; porque, para Deus, qualquer coisa, mesmo pequena, por amor dele sofrida, não pode deixar de ter merecimento.

Resolução: Ter presente na mente e no coração que o que se sofre e faz por amor a Deus tem grande merecimento.

 

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Imaculada Conceição – 8 de Dezembro

Ao contrário de nós, Maria, visitada por Deus, não foge, não se esconde de si mesma, não se esconde de Deus, não esconde Deus na sua vida. Tinha consagrado a Deus toda a sua vida, a sua virgindade. Não sendo usual no mundo judaico do seu tempo, esta maneira de viver está, porém, solidamente documentada por parte de homens e mulheres. Ao contrário do homem do Génesis e desta sociedade em que vivemos, Maria não se esconde de Deus, recebendo e aceitando com amor intenso a sua nova Vocação que lhe vem de Deus. Maria vai ser a Mãe, não de um filho, mas do Filho há muito ansiado, esperado e anunciado nas páginas da Escritura Santa Antiga. É o Filho de Deus, totalmente consubstancial a Deus, e é o Filho de Maria, totalmente consubstancial à sua Mãe. Por isso, «Alegra-te, Maria», «não tenhas medo», «o Senhor está contigo» (Lucas 1,28 e 30). Alguns anos mais tarde, as mulheres que vão ao túmulo de Jesus ouvirão também a mesma música divina: «Alegrai-vos», «não tenhais medo» (Mateus 28,5 e 9).

«Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua Palavra» (Lucas 1,38). Deus chama, mas não impõe. A Maria, e a cada um de nós. Podemos sempre aceitar Deus ou esconder-nos de Deus. Deixar Deus entrar, ou fechar-lhe a porta. Maria aceitou, e, por isso, todas as gerações a proclamarão Bem-aventurada (Lucas 1,48). Feliz és tu, Maria, pioneira de um mundo novo, porque acreditaste em tudo quanto te foi dito da parte do Senhor (Lucas 1,45)! Feliz também aquele que ouve a Palavra de Deus e a põe em prática (Lucas 11,28)!

Foi o Concílio de Basileia (1439) que sugeriu a definição do dogma da Imaculada Conceição, proclamado depois por Pio IX em 08 de Dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Deus. Note-se que o termo «conceção», na linguagem bíblica, indica a totalidade da existência. A existência de Maria está, desde o seu início, sob a proteção de Deus, marcada com o selo de Deus, não estando nunca sob o selo do pecado original, que mostra a existência humana marcada por um projeto alternativo ao de Deus, em que cada existência humana, eu, o meu pai, os filhos que aparecerão sobre a face da terra, queremos ser por nossas próprias forças «como deus, conhecedores do bem e mal» (Génesis 3,5).

Esta celebração da Mãe de Deus e nossa Mãe e Padroeira Principal de Portugal é um desafio imenso para o homem «em fuga» deste tempo, que se esconde de si mesmo, que continua a esconder-se de Deus, e que pretende esconder Deus, retirando-o da via pública e da vida pública. Homem deste tempo às escuras, engessado, triste, exilado, escondido, anestesiado e medicado, volta para a Luz, reentra em tua casa, no teu coração despedaçado. Há-de seguramente por lá haver ainda, caída no fundo da alma, uma lágrima dorida e uma mão de Mãe à tua espera!

António Couto, Texto resumido e adaptado

 

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Do Advento ao Natal: 9º passo

Dia 9: A disposição interior diante das provas da vida

Quanto melhor te dispões a sofrer, tanto mais sabiamente ages e mais mereces, e também suportas melhor os sofrimentos, visto que a coragem e o hábito a isso te ajudam. Não digas: “Não consigo suportar tais coisas de tal homem; não as posso aguentar porque me fez uma grave ofensa e me censura de coisas que nunca pensei; mas, doutro, sofrê-las-ei de boa vontade, como acho dever sofrê-las”. É louco tal pensamento, pois não considera a virtude da paciência, nem como ela há-de ser recompensada, mas, pelo contrário, tem em conta as pessoas e as ofensas feitas.

