9 de Agosto é o dia da celebração da festa de Santa Edith Stein, que tomou o nome de Teresa Benedita da Cruz no Carmelo, uma das figuras mais fascinantes do século XX, de origem judia, convertida ao cristianismo depois de ler o Livro da Vida de Santa Teresa de Ávila. Foi uma das primeiras mulheres a doutorar-se em filosofia, activista feminista, defensora do direito de voto para as mulheres e da liberdade de pensamento e expressão para todos, escritora de numerosos livros de filosofia e teologia, conferencista em vários países da Europa, que falava e escrevia fluentemente em alemão, inglês, francês, holandês, latim… carmelita descalça, opositora do nazismo e mártir de Jesus Cristo.
O Pe. Rafael Walzer, abade beneditino de Beuron, foi seu amigo e director espiritual desde que se converteu ao catolicismo até à sua morte, disse que foi uma mulher “com uma vida interior de extraordinária simplicidade, de grande profundidade, de rara serenidade”. Teresa Benedita da Cruz foi canonizada pelo Papa João Paulo II e declarada pelo mesmo Papa co-padroeira da Europa.
Transcrevemos uma parte do testamento desta santa carmelita, escrito depois de ser transferida da Alemanha para a Holanda, antes de ser conduzida pelos nazis para o campo de concentração de Auschwitz:
“Desde agora aceito com alegria, e com absoluta submissão à sua santa vontade, a morte que Deus preparou para mim. Peço ao Senhor que aceite a minha vida e também a minha morte em sua honra e glória; por todas as intenções do Sagrado Coração de Jesus e Maria; pela Santa Igreja e, especialmente, pela conservação, santificação e aperfeiçoamento da nossa Santa Ordem, em particular os conventos carmelitas de Colónia