Deus é a Santidade. Três vezes Santo. Santo, Santo, Santo. Santo, na língua hebraica, diz-se qadôsh, cujo significado mais consistente é “separado”. Separado de quê ou de quem, podemos perguntar. Da sua criação? Parece que não, pois o Deus da Bíblia olha para ela e por ela com beleza e bondade. De nós? Obviamente não, pois o Deus da Bíblia bem vê e vê bem os seus filhos queridos, ouve a nossa voz, conhece as nossas alegrias e tristezas, desce ao nosso nível e debruça-se sobre nós com carinho. “Separado” de quê ou de quem, então? “Separado” de si mesmo, eis a surpreendente identidade de Deus. “Separado” de si mesmo, isto é, não agarrado ao seu mundo divino e dourado para o defender ciosamente. Ao contrário, o nosso Deus é um Deus que sai de si por amor, para, por amor, vir ao nosso encontro. É esta realidade que se vê bem em toda a Escritura, Antigo e Novo Testamento. Paulo, na 2ª Carta aos Coríntios, resume bem esta realidade ao falar de Jesus Cristo que, “sendo rico se fez pobre por causa de nós, para nos enriquecer com a sua pobreza” (8,9).
António Couto