Resolução: Suportar com paciência as ofensas de qualquer pessoa, seja inferior ou superior hierárquico, rico ou pobre, de boa ou má fama.

 

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2º Domingo do Advento – Ano B

O Evangelho proclamado neste II Domingo do Advento, Ano B, (Mc 1, 1-8), apresenta-nos a figura e a obra de João Baptista, que nos mostrou um itinerário de fé, semelhante ao que o Advento nos propõe. Trata-se de um caminho de conversão. Na Bíblia, a conversão significa primeiro mudar de direcção e orientação; e, portanto, mudar também a maneira de pensar. Na vida moral e espiritual, converter significa passar do mal ao bem, do pecado ao amor de Deus. Era isto que João Baptista no deserto da Judeia ensinava ao proclamar um baptismo de conversão para a remissão dos pecados. Receber o baptismo foi um sinal externo e visível da conversão de quem ouviu a sua pregação e decidiu fazer penitência. Aquele baptismo ocorria com a imersão no Jordão, na água, mas era inútil, era apenas um sinal e era inútil, quando não havia a disponibilidade de se arrepender e mudar a vida.

A conversão envolve a dor pelos pecados cometidos, o desejo de se livrar deles, o propósito de excluí-los da própria vida para sempre. Para excluir o pecado, é preciso também rejeitar tudo o que está ligado a ele: a mentalidade mundana, a excessiva estima do conforto, do prazer, do bem-estar, da riqueza.

João Baptista era um homem austero, renuncia ao supérfluo e busca o essencial. Aqui está o primeiro aspecto da conversão: desapego do pecado e do mundanismo, e o segundo é a busca de Deus e do seu reino. O abandono do conforto e da mentalidade mundana não é um fim em si mesmo, mas visa alcançar algo maior, ou seja, o reino de Deus, a comunhão com Deus, a amizade com Deus.

Mas isto não é fácil porque há tantos laços que nos mantêm próximos do pecado: a inconstância, o desânimo, a malícia, os ambientes nocivos, os maus exemplos. Às vezes o impulso que sentimos para com o Senhor é muito fraco e quase parece que Deus se cala. Nesta situação é-se tentado a dizer que é impossível se converter verdadeiramente, e em vez de se converter do mundo para Deus, corre-se o risco de permanecer na “areia movediça” de uma existência medíocre. Contudo lembremo-nos de que a conversão é uma graça, que deve ser pedida a Deus com força. Nós convertemo-nos verdadeiramente na medida em que nos abrimos à beleza, à bondade, à ternura de Deus. Então deixamos o que é falso e efémero, para o que é verdadeiro, belo e dura para sempre (Papa Francisco, Angelus (resumo), 6 de Dezembro, 2020).

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Do Advento ao Natal: 8º passo

Dia 8: Suporta as tuas “queixinhas” com paciência

Deixa de te queixar, depois de olhares a minha paixão e a dos outros santos. Ainda não resististe até ao sangue. O que sofres é pouco em comparação com aqueles que tanto sofreram, que tão fortemente foram tentados, tão duramente atribulados, de tantos modos provados e experimentados. Precisas, por isso, de ter presentes os maiores sofrimentos dos outros para melhor suportares os teus, tão pequenos.

Resolução: Considerar as tribulações como menores, aliás, mínimas, quando comparadas com as sofridas pelos santos e tantas outras pessoas.

 

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Do Advento ao Natal: 7º passo

Dia 7: Agradecer ao Senhor pelos seus ensinamentos

Oh, quantas graças te devo dar, por te teres dignado mostrar, a mim e a todos os fiéis, o caminho direito e bom para o teu eterno Reino! Se não nos tivesses precedido e ensinado, quem pensaria em seguir-te? Ah, quantos ficariam para trás, se não olhassem os teus admiráveis exemplos! Mesmo agora, com todos os teus sinais e doutrinas; somos mornos; que seria de nós, se não tivéssemos tanta luz para te seguir?

Resolução: Agradecer com frequência a Jesus por ter ensinado com o exemplo da sua vida e os seus santos ensinamentos, e pedir-lhe para o seguires fielmente com o máximo reconhecimento

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Do Advento ao Natal: 6º passo

Dia 6: Seguir Jesus aprendendo dos santos

Senhor, porque foste paciente em tua vida, cumprindo nisto, perfeitamente, o que teu Pai te pedia, é justo que eu, miserável pecador, me aguente com paciência, segundo a tua vontade, e que, enquanto o quiseres, carregue, para minha salvação, o peso da vida corruptível. Pois, ainda que se ache pesada a vida presente, ela tornou-se, contudo, por tua graça, bem cheia de merecimentos e, pelo teu exemplo e o dos teus santos, tolerável e preciosa.

Resolução: Escolher uma santa ou santo de quem se sinta próximo, meditar na sua vida, e em como venceu as dificuldades.

 

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Do Advento ao Natal: 5º passo

Dia 5: Aprender a suportar as dificuldades da vida

Filho, Eu desci do Céu para tua salvação, carreguei todas as tuas misérias, não por necessidade, mas por caridade, para que aprendesses a paciência e soubesses suportar todos os males deste mundo. Na verdade, desde a hora em que nasci até à morte na cruz, nunca a dor me abandonou. Sofri toda a falta das coisas deste mundo; ouvi muitos que se queixavam de mim; suportei de bom ânimo as humilhações e as infâmias; pagaram-me com ingratidão o bem que fiz, com blasfémias, os milagres, com injúrias, a doutrina.

Resolução: Meditar na vida de Jesus, para aprender a suportar com paciência as misérias da vida.

 

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A bênção

A bênção é uma dimensão essencial da oração. Ao Senhor que nos abençoa, respondemos bendizendo-O por nos ter abençoado e pela bênção recebida. Nas primeiras páginas da Bíblia, aparece Deus ocupado na criação: à sua palavra, surgem o universo e os seres que o embelezam e povoam. Depois, contemplando a sua obra, «viu que era boa (…), muito boa». O Senhor alegra-Se nela e «diz bem» dela. Deus bendiz e abençoa, sendo esta bênção dotada duma força particular que acompanha e configura toda a vida do ser que a recebe. E mesmo que tal bênção pareça estiolar, como sucedeu com o ser humano ao degenerar no pecado, nada poderá apagar aquela primeira marca de bondade recebida de Deus. Por isso, toda a esperança do mundo está posta nesta bênção imutável de Deus. Por exemplo, um ser humano pode permanecer nos seus erros por muito tempo, mas Deus continua pacientemente a esperar que aquele coração mude e retorne à sua bondade primordial. Mas Ele não Se limitou a esperar; «quando éramos ainda pecadores» (Rm 5, 8), recebemos do Céu a maior bênção do Pai: o seu Filho, que Se fez carne e por nós morreu na cruz. «Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que (…) nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo». Está aqui a explicação dos milagres sem conta de homens e mulheres que vemos renascer. Eram incapazes, sozinhos, de retornar à bênção primordial, mas envolveu-os a graça de Cristo que os tornou «santos e irrepreensíveis em caridade na sua presença». É verdade! Ele toma-nos como somos, mas nunca nos deixa como estávamos.

Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral, 2 de Dezembro, 2020

Audiência Geral sobre a Bênção

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2020/documents/papa-francesco_20201202_udienza-generale.html

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Do Advento ao Natal: 4º passo

Dia 4: O valor da paciência segundo a fé cristã

Filho, assim te deves manter, se desejas caminhar comigo. Tão pronto para sofrer como para ter alegria; tão livre em ser fraco e pobre como rico e cheio de abundância.
Senhor, sofrerei de boa vontade por ti o que quiseres que sobre mim desça… Conquanto não me queiras repelir para sempre, nem risques o meu nome do livro da vida, nenhuma tribulação me prejudicará.

Resolução: Deus acima de tudo, na alegria e na doença, na abundância como na privação, etc.

 

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