O Evangelho da liturgia de hoje (Jo 14, 1-12) refere-se ao último discurso de Jesus antes da sua morte. Jesus vê a angústia dos discípulos, vê o medo que têm de serem abandonados, tal como acontece connosco quando somos obrigados a separar-nos de alguém que amamos. Por isso, diz: «Pois vou preparar-vos um lugar […] para que onde eu estiver, estejais vós também» (vv. 2-3). Jesus usa a imagem familiar da casa, lugar das relações e da intimidade. Na casa do Pai, diz ele aos seus amigos e a cada um de nós, há lugar para ti, és bem-vindo, serás acolhido para sempre pelo calor de um abraço, e eu estou no céu a preparar um lugar para ti!
Esta Palavra é fonte de consolação, é fonte de esperança para nós. Jesus não se separou de nós, mas abriu-nos o caminho, antecipando o nosso destino final: o encontro com Deus Pai, em cujo coração há um lugar para cada um de nós. Por isso, quando sentirmos cansaço, desorientação e até fracasso, lembremo-nos para onde está orientada a nossa vida… a nossa pátria está no céu (cf. Fl 3, 20), não esqueçamos a grandeza e a beleza da meta!
Por vezes, sobretudo quando há grandes problemas a enfrentar e se tem a sensação de que o mal é mais forte, surge a pergunta: que devo fazer, que caminho devo seguir? Escutemos a resposta de Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). “Eu sou o caminho”. O próprio Jesus é o caminho a seguir para viver na verdade e ter vida em abundância. Ele é o caminho e, por isso, a fé n’Ele não é um “pacote de ideias” no qual acreditar, mas um caminho a percorrer, uma viagem a realizar, um caminho com Ele. É seguir Jesus, porque Ele é o caminho que conduz à felicidade que não acaba. Seguir Jesus e imitá-lo, sobretudo com gestos de proximidade e de misericórdia para com os outros. Eis a bússola para alcançar o Céu: amar Jesus, o caminho, tornando-se sinais do seu amor na terra.
Papa Francisco, Regina Caeli (resumo), 7 de Maio, de 2023