14º Domingo do Tempo Comum – Ano C

DSC_0332-copia

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 10, 1-12.17-20)

Naquele tempo, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. Disse-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe. Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós. Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que lá houver, pois o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos for servido, curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: ‘O Reino de Deus já está próximo de vós.’ Mas, em qualquer cidade em que entrardes e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: Até o pó da vossa cidade, que se pegou aos nossos pés, sacudimos, para vo-lo deixar. No entanto, ficai sabendo que o Reino de Deus já chegou.’»

Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios se sujeitaram a nós, em teu nome!» Disse-lhes Ele: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Olhai que vos dou poder para pisar aos pés serpentes e escorpiões e domínio sobre todo o poderio do inimigo; nada vos poderá causar dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos no Céu.»

Reflexão

O Evangelho deste 14º Domingo apresenta-nos Jesus a enviar em missão 72 discípulos. O número 72 traduz a universalidade: somos todos enviados por Jesus! Na mentalidade hebraica, eram 72 as nações que povoavam a terra. Assim, ao escolher um discípulo por nação, Jesus possibilita que todas as nações possam escutar o Evangelho!

O envio dos 72 discípulos aparece só no Evangelho de Lucas e vinca bem a qualidade missionária deste Evangelho, que faz missionários, não apenas os Doze, mas todos os discípulos de Jesus! Sem equívocos: ser cristão ou discípulo de Jesus é ser missionário. Ser missionário não é uma segunda vocação, facultativa. Sempre sem equívocos: SER CRISTÃO É SER MISSIONÁRIO! É viver intensamente de Jesus e com Jesus, e partir, sair de si, para levar Jesus ao coração dos nossos irmãos. A grande Apóstola das ruas de Ivry, Madeleine Delbrêl (1904-1964), dizia as coisas assim, de maneira contundente: “A missão não é facultativa. Os meios ateus [e indiferentes] em que vivemos impõem-nos uma escolha: MISSÃO OU DEMISSÃO CRISTÔ.

As palavras de Jesus constituem uma espécie de carta fundacional onde os Seus seguidores hão-de alimentar-se na sua missão evangelizadora. Eis algumas linhas mestras.

Ide. Responde melhor ao desejo original de Jesus uma Igreja não virada sobre si mesma mas saindo para fora de si que caminha pela história segundo a lógica do envio: saindo de si mesma, pensando nos outros, servindo ao mundo a Boa Nova de Deus. “A Igreja não está aí para si mesma, mas para a humanidade” (Bento XVI).

Quando entrardes numa terra… curai os doentes e dizei: está próximo de vós o reino de Deus. Esta é a grande notícia: Deus está próximo de nós animando-nos a fazer mais humana a vida. Mas não basta afirmar uma verdade para que seja atractiva e desejável. É necessário rever a nossa actuação. Não basta pregar sermões desde o altar. Temos de aprender a escutar mais, a acolher, a curar a vida dos que sofrem… só assim encontraremos palavras humildes e boas que possibilitem o encontro com Jesus cuja ternura insondável nos coloca em contacto com Deus, o Pai Bom de todos.

Quando entrardes numa casa, dizei primeiro: Paz a esta casa. A Boa Nova de Jesus comunica-se com respeito total, desde uma atitude amistosa e fraterna, contagiando paz. É um erro pretender impô-la a partir da superioridade, da ameaça ou do ressentimento. É anti-evangélico tratar sem amor as pessoas só porque não aceitam a nossa mensagem. Mas, como o aceitarão se não se sentem compreendidas por aqueles que se apresentam em nome de Jesus?

Palavra para o caminho

Cheios de alegria os discípulos informam que, usando o nome de Jesus, conseguiram expulsar até os demónios! Jesus ajuda-os no discernimento. Se eles conseguiram expulsar os demónios, foi porque ele, Jesus, lhes tinha dado este poder. Estando com Jesus, nada de mal lhes pode acontecer. E Jesus acrescenta que o mais importante não é expulsar os demónios, mas sim ter o nome inscrito no céu. Ter o nome inscrito no céu é ter a certeza de ser conhecido e amado pelo Pai. Pouco antes, Tiago e João tinham pedido que um fogo caísse do céu para matar os samaritanos (Lc 9,54). Agora, pelo anúncio da Boa Nova, é Satanás que cai do céu (Lc 10,18) e os nomes dos discípulos samaritanos entram no céu!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *