O Evangelho do 3º Domingo do Advento fala-nos de João Baptista que, estando na prisão, manda discípulos perguntar a Jesus: “És tu o que tens de vir, ou devemos esperar outro?” (Mt 11, 4). De facto, João ao ouvir falar das obras de Jesus, é assaltado pela dúvida se é realmente o Messias ou não. Ele pensava num Messias severo, que ao chegar, faria justiça com poder castigando os pecadores. Agora, contudo, Jesus tem palavras e gestos de compaixão para todos, no centro da sua acção está a misericórdia que perdoa, pelo que “os cegos vêem e os coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa Nova”
O Baptista já não consegue reconhecer Jesus como Messias esperado, é assaltado pela dúvida e envia discípulos para verificar: “Ide ver se é o Messias ou não”. Isto causa-nos espanto por acontecer com João que baptizou Jesus e o indicou como o Cordeiro de Deus (cf. Jo 1, 29). Mas isto significa que também o maior crente atravessa o túnel da dúvida. Contudo, isto não é um mal e, às vezes, é essencial para o crescimento espiritual: ajuda-nos a entender que Deus é sempre maior de como o imaginamos. Este é sempre o perigo, a tentação: fazermos um Deus à nossa medida, um Deus para ser usado. E Deus é outra coisa.
O Advento é um tempo de inversão de perspectivas, de nos deixarmos assombrar pela grandeza da misericórdia de Deus, um tempo para sair de certos esquemas, de certos preconceitos relativamente a Deus e aos irmãos.
Papa Francisco, Angelus (resumo), 11 de Dezembro, 2022