Nestes últimos Domingos, o Evangelho, segundo a narração de Marcos, apresenta-nos Jesus que cura os doentes de todos os tipos. Nenhuma doença é causa de impureza: a doença certamente envolve toda a pessoa, mas de modo algum afecta ou impede o seu relacionamento com Deus. Pelo contrário, uma pessoa doente pode estar ainda mais unida a Deus. O pecado, esse sim, torna-nos impuros! O egoísmo, o orgulho, o entrar no mundo da corrupção, essas são doenças do coração das quais é preciso sermos purificados, dirigindo-nos a Jesus como o leproso: “Se queres, tens o poder de me purificar”. Ao ouvir isto Jesus sente compaixão. Não se entende a obra de Cristo, não se entende o próprio Cristo, se não entrarmos no seu coração cheio de compaixão. É isso que o leva a estender a mão ao homem que sofre de lepra, tocá-lo e dizer-lhe: “Eu quero, fica purificado”.
O facto mais perturbador é que Jesus toca o leproso, porque isso era absolutamente proibido pela lei mosaica. Tocar um leproso significava tornar-se impuro. Mas, neste caso, o influxo não vai do leproso para Jesus para transmitir o contágio, mas de Jesus para o leproso para lhe dar a purificação. Nesta cura, admiramos, além da compaixão, também a audácia de Jesus, que não se preocupa nem com o contágio, nem com as prescrições, mas é movido somente pela vontade de libertar aquele homem da maldição que o oprime.
Todas as vezes que nos aproximamos do Sacramento da Reconciliação com o coração arrependido, o Senhor repete também a nós: “Eu quero, fica purificado!”. Assim a lepra do pecado desaparece, voltamos a viver com alegria o nosso relacionamento filial com Deus e somos readmitidos plenamente na comunidade.
Papa Francisco, Resumo do Angelus de 11 de Fevereiro de 2018