Discernimento: a consolação

Outro elemento do discernimento é a consolação; trata-se de uma experiência profunda de alegria interior, tão suave e delicada como uma gota de água que cai numa esponja, mas tão audaz que não se rende às dificuldades, porque faz sentir uma paz mais forte do que a prova. A pessoa sente-se de tal modo envolvida pela presença de Deus, que até a dor dos próprios pecados pode tornar-se motivo de consolação. E, porque a consolação está unida à esperança, faz-nos pôr em ação iniciativas continuamente adiadas ou nem sequer vislumbradas. É, de facto, um dom do Espírito Santo, que nos permite gozar duma profunda familiaridade com Deus, como se vivêssemos em sua casa. Santa Teresa do Menino Jesus, quando visitou Roma aos 14 anos, ao ver um dos cravos da Paixão do Senhor, queria tocá-lo; depois, dando-se conta da audácia, desculpava-se dizendo: «comportava-me como uma criança que pensa que tudo lhe é permitido, considerando os tesouros do Pai como seus». Mas, há também consolações que podem ser falsas; por isso, é importante o discernimento para distinguir as verdadeiras consolações daquelas que nos fecham em nós mesmos, levando-nos a ser indiferentes para com o próximo e afastando-nos de Deus. Não esqueçamos que para encontrar as consolações de Deus, é preciso procurar primeiro o Deus das consolações.

Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral, 23 de Novembro, 2023

Catequese completa

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2022/documents/20221123-udienza-generale.html