Todo aquele que se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento (Mt 5, 21)

O conhecido escritor italiano, Alessandro Pronzato, publicou um livro intitulado Em busca das virtudes perdidas. A sua tese é clara: temos de prestar mais atenção às atitudes, tais como: a paciência, o respeito, a discrição, a doçura, a honradez, o sentido de dever…, se queremos viver de maneira mais humana numa sociedade onde o individualismo, a busca da eficácia e o êxito fácil parecem invadir tudo.

Entre outras coisas, Pronzato denuncia no seu livro a «profanação da linguagem» nos nossos dias. Não está na moda falar respeitosamente e com delicadeza. É mais frequente a linguagem decadente e de mau gosto. É fácil detectar três fatos lamentáveis:

A violência verbal – O falar actual reflecte, com frequência, a agressividade que habita no coração das pessoas. Da sua boca brota uma linguagem dura e implacável. Palavras ofensivas e feridoras, pronunciadas somente para humilhar e depreciar, para desqualificar e destruir. Por que está tão disseminada esta linguagem de insultos e injúrias? Às vezes, tudo provém da agressividade, da rejeição ou do desejo de vingança; outras vezes, da antipatia ou da inveja; às vezes, da superficialidade e da inconsciência.

O falar mal dos outros – Outra característica da linguagem actual é a injúria. As conversas estão repletas de palavras injustas que espalham condenações e parecem suspeitas. Palavras ditas sem amor e sem respeito, que envenenam a convivência e provocam dano. Palavras nascidas quase sempre da irritação, da mesquinhez ou da baixeza. Palavras que não estimulam nem constroem.

A vulgaridade – Outro sintoma penoso é a vulgaridade, a linguagem desenvergonhada e até obscena. Há pessoas que não conseguem expressar-se sem fazer referência de forma irreverente ao sagrado, ou utilizar termos grosseiros e indecentes. Não está na moda a linguagem amável ou as palavras educadas. Causa mais impacto o mau gosto e a transgressão.

Não perdeu actualidade a advertência de Jesus quando pede aos seus seguidores para não insultarem o irmão chamando-o de «imbecil”» ou «apóstata». Quando se tem um coração nobre e uma atitude digna, fala-se de uma maneira respeitosa e pacífica.

J. A. Pagola

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