A obra de misericórdia espiritual que nos ensina a suportar com paciência as fraquezas do próximo deve nos fazer reflectir sobre o facto de que, com grande facilidade, sabemos reconhecer as pessoas importunas muitas vezes próximas de nós, na família e no trabalho, mas não examinamos com igual facilidade a nossa consciência, perguntando-nos se também nós não seremos fastidiosos para os outros. De facto, Deus nos ensina a ser pacientes e misericordiosos, como Ele mesmo o foi com o povo hebreu que se lamentava contra Ele durante o Êxodo, ou como Jesus que, aos Apóstolos tentados pelo poder e pela inveja, procurava, com muita paciência, fazer-lhes enxergar aquilo que era o essencial na sua missão. Neste sentido, são importantes também outras duas obras de misericórdia: ensinar os ignorantes e corrigir os que erram. Num mundo marcado pela superficialidade, pela busca de satisfações imediatas e efémeras, é muito importante saber dar conselho, admoestar e ensinar. Contudo, isso é também um apelo à humildade, para que não caiamos no erro de apontar o cisco no olho do irmão, ignorando a trave que está no nosso.
Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral de 16 de Novembro de 2016