Se queremos esclarecer qual deve ser a atitude cristã, temos que entender bem em que consiste a cruz para o cristão, porque pode acontecer que a coloquemos onde Jesus nunca a colocou.
Chamamos facilmente de «cruz» a tudo o que nos faz sofrer, mesmo aquele sofrimento que aparece na nossa vida gerado pelo nosso próprio pecado ou pela nossa maneira errada de viver. Mas não devemos confundir a cruz com qualquer infortúnio, contrariedade ou desconforto que ocorra na vida.
A cruz é outra coisa. Jesus chama os seus discípulos a segui-lo fielmente e a colocarem-se ao serviço de um mundo mais humano: o reino de Deus. Este é o primeiro. A cruz nada mais é do que o sofrimento que nos advirá como consequência deste seguimento; o doloroso destino que teremos de partilhar com Cristo se realmente seguirmos os seus passos. É por isso que não devemos confundir o «carregar a cruz» com posturas masoquistas, uma falsa mortificação ou o que P. Evdokimov chama de «ascetismo barato» e individualismo.
José Antonio Pagola