O mártir confessa a sua fé até às suas últimas consequências. Como referiu São João Paulo II na homilia da beatificação de Tito Brandsma: “Um tal heroísmo não se improvisa”, é fruto de uma rica vida interior. Tito, no campo de concentração de Scheveningen, manteve a fé, e no meio do inferno do Lager, escreveu o famoso poema “Diante da imagem de Jesus”.
Mais tarde, em Amersfoort, na sexta-feira santa, de pé, em cima de uma caixa, pronunciou no pavilhão, diante dos seus companheiros de cativeiro o sermão mais sincero e autêntico da sua vida: “Falou-nos da paixão de Cristo, e comparou-a com os nossos sofrimentos. Disse-nos que a nossa estadia no campo era análoga à de Cristo no sepulcro, e que nós, do mesmo modo que Ele, um dia seríamos também libertados das trevas”. Aquela assembleia, meia moribunda que o escutava (médicos, sindicalistas, monárquicos, comunistas, judeus, cristãos e protestantes…), era um sacrário vivo, onde, mais do que em qualquer outro lugar, se sentia a presença de Cristo.
Fr. Míċeál O’Neill, Excerto resumido da Carta “A cruz é a minha alegria”