As fontes cristãs apresentam Jesus inteiramente dedicado a libertar as pessoas do medo. Dava-lhe pena ver as pessoas aterrorizadas pelo poder do Império Romano, intimidadas pelas ameaças dos mestres da Lei, distanciadas de Deus pelo medo da sua ira, culpadas pela sua pouca fidelidade à Lei. Do seu coração, repleto de Deus, somente podia brotar um desejo: «Não tenhais medo». São palavras de Jesus que se repetem sempre nos evangelhos e que deveriam ser as mais repetidas na Igreja.
O medo apodera-se de nós quando no nosso coração cresce a desconfiança, a insegurança ou a falta de liberdade interior. Este medo é o problema central do ser humano e somente podemos libertar-nos dele, enraizando a nossa vida num Deus que só quer o nosso bem. Assim entendia Jesus. Por isso, dedicou-se a despertar a confiança no coração das pessoas.
São muitos os medos que fazem as pessoas sofrerem em segredo. O medo faz mal, muito mal. Onde cresce o medo, perde-se de vista Deus e abafa-se a bondade que há no coração das pessoas. A vida apaga-se, a alegria desaparece.
Uma comunidade de seguidores de Jesus deve ser, antes de tudo, um lugar onde a pessoa se liberta dos seus medos e aprende a viver confiando em Deus. Uma comunidade onde se respira uma paz contagiosa e se vive uma estreita amizade que torna possível escutar hoje o apelo de Jesus: «Não tenhais medo».
José Antonio Pagola