Os teólogos falam muito de Deus, quase sempre em demasia; parecem que sabem tudo de Deus: na realidade nenhum teólogo viu Deus. O mesmo acontece com os pregadores e dirigentes religiosos; falam com segurança quase absoluta; parece que no seu interior não há duvidas de qualquer espécie: contudo, nenhum deles viu Deus. Então, como purificar as nossas imagens de Deus para que não desfigurem o seu mistério santo? O evangelho de João recorda-nos a convicção que sustenta toda a fé cristã em Deus. Só Jesus, o Filho único de Deus, é “quem no-lo deu a conhecer”. Em nenhuma parte nos descobre Deus o seu coração e nos mostra o seu rosto como em Jesus. Deus disse-nos como é em Jesus. Sempre que o cristianismo ignora ou esquece Jesus, corre o risco de afastar-se do Deus verdadeiro e de o substituir por imagens distorcidas que desfiguram o seu rosto.
O Deus escondido não é um Deus ausente. No fundo da vida, por detrás das coisas, no interior dos acontecimentos, no encontro com as pessoas, nas dores e nas alegrias da existência, está sempre o amor de Deus que a tudo sustenta. São João da Cruz afirma-o desta forma tão bela: “o olhar de Deus é amar”.
J. A. Pagola