Quero falar-vos hoje da ligação entre a esperança e a oração, mais concretamente da nossa decisão de nos pormos em oração movidos pela esperança no perdão de Deus. Vemos acontecer isto na vida do profeta Jonas. Este foi chamado por Deus para ir pregar à cidade de Nínive, chamando-a à conversão. Mas o profeta não quer ir: Nínive fez demasiado mal ao seu povo, para Jonas conseguir desejar-lhe a salvação. Então o profeta toma um barco, com o propósito de seguir na direção oposta de Nínive. Uma grande tempestade, porém, ameaça afundar o barco; sobre ele, desesperados, todos começam a rezar cada um ao seu próprio deus para que os salve. Todos, todos, não! Jonas dorme no convés. O comandante acorda-o, dizendo-lhe: «Invoca o teu Deus, a ver se porventura se lembra de nós e nos livra da morte». Transparecem nestas palavras toda a esperança do ser humano na sua impotência face a um perigo mortal. É a esperança que se faz oração, uma súplica cheia de angústia que sobe dos lábios humanos em perigo iminente de morte. O facto de tais palavras saírem da boca de «pagãos», como era o comandante do barco, só confirma como a necessidade de o fazer seja intuitiva e generalizada na alma humana. O pavor instintivo de morrer desvenda a necessidade de esperar no Deus da vida. Jonas deverá constatar de novo isto mesmo, quando finalmente obedecer à chamada de Deus, avisando os ninivitas: «Dentro de quarenta dias, Nínive será destruída». Depois disso, ouvirá o rei de Nínive – também ele pagão – mandar aos seus súbditos: «Clamem a Deus com força; converta-se cada um do seu mau caminho (…). Quem sabe se Deus não se arrependerá e acalmará o ardor da sua ira, de modo que não pereçamos?» E a oração ditada pela esperança surtiu efeito, Deus realizou quanto esperavam e pediam: o navio foi salvo, o profeta aprendeu a obedecer e Deus perdoou à cidade arrependida.
Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral de 18 de Janeiro de 2017