18º Domingo do Tempo Comum – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 12, 13-21)

Dentre a multidão, alguém lhe disse: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo.» Ele respondeu-lhe: «Homem, quem me nomeou juiz ou encarregado das vossas partilhas?»  E prosseguiu: «Olhai, guardai-vos de toda a ganância, porque, mesmo que um homem viva na abundância, a sua vida não depende dos seus bens.»

Disse-lhes, então, esta parábola: «Havia um homem rico, a quem as terras deram uma grande colheita. E pôs-se a discorrer, dizendo consigo: ‘Que hei-de fazer, uma vez que não tenho onde guardar a minha colheita?’ Depois continuou: ‘Já sei o que vou fazer: deito abaixo os meus celeiros, construo uns maiores e guardarei lá o meu trigo e todos os meus bens. Depois, direi a mim mesmo: Tens muitos bens em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.’ Deus, porém, disse-lhe: ‘Insensato! Nesta mesma noite, vai ser reclamada a tua vida; e o que acumulaste para quem será?’ Assim acontecerá ao que amontoa para si, e não é rico em relação a Deus.»

Reflexão

Mais uma vez encontramo-nos com um dos temas favoritos de Lucas: o combate à ganância, em todas as suas formas, especialmente dentro da comunidade dos discípulos de Jesus. A parábola de hoje só se encontra neste Evangelho, sublinhando assim o interesse de Lucas pelo assunto.

Ressoa com todas as letras a advertência de Jesus dirigida os seus discípulos: “Olhai, guardai-vos de toda a ganância”. Com certeza, a caminhada de mais ou menos cinquenta anos das comunidades cristãs, até à data do escrito de Lucas, tinha mostrado que os cristãos não estavam isentos da tentação da acumulação de bens, e do individualismo. Importa realçar que o Evangelho não nega o valor nem a necessidade dos bens materiais. Afinal, sem eles não seria possível ter uma vida digna e humana, o que Deus quer para todos os seus filhos e filhas. A luta não é contra os bens, mas contra a ganância, o egoísmo, a acumulação, a confiança no aumento dos bens como valor supremo das nossas vidas.

A pergunta que Jesus faz: “E e o que acumulaste para quem será?”, levanta a pergunta fundamental que todos nós temos que responder: qual é o sentido da nossa vida? O que é realmente importante? Sobre o que baseamos a nossa felicidade? Tudo passará, tudo acabará. É uma tolice fundamentar a nossa felicidade sobre algo que necessariamente vai acabar. Podemos construir as nossas vidas sobre areia movediça, sem firmeza, ou sobre a rocha firme e imutável. Sobre coisas efémeras, ou sobre Deus e o seu projecto de solidariedade, fraternidade e partilha. A escolha é nossa!

Palavra para o caminho

A orientação da nossa vida é PARA NÓS MESMOS ou PARA DEUS? Recebemos a vida, os outros, a riqueza como um DOM e um EMPRÉSTIMO, de que devemos responder a cada momento, ou pensamos que somos DONOS de todos e de tudo?

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