Jesus vai ao deserto para se preparar para a sua missão no mundo. Ele não precisa de se converter, mas, como homem, deve passar por esta provação, seja para si mesmo, para obedecer à vontade do Pai, seja por nós, para nos dar a graça de vencer as tentações.
Também para nós, a Quaresma é um tempo de luta espiritual: somos chamados a enfrentar o Maligno mediante a oração para ser capazes, com ajuda de Deus, de vencê-lo na nossa vida quotidiana. O mal, infelizmente, trabalha na nossa existência e ao nosso redor, onde se manifestam violências, a rejeição do outro, fechamentos, guerras, injustiças. Tudo isto são obras do Maligno, do mal.
Depois das tentações, Jesus começa a pregar a Boa Nova que exige do homem conversão e fé. Nunca estamos suficientemente orientados para Deus e devemos continuamente dirigir a nossa mente e o nosso coração para Ele. Para fazê-lo, é preciso ter coragem de rejeitar tudo o que nos desvia do caminho, os falsos valores que nos enganam atraindo de modo subtil o nosso egoísmo. Pelo contrário, devemos confiar no Senhor, na sua bondade, no seu projecto de amor para cada um de nós.
A Quaresma é um tempo de penitência, mas não de tristeza. É um compromisso alegre e sério para nos desnudarmos do egoísmo, do nosso homem velho, e renovar-nos segundo a graça do nosso Baptismo. Só Deus nos pode dar a verdadeira felicidade: é inútil perdermos o nosso tempo buscando-a noutros lugares, nas riquezas, nos prazeres, no poder, na carreira. O Reino de Deus é a realização de todas as nossas aspirações mais profundas e mais autênticas, porque é, ao mesmo tempo, salvação do homem e glória de Deus”.
Assim, neste primeiro Domingo da Quaresma, somos convidados a escutar com atenção e acolher este chamamento de Jesus para nos convertermos e para acreditar no Evangelho.
Papa Francisco, Resumo do Angelus, 18 de Fevereiro de 2018