Faz hoje 39 anos que o Papa João Paulo I (Albino Luciani) faleceu (28 de Setembro de 1978). Ficou conhecido como o “Papa do sorriso”. Governou a Santa Sé apenas durante 33 dias, entre 26 de Agosto de 1978 até à data da sua morte.
No dia de aniversário do seu falecimento publicamos este testemunho do Papa Bento XVI pronunciado no “Angelus” de 28 de Setembro de 2008.
Reflectindo sobre estes textos bíblicos, pensei imediatamente no Papa João Paulo I, do qual precisamente hoje se celebra o trigésimo aniversário da morte. Ele escolheu como mote episcopal o mesmo de São Carlos Borromeu: Humilitas. Uma só palavra que sintetiza o essencial da vida cristã e indica a virtude indispensável de quem, na Igreja, está chamado ao serviço da autoridade. Numa das quatro audiências concedidas durante o seu brevíssimo pontificado disse, entre outras coisas, com aquele tom familiar que o distinguia: “Limito-me a recomendar uma virtude, tão querida ao Senhor: disse: aprendei de mim que sou manso e humilde de coração… Mesmo se fizerdes coisas grandiosas, dizei: somos servos inúteis”. E observou: “Mas todos nós tendemos antes para o contrário: pôr-nos em evidência” (Insegnamenti di Giovanni Paolo I, p. 51-52). A humildade pode ser considerada o seu testamento espiritual.
Graças precisamente a esta sua virtude, foram suficientes 33 dias para que o Papa Luciani entrasse no coração do povo. Nos discursos usava exemplos tirados de acontecimentos de vida concreta, das suas recordações de família e da sabedoria popular. A sua simplicidade era veículo de um ensinamento sólido e rico, que, graças ao dom de uma memória excepcional e de uma vasta cultura, ele enriquecia com numerosas citações de escritores eclesiásticos e profanos. Deste modo foi um inigualável catequista, nas pegadas de São Pio X, seu conterrâneo e predecessor, primeiro na cátedra de São Marcos e depois na de São Pedro. “Devemos sentir-nos pequenos diante de Deus”, disse naquela mesma Audiência. E acrescentou: “Não me envergonho de me sentir como uma criança diante da mãe: acredita-se na mãe, eu creio no Senhor, naquilo que me revelou” (ibid., p. 49). Estas palavras mostram toda a consistência da sua fé. Ao agradecermos a Deus por tê-lo concedido à Igreja e ao mundo, valorizemos o seu exemplo, comprometendo-nos a cultivar a sua mesma humildade, que o tornou capaz de falar a todos, sobretudo aos pequeninos e aos chamados distantes. Invoquemos por isto Maria Santíssima, humilde Serva do Senhor.
Bento XVI