Eu, porém, digo-vos: Não oponhais resistência ao mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda (Mt 5, 39). Foi esta passagem que levou Gandhi a optar pela não-violência (em sânscrito ahimsa, “não injúria”) para alcançar a independência da Índia (como Luther King, †1968, nos EUA; o 25 de Abril, 1974, em Portugal; o Solidariedade, 1980, na Polónia; a queda do muro de Berlim, 1989). Diz ele: “A não-violência não consiste em renunciar à luta real contra o mal. A não-violência leva a cabo uma campanha mais activa contra o mal do que a lei de talião que, por sua natureza, apenas traz em si o aumento da perversidade. Perante o imoral, eu ergo uma oposição moral. Apaziguo a espada do tirano, desferindo-a, não com um aço mais aguçado, mas defraudando a sua esperança: ao não lhe oferecer nenhuma resistência física, ele encontrará em mim uma resistência de alma que se subtrairá ao seu assalto. Essa resistência, a princípio, cegá-lo-á, mas pouco depois obrigá-la-á a dobrar-se. E o fato de se dobrar não o humilhará, mas antes o dignificará”. E anota: “Não conheço ninguém que mais tenha feito pela humanidade do que Jesus. De facto, no cristianismo não há nada de errado. O problema sois vós, cristãos, vós que nem sequer começastes ainda a viver segundo os vossos próprios ensinamentos”. O Evangelho é, de facto, a única força revolucionária capaz de regenerar o ser humano.
Pedro Bravo, O. Carm.