“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”

Na alocução que precedeu a oração do Regina Coeli deste 6º Domingo da Páscoa, o Papa Francisco disse que neste tempo pascal a Palavra de Deus continua a indicar-nos estilos de vida coerentes para sermos a comunidade do Senhor Ressuscitado. De entre esses estilos, o Evangelho de hoje apresenta-nos o pedido de Jesus: “Permanecei no meu amor”. Viver na corrente do amor de Deus, estabelecer nela a nossa morada segura, é a condição para que o nosso amor não perca pelos caminhos da vida o ardor e a audácia. Devemos acolher com gratidão o amor que vem do Pai e permanecer neste amor, tentando não nos separar dele pelo egoísmo e o pecado. É um programa exigente mas não impossível.

É importante tomar consciência de que o amor de Cristo não é um sentimento superficial, mas uma atitude fundamental do coração, que se manifesta no viver como Ele quer. De facto, Jesus afirma: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor”.

O amor realiza-se na vida de todos os dias, nos comportamentos, nas acções; caso contrário é apenas algo ilusório. São palavras, palavras, palavras: isso não é amor. O amor é concreto, todos os dias. Jesus pede-nos para observar os seus mandamentos, que se resumem nisto: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”.

Como fazer para que o amor que o Senhor Ressuscitado nos dá possa ser partilhado com os outros? Várias vezes, Jesus indicou quem é o outro que se deve amar, não com palavras, mas com obras. O outro é aquele que encontro no meu caminho e me interpela com o seu rosto e a sua história; é aquele que, com a sua presença, me impulsiona a sair dos meus interesses e das minhas seguranças; é aquele que espera a minha disponibilidade de o acolher e caminhar junto com ele um troço da mesma estrada.

Isto implica que eu tenha disponibilidade para quem quer que seja, independentemente da situação em que se encontra, começando por aquele que está próximo de mim na família, na comunidade, no trabalho, na escola. Desta forma, se eu permaneço unido a Jesus, o seu amor pode alcançar o outro e atraí-lo para Si, para a Sua amizade.

O amor pelos outros não pode ser reservado unicamente para momentos excepcionais, mas deve tornar-se a constante da nossa existência. É por isso que somos chamados, por exemplo, a proteger os idosos como um tesouro precioso e com amor, cuidar dos doentes, mesmo no último estádio de vida. É por isso que os nascituros devem ser sempre acolhidos. É por isso que, em última análise, a vida deve ser sempre protegida e amada desde a concepção até à morte natural. Isto é amor.

Somos amados por Deus em Jesus Cristo, que nos pede para nos amarmos uns aos outros como Ele nos ama. Mas nós não o conseguiremos se não tivermos o seu próprio coração. A Eucaristia, à qual somos chamados a participar todos os Domingos, tem como finalidade formar em nós o Coração de Cristo, de modo que toda a nossa vida seja guiada pelas suas atitudes generosas.

Papa Francisco, Regina Coeli (resumo), 6 de Maio, 2018

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *