32º Domingo do Tempo Comum – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 20, 27-40)

Aproximaram-se alguns saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-no: «Mestre, Moisés prescreveu-nos que, se morrer um homem deixando a mulher, mas não tendo filhos, seu irmão casará com a viúva, para dar descendência ao irmão. Ora, havia sete irmãos: o primeiro casou-se e morreu sem filhos; o segundo, depois o terceiro, casaram com a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram sem deixar filhos. Finalmente, morreu também a mulher. Ora bem, na ressurreição, a qual deles pertencerá a mulher, uma vez que os sete a tiveram por esposa?» Jesus respondeu-lhes: «Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se; mas aqueles que forem julgados dignos da vida futura e da ressurreição dos mortos não se casam, sejam homens ou mulheres, porque já não podem morrer: são semelhantes aos anjos e, sendo filhos da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob. Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; pois, para Ele, todos estão vivos.» Tomando, então, a palavra, alguns doutores da Lei disseram: «Mestre, falaste bem.» E já não se atreviam a interrogá-lo sobre mais nada.

Mensagem

Jesus sempre foi muito sóbrio ao falar da vida depois da ressurreição. Contudo, quando um grupo de saduceus trata de ridicularizar a fé na ressurreição dos mortos, Jesus reage.

Jesus rejeita a ideia infantil dos saduceus que imaginavam a vida dos ressuscitados como prolongamento desta vida que agora conhecemos. É um erro representarmos a vida ressuscitada por Deus a partir das nossas experiências actuais. Essa vida é, absolutamente, NOVA. Por isso, podemos esperar por ela, mas nunca descrevê-la ou explicá-la.

As primeiras gerações cristãs mantiveram essa atitude humilde e honesta diante do mistério da “vida eterna”. Paulo diz aos crentes de Corinto que se trata de algo que “os olhos nunca viram nem ouvido ouviu nem homem algum imaginou, algo que Deus preparou aos que o amam” (1Cor 2,9).

Estas palavras servem-nos como advertência sadia e de alegre orientação. De um lado, o céu é uma NOVIDADE que está para além de qualquer tipo de experiência terrestre, porém, por outro lado, é uma vida “preparada” por Deus para o cumprimento pleno das nossas aspirações mais profundas.

Isto é, justamente, o que Jesus faz ao apelar, com toda a simplicidade, para um facto aceite pelos saduceus: Deus é chamado pela tradição bíblica “Deus de Abraão, Isaac e Jacob”. Apesar deles terem morrido, Deus continua a ser o seu Deus, o seu protector, o seu amigo. A morte não pôde destruir o amor e a fidelidade de Deus para com eles.

Jesus tira a sua própria conclusão, fazendo uma afirmação decisiva para a nossa fé: “Deus não é um Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele todos estão vivos”. Deus é fonte inesgotável de vida. A morte não vai deixar Deus sem os os seus filhos e filhas queridos. Quando nós os choramos porque os perdemos nesta terra, Deus contempla-os cheios de vida porque os acolheu no seu amor de Pai. O seu amor é mais forte do que a nossa extinção biológica.

Palavra para o caminho

O acontecimento da morte e da ressurreição de Cristo é o coração do Cristianismo, o ponto central e fundamental da nossa fé, o poderoso impulso da nossa certeza, o vento forte que afugenta toda a angústia e incerteza, a dúvida e o calculismo humano (Bento XVI).

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