Para ser santo não é necessário ser bispo, sacerdote, religioso ou religiosa. Todos nós somos chamados a ser santos vivendo com amor e oferecendo a cada um o seu próprio testemunho nas ocupações de todos os dias, ali onde se encontra. Neste sentido, toda a actividade, pequena ou grande que seja – o trabalho e o descanso, a vida familiar e social, o exercício de responsabilidades políticas, culturais e económicas – toda a actividade, se vivida em união com Jesus e com uma atitude de amor e de serviço, é uma oportunidade para viver em plenitude o Baptismo e a santidade evangélica.
Jesus apresenta-se como a verdadeira videira e convida-nos a permanecer unidos a Ele para podermos dar muito fruto. A videira é uma planta que forma uma única coisa com os ramos; e os ramos só são fecundos quando estão unidos à videira. Esta relação é o segredo da vida cristã e o evangelista João expressa-a com o verbo permanecer, que na passagem do evangelho de hoje é repetida sete vezes.
Trata-se de permanecer com o Senhor para encontrar a coragem de sair de nós mesmos, das nossas comodidades, dos nossos espaços restritos e protegidos, para entramos no mar aberto das necessidades dos outros e dar ampla respiração ao nosso testemunho cristão no mundo. Essa coragem de entrar nas necessidades dos outros nasce da fé no Senhor ressuscitado e da certeza de que o seu Espírito acompanha a nossa história. Neste sentido, um dos frutos mais maduros que brota da comunhão com Cristo é, de facto, o compromisso de caridade para com o próximo, amando os irmãos com abnegação de si mesmo, até às últimas consequências, como Jesus nos amou. O dinamismo da caridade do crente não é o resultado de estratégias, não nasce de solicitações externas, de instâncias sociais ou ideológicas, mas do encontro com Jesus e do permanecer em Jesus. Ele é para nós a videira da qual absorvemos a linfa, isto é, a vida para levar para a sociedade uma maneira diferente de viver e de se doar, que coloca em primeiro lugar os últimos.
Quando alguém é íntimo com o Senhor, como são íntimos e unidos entre si a videira e os ramos, tem-se a capacidade de produzir frutos de vida nova, de misericórdia, de justiça e de paz, derivados da ressurreição do Senhor. Isto é o que os santos fizeram, aqueles que viveram em plenitude a vida cristã e o testemunho da caridade, porque foram verdadeiros ramos da videira do Senhor.
Papa Francisco, Regina Coeli (resumo), 29 de Abril de 2018