Santo Alberto de Jerusalém – 17 de Setembro

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Os primeiros Carmelitas e o Patriarca Alberto

Numa pintura antiga do século XIII, conservada num dos nossos conventos da Itália, apare­ce Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, entregando a Regra aos Carmelitas, lá no Monte Carmelo. De acordo com as informações do próprio prólogo, os primeiros carmelitas já viviam em comunidade sob a obediência de B., perto de uma fonte, lá no Monte Carmelo. Eles tinham encontrado uma nova maneira de viver o Evangelho e queriam que ela tivesse a aprovação da Igreja. Por isso, redigiram uma “proposta” e foram falar com Alberto, Patriarca de Jerusalém. Esta pro­posta é o rascunho da futura Regra do Carmo, pois, como o próprio Alberto afirma no prólogo (Regra do Carmo, 3), ele aceitou a proposta e, com a sua autoridade, transformou-a em Forma de Vida, não só para aquele primeiro grupo de carmelitas, mas também para todos nós que viemos depois. Tudo isto aconteceu entre 1206 e 1214, os anos em que Alberto foi Patriarca de Jerusalém. Não sabemos o ano certo. Alguns dizem que foi no ano 1209. É possível.

Nas poucas frases do prólogo Alberto tem a preocupação de situar os Carmeli­tas dentro da tradição do Povo de Deus. Imitando o jeito com que o apóstolo Paulo costumava começar suas cartas (Rm 1,1; 1Cor 1,1; 2Cor 1,1), Alberto apresenta a própria Regra como sendo o prolongamento e a actualização do Novo Testamento para os Carmelitas. Além disso, citando a Carta aos Hebreus (Hb 1,1), ele faz saber que a vida dos carmelitas está em continuidade com a tradição dos Santos Padres da Igreja. Ele diz: Muitas vezes e de muitas maneiras os Santos Padres estabeleceram como cada um, qualquer que seja o estado de vida a que pertença ou a forma de vida religiosa que tiver escolhido, deve viver em obséquio de Jesus Cristo e servi-lo fielmente com coração puro e consciência serena. Naquele tempo, como hoje, havia muitas formas de se “viver em obséquio de Jesus Cristo”. Havia os eremitas, os romeiros, os monges, os templários, os mendicantes. Havia as Regras de Santo Agostinho, São Basílio, São Bento, São Francisco. Havia muitas Ordens e Congregações. Mas Alberto reconhece que aquele grupo de carmelitas do Monte Carmelo tinha um caminho diferente, uma proposta nova. Apesar de serem chamados de eremitas como os antigos monges, os primeiros carmelitas tinham elementos novos e diferentes na sua maneira de viver o Evangelho. Nenhuma das Regras existentes correspondia à vida que eles queriam levar. Eles precisavam de algo novo.

A novidade deste caminho, próprio dos carmelitas, vai ser descrita na Forma de Vida que será a Regra do Carmo. É a Regra mais curta de todas que existem na Igreja! Cada carmelita, qualquer que seja o estado de vida a que pertença ou o modo de vida religiosa que tiver escolhido, procura viver esta Regra dentro do seu próprio estado de vida: homem ou mulher; casado ou solteiro; frade ou sacerdote; irmã de clausura ou de congregação; leigo, leiga ou membro do clero; ordem primeira, segunda ou terceira; membro de movimentos ou de associações que se inspiram na Regra do Carmo, … Até hoje, todos nós nos reunimos ao redor desta mesma fonte para beber da sua água que brota para a vida eterna.

Carlos Mesters, O. Carm.

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