3º Domingo do Tempo Comum (Ano A) – (Mt 4, 12-23)
“O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz”
O Evangelho deste domingo narra o início da vida pública de Jesus nas cidades e aldeias da Galileia. A sua missão não começa em Jerusalém, ou seja, no centro religioso, social e político, mas numa zona periférica, uma região desprezada pelos judeus mais observantes, devido à presença naquela região de diversas populações estrangeiras; por isto o profeta Isaías a indica como «Galileia dos povos» (Is 8, 23).
É uma terra de fronteira, uma zona de trânsito na qual se encontram pessoas diversas por raça, cultura e religião. Também nós estamos imersos todos os dias numa «Galileia dos povos», e neste tipo de contexto podemos assustar-nos e ceder à tentação de construir recintos para estarmos mais seguros, mais protegidos. Mas Jesus ensina-nos que a Boa Nova, que Ele traz, não está reservada a uma parte da humanidade, deve ser comunicada a todos. É um feliz anúncio destinado a quantos o esperam, mas também a quantos talvez já não esperem mais nada, nem sequer têm a força para procurar e perguntar.
Partindo da Galileia, Jesus ensina que ninguém está excluído da salvação de Deus, aliás, que Deus prefere partir da periferia, dos últimos, para alcançar a todos. Ensina-nos um método, o seu método, que contudo expressa o conteúdo, ou seja, a misericórdia do Pai. «Cada cristão e cada comunidade discernirá qual é o caminho que o Senhor pede, mas todos estamos convidados a aceitar esta chamada. Sair do próprio conforto e ter a coragem de chegar a todas as periferias que precisam da luz do Evangelho».
Jesus começa a sua missão não só por um lugar descentralizado, mas também por homens que se diriam, pode-se dizer assim, «de perfil baixo». Para escolher os seus primeiros discípulos e futuros apóstolos, não se dirige às escolas dos escribas e dos doutores da Lei, mas às pessoas humildes e simples, que se preparam com empenho para a vinda do Reino de Deus. Jesus vai chamá-los lá onde eles trabalham, nas margens do lago: são pescadores. Chama-os e eles seguem-no, imediatamente. Deixam as redes e vão com Ele: a sua vida tornar-se-á uma aventura extraordinária e fascinante.
Queridos amigos e amigas, o Senhor chama também hoje! O Senhor passa pelas estradas da nossa vida diária. Chama-nos para andar com Ele, para trabalhar com Ele pelo Reino de Deus, nas «Galileias» dos nossos tempos. Cada um de vós pense: o Senhor passa hoje, o Senhor olha para mim, observa-me! Que me diz o Senhor? E se algum de vós sente que o Senhor lhe diz «segue-me» seja corajoso, vá com o Senhor. O Senhor nunca desilude.
Papa Francisco