Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 2, 16-21)
Naquele tempo os pastores foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura. Depois de terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele menino. Todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores. Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração. E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado.
Quando se completaram os oito dias, para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus indicado pelo anjo antes de ter sido concebido no seio materno.
Mensagem
O motivo que levou José e Maria a ir a Belém foi um censo imposto pelo imperador de Roma (Lc 2, 17). Periodicamente, as autoridades romanas decretavam estes censos nas diversas regiões do imenso império. Tratava-se de controlar a população e saber quantas pessoas deviam pagar os impostos. Os ricos pagavam os impostos sobre os terrenos e bens que possuíam. Os pobres pelo número de filhos que tinham. Às vezes o imposto total superava 50% do rendimento da pessoa.
Jesus nasce desconhecido, fora do ambiente familiar e dos vizinhos, fora da sua terra. “Não havia lugar para eles na hospedaria”. Teve que ser deixado num presépio (Lc 2, 7).
Os primeiros a receber a notícia do nascimento de Jesus foram uns pastores. Os pastores eram pessoas marginalizadas, pouco apreciadas e eram considerados impuros. Mas é precisamente a eles que aparece o Anjo do Senhor para lhes transmitir a grande notícia do nascimento de Jesus.
A primeira palavra do anjo é: “Não temais”! A segunda é: “Alegria para todo o povo”! A terceira é: “Hoje”! Em seguida dá três nomes a Jesus querendo indicar-nos quem é ele: Salvador, Cristo e Senhor!
“De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado»”. Uma multidão de anjos aparece e desce do céu. É o céu que desce sobre a terra. Se as pessoas pudessem experimentar o que verdadeiramente significa ser amados por Deus, tudo mudaria e a paz habitaria na terra. E seria esta a maior glória de Deus que vive no mais alto.
Lucas diz-nos que “Maria conservava estes acontecimentos meditando-os em seu coração”. Maria conservava com cuidado todos os acontecimentos na memória e meditava-os no seu coração. Meditar as coisas significa ruminá-las, iluminá-las com a luz da Palavra de Deus, para assim chegar a entender melhor todo o significado para a vida.
De acordo com a norma da Lei, o menino Jesus é circuncidado no oitavo dia depois do seu nascimento. A circuncisão era um sinal de pertença ao povo. Dava identidade à pessoa. Nesta ocasião cada menino recebia o seu nome. O menino recebe o nome de Jesus que lhe tinha sido dado pelo anjo, antes de ter sido concebido. O anjo tinha dito a José que o nome do menino devia ser “Jesus” pois “ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 21). O nome de Jesus é “Cristo”, que significa Ungido ou Messias. Jesus é o Messias esperado. O terceiro nome é “Emanuel”, que significa Deus-connosco (Mt 1, 23). O nome completo é Jesus Cristo Emanuel!
Palavra para o caminho
Nos dois primeiros capítulos do seu evangelho, Lucas apresenta Maria como modelo para a vida das comunidades. A chave é-nos dada por aquele episódio em que uma mulher do povo elogia a mãe de Jesus ao dizer: “Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram” (Lc 11, 27). Jesus modifica o elogia e diz: “Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28). Aqui está a grandeza de Maria. É no modo como Maria se refere à Palavra de Deus que as comunidades contemplam a maneira mais correcta de se relacionar com a Palavra de Deus: acolhê-la, encarná-la, vivê-la, aprofundá-la, ruminá-la, fazê-la nascer e crescer, deixar-se plasmar por ela, mesmo quando não se entende ou faz sofrer.