Olhemos então para a fé da mulher, que o Senhor louva, dizendo que é “grande”. Em que consiste então a sua fé? A mulher não é rica de conceitos, mas de factos: a cananeia aproxima-se, prostra-se, insiste, mantém um diálogo franco com Jesus, supera todos os obstáculos para conseguir falar com ele. Eis aqui a concretização da fé, que não é uma etiqueta religiosa – a fé não é uma etiqueta religiosa – mas uma relação pessoal com o Senhor. Quantas vezes se cai na tentação de confundir a fé com uma etiqueta? A fé da mulher não é feita de protocolo teológico, mas de insistência: bate à porta, bate, bate, não é feita de palavras, mas de oração. E Deus não resiste quando se lhe reza. Por isso disse: “Pedi e dar-se-vos-á, procurai e encontrareis, chamai e abrir-se-vos-á” (Mt 7, 7).
Irmãos e irmãs, à luz de tudo isto podemos fazer a nós próprios algumas perguntas a partir da fé da mulher: como é a minha fé? Está encerrada em conceitos e palavras, ou é verdadeiramente vivida, com a oração e a acção? Sei dialogar com O Senhor, sei insistir com ele, ou contento-me em recitar algumas fórmulas belas?
Papa Francisco, Angelus, 20 de Agosto, 2023