Abrir ou fechar as portas ao Espírito: uma questão de vida ou de morte

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Onde está a verdadeira força dos crentes? De onde é que a Igreja pode receber vigor e alento novos? Nas primeiras comunidades cristãs pode-se observar um facto essencial: os crentes vivem de uma experiência que eles chamam “o Espírito” e que não é outra coisa que a comunicação interior do próprio Deus. Ele é o “doador de vida”. O princípio vital. Sem o Espírito, Deus fica ausente, Cristo permanece longe como um personagem do passado, o evangelho converte-se em letra morta, a Igreja em pura organização. Sem o Espírito, a esperança é substituída pelo charlatanismo, a missão evangelizadora reduz-se à propaganda, a liturgia fica congelada, a audácia da fé desaparece.

Sem o Espírito, as portas da Igreja fecham-se, o horizonte do cristianismo diminui, a comunhão desmorona, o povo e a hierarquia [padres, bispos, religiosos e religiosas] separam-se. Sem o Espírito, a catequese torna-se doutrinação, produz-se um divórcio entre teologia e espiritualidade, a vida cristã degrada-se em “moral de escravos”. Sem o Espírito, a liberdade fica asfixiada, surge a apatia ou o fanatismo, a vida apaga-se.

O maior pecado da Igreja actual é a “mediocridade espiritual”. O nosso maior problema pastoral é o esquecimento do Espírito. O facto de se pretender substituir com a organização, o trabalho, a autoridade ou a estratégia o que somente pode nascer da força do Espírito. Não basta reconhecê-lo. É necessário reagir e abrir-nos à sua acção.

O essencial hoje é abrir espaço ao Espírito. Sem Pentecostes não há Igreja. Sem Espírito não há evangelização. Sem a irrupção de Deus nas nossas vidas, não se cria nada de novo, nada de verdadeiro. Se não se deixa reavivar pelo Espírito Santo de Deus, a Igreja não poderá oferecer nada de essencial ao anseio do homem dos nossos dias.

J. A. Pagola

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