O sal serve para dar sabor à comida. É o ingrediente invisível que dá gosto a tudo. Por isso mesmo, desde a antiguidade, foi visto como símbolo da sabedoria, uma virtude que não se vê, mas que dá gosto à vida e sem ela a existência torna-se insípida, sem sabor. Mas Jesus, de que sabedoria nos fala? Ele usa esta imagem do sal imediatamente depois de ter proclamado aos seus discípulos as Bem-aventuranças: compreendemos assim que são elas o sal da vida do cristão. De facto, as Bem-aventuranças trazem à terra a sabedoria do Céu: revolucionam os critérios do mundo e do modo comum de pensar. (…) Tenhamo-lo bem presente: se pusermos em prática as Bem-aventuranças, se encarnarmos a sabedoria de Cristo, daremos bom gosto não apenas à nossa vida mas também à sociedade, ao país onde vivemos.
Além de dar sabor, o sal tem outra função, que era essencial no tempo de Cristo: conservar os alimentos para não se corromperem estragando-se. Mas a Bíblia diz que havia um «alimento», um bem essencial que se devia conservar antes de qualquer outro: a aliança com Deus. Por isso, naqueles tempos, sempre que se fazia uma oferta ao Senhor, colocava-se um pouco de sal. (…) Por conseguinte, o discípulo de Jesus, enquanto sal da terra, é testemunha da aliança que Ele realizou e nós celebramos em cada Missa: uma aliança nova, eterna, inquebrável (cf. 1 Cor 11, 25; Heb 9), um amor por nós que não pode ser infringido nem mesmo pelas nossas infidelidades.
Papa Francisco, Viagem apostólica ao Sudão do Sul, 5 de Fevereiro, 2023