Tito brilhou como um autêntico servidor da reconciliação. O perdão verdadeiro é uma decisão sobrenatural que tem a sua raiz no próprio Deus, não nas forças do homem. Não era fácil viver esse espírito de reconciliação na Europa febril e convulsa em que viveu. O cristão – segundo Brandsma – não pode submeter-se ao fatalismo de excluir o perdão da vida política e das relações internacionais marginalizando-o para a esfera privada. Tito insistirá na força transformadora do perdão. “Vivemos num mundo que condena o amor como uma fraqueza que deve ser superada. Não é o amor – dizem alguns – que se deve cultivar, mas as próprias forças: que cada um seja o mais forte possível, e que os débeis pereçam… Vêm-nos com esta doutrina, e não faltam incautos que a aceitam de bom grado”.
Tito não só pregou o perdão, como ele próprio, com a sua morte, foi, no fim dos seus dias, um “sacramento do perdão”. O frade carmelita era consciente de que o ódio não é uma força criativa: só o é o amor. A vida de Tito Brandsma é um grito da reconciliação. Já na prisão, no fim dos seus dias, e com letra trémula, deixou escrita uma mensagem emocionante e conciliadora: “Deus salve a Holanda! Deus salve a Alemanha! Oxalá Deus conceda a estes dois povos caminhar de novo em paz e liberdade e reconhecer a sua Glória para o bem destas duas nações tão próximas”.
Fr. Míċeál O’Neill, Excerto resumido da Carta “A cruz é a minha alegria”