Como sabemos, Jesus veio trazer o Evangelho ao mundo, ou seja, a boa notícia do amor de Deus por cada um de nós. Por isso, ele nos diz que o Evangelho é como um fogo, porque é uma mensagem que, quando irrompe na história, queima os antigos equilíbrios no nosso modo de viver, desafia a sair do individualismo, a superar o egoísmo, a passar da escravidão do pecado e da morte para a vida nova do Ressuscitado, de Jesus ressuscitado. Ou seja, o Evangelho não deixa as coisas como estão; quando o Evangelho passa, é ouvido e recebido, as coisas não ficam como estão. O Evangelho provoca a mudança e convida à conversão. Não concede uma falsa paz intimista, mas acende uma inquietação que nos põe em caminho, impele-nos a abrir-nos a Deus e aos irmãos. É como o fogo: enquanto nos aquece com o amor de Deus, quer queimar os nosso egoísmo, iluminar os lados obscuros da vida – todos nós os temos! -, consumir os falsos ídolos que nos escravizam.
Então, o que significa para nós essa palavra de Jesus sobre o fogo? Convida-nos a avivar a chama da fé, para que ela não se torne uma realidade secundária, ou um meio de bem-estar individual, que nos leva a evitar os desafios da vida e do compromisso na Igreja e na sociedade… A verdadeira fé é um fogo, um fogo aceso para nos manter acordados e activos mesmo na noite!
Papa Francisco, Angelus, 14 de Agosto, 2022