Deus não sabe perdoar sem fazer festa

O Evangelho da Liturgia deste Domingo (3º Domingo da Quaresma – Ano C) conta a parábola do filho pródigo (cf. Lc 15,11-32). Ela conduz-nos ao coração de Deus, que sempre perdoa com compaixão e ternura, sempre. Deus perdoa sempre, nós é que nos cansamos de pedir perdão, mas Ele perdoa sempre. Diz-nos que Deus é Pai, que não só acolhe de novo, mas que também se alegra e faz festa pelo retorno do seu filho para casa depois de ter desperdiçado todos os seus bens. Nós somos esse filho, e comove pensar o quanto o Pai nos ama e sempre espera por nós… Deus não sabe perdoar sem fazer festa!

Papa Francisco, Angelus, 27de Março, 2022

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4º Domingo da Quaresma – Ano C

Caminhada quaresmal – 27 de Março
A experiência da misericórdia

Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e os pecadores para o escutar. Os fariseus e os escribas, porém, murmuravam, dizendo: «Este acolhe pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então esta parábola: (…) Um homem tinha dois filhos (Lc 15, 1-3.11).

A misericórdia de Deus ressuscita-nos. Se a vivermos, ela torna-se no dom que constantemente oferecemos aos outros. Como o filho mais novo da parábola, ainda que desçamos tão fundo como ele, a misericórdia sempre nos espera para nos acolher, apesar de estarmos presos e encerrados no túmulo da perdição. O verdadeiro protagonista da parábola do filho pródigo é o pai (Deus). Por duas vezes ele repete o mesmo grito de alegria: “Este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e o encontramos”. Este grito revela o que há no seu coração de pai (Deus).

Alegra-te, porque a misericórdia de Deus é eterna.

Oração: Deus de misericórdia, que, pelo vosso Filho, realizais admiravelmente a reconciliação do género humano, concedei ao povo cristão fé viva e espírito generoso, a fim de caminhar alegremente para as próximas solenidades pascais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo

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Caminhada quaresmal – 26 de Março

Conversar com Ele

Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador (Lc 18,13).

Creiamos firmemente no nosso Deus que perdoa todas as nossas ofensas sem Se cansar, e ousemos dar um humilde passo na sua direcção.

Oração: Celebrando com alegria a observância quaresmal, nós Vos suplicamos, Senhor: fazei-nos caminhar fervorosamente para os mistérios pascais, a fim de podermos gozar plenamente os seus frutos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

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Consagração da Rússia e da Ucrânia ao Coração Imaculado de Maria

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso acto que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo. (Excerto da Consagração ao Imaculado Coração de Maria).

Texto completo da “Consagração ao Coração Imaculado de Maria”

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/prayers/documents/20220325-atto-consacrazione-cuoredimaria.html

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Caminhada quaresmal – 25 de Março

Anunciação do Senhor: ser todo(a) d’Ele

Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo (Lc 1, 28).

Com a Bem-aventurada Virgem Maria e como Ela, também nós somos cheios de graças; saibamos exprimir a nossa gratidão pela obra da Salvação consumada por Cristo, nosso Redentor.

Oração: Deus, Pai santo que na vossa benigna providência quisestes que o vosso Verbo assumisse verdadeira carne humana no seio da Virgem Maria, concedei-nos que, celebrando o nosso Redentor como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, mereçamos também participar da sua natureza divina. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

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Caminhada quaresmal – 24 de Março

Começar deveras

Eles, porém, não Me ouviram, não Me prestaram atenção; endureceram a sua cerviz e agiram pior que os seus pais (Jer 7,26).

Estamos a meio da Quaresma. Escolhamos um ponto a converter na nossa vida que só Jesus conheça.

Oração: Humildemente Vos pedimos, Senhor: à medida que se aproxima o dia da nossa redenção, fazei que nos preparemos com maior generosidade para a celebração do mistério pascal. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

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Acto de Consagração ao Imaculado Coração de Maria

Publicamos o texto integral da Oração do Acto de Consagração ao Imaculado Coração de Maria de “nós mesmos, a Igreja e a Humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia”.

Acto de Consagração ao Coração Imaculado de Maria

Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.

Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!

Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais connosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história.

Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.

Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.
Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:

Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;
Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;
Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;
Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;
Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;
Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;
Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;
Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.

O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.

Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.

Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amen.

 

 

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Caminhada quaresmal – 23 de Março

Cumprir a lei do amor

Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição (Mt 5,17).

Hoje vou fazer pelo menos dois actos de amor gratuito para com Deus ou/e o próximo.

Oração: Concedei-nos, Senhor, que, instruídos pela observância quaresmal e alimentados pela vossa palavra, nos consagremos totalmente a Vós e perseveremos unidos na oração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

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Caminhada quaresmal – 22 de Março

Vem em minha ajuda!

Não nos confundais, mas tratai-nos com a vossa doçura habitual e com todas as riquezas da vossa misericórdia (Dn 3, 41-42).

Não hesitemos em chamar o Senhor com humildade: «Deus, vinde em nosso auxílio. Senhor, socorrei-nos e salvai-nos!»

Oração: Não nos abandone, Senhor, a vossa graça: ela nos torne dedicados ao vosso serviço e nos obtenha sempre a vossa ajuda. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

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Deus não nos trata segundo os nossos pecados (Sl 103, 10)

O Evangelho do 3º Domingo da Quaresma apresenta-nos Jesus a comentar dois acontecimentos: o desabamento de uma torre que matou dezoito pessoas e a morte de alguns galileus que Pilatos mandara matar. Eram estas pessoas culpadas diante de Deus e Deus castigou-as? É ele que nos envia uma guerra ou uma pandemia para nos castigar pelos nossos pecados? E por que o Senhor não intervém?

Devemos estar atentos: quando o mal nos oprime, corremos o risco de perder a lucidez e, a fim de encontrar uma resposta fácil para o que não podemos explicar, acabamos por dar a culpa a Deus. E muitas vezes o terrível e mau hábito da blasfémia vem daqui. Quantas vezes atribuímos a Ele as nossas desgraças, as desventuras do mundo Àquele que, ao contrário, nos deixa sempre livres e por isso nunca intervém impondo-se, apenas propondo; Àquele que nunca usa a violência e, aliás, sofre por nós e connosco! Na realidade, Jesus recusa e desafia fortemente a ideia de imputar os nossos males a Deus: as pessoas assassinadas por Pilatos e aquelas que morreram debaixo da torre não eram mais culpadas do que outras e não são vítimas de um Deus impiedoso e vingativo, que não existe! O mal nunca pode vir de Deus porque ele «não nos trata segundo os nossos pecados» (Sl 103, 10), mas segundo a sua misericórdia. Esse é o estilo de Deus. Ele não pode tratar-nos de outra forma. Trata-nos sempre com misericórdia.

Mas em vez de dar a culpa a Deus, Jesus faz um apelo à CONVERSÃO porque é o pecado que produz a morte; é o nosso egoísmo que dilacera as relações; são as nossas escolhas erradas e violentas que desencadeiam o mal. Onde reina o amor e a fraternidade, o mal já não tem poder!

Contudo, Jesus sabe que a conversão não é fácil, que muitas vezes voltamos a cair nos mesmos erros e pecados, que desanimamos e talvez nos pareça que o nosso compromisso com o bem é inútil num mundo onde o mal parece reinar. Jesus encoraja-nos contando a parábola da figueira que não dá fruto no tempo próprio mas não é cortada: é-lhe dada outra possibilidade de vir a dar fruto. Esta parábola fala-nos da paciência de Deus para connosco. Deus confia em nós e acompanha-nos com paciência. Deus é Pai e olha para nós como um pai: como o melhor dos pais. Ele não vê os resultados que ainda não conseguimos, mas os frutos que ainda podemos dar; ele não conta os nossos fracassos, mas encoraja as nossas possibilidades; não se detém no nosso passado, mas aposta confiante no nosso futuro.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 20 de Março, 2022

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