A nossa existência é uma peregrinação, temos uma alma migrante. Somos um povo de caminhantes, tendo Jesus por companheiro de viagem: «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos». Assim quis Ele assegurar-nos de que não Se limita a esperar-nos lá no fim da nossa viagem, mas já nos acompanha em cada um dos nossos dias. Não haverá dia algum da nossa vida em que deixaremos de ser objeto da sua solicitude. E Deus cuidará de todas as nossas necessidades; não nos abandonará nos dias tenebrosos da provação. De facto, a esperança cristã não encontra a sua raiz na sedução radiosa do futuro, mas na certeza daquilo que Deus nos prometeu e realizou em Jesus Cristo. Se Ele nos garantiu que nunca nos abandonará, se o início da nossa vocação está naquele «segue-Me» dito por Jesus e que nos garante que Ele vai sempre à nossa frente, então que havemos nós de temer? Com esta promessa, o cristão pode empreender qualquer caminho, inclusive atravessando porções do mundo ferido: mesmo em situações dramáticas, o cristão encontra-se entre aqueles que lá continuam a esperar. Como diz o Salmo 23, «ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Vós, Senhor, estais comigo». Onde reina a escuridão é que é preciso manter acesa uma luz. Ao longo do caminho, a promessa de Jesus – «Eu estarei convosco» – faz-nos permanecer de pé com esperança, confiando que o bom Deus já está em ação para realizar aquilo que humanamente parece impossível. Não há qualquer porção do mundo que escape à vitória de Cristo ressuscitado, à vitória do amor.
Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral de 26 de Abril de 2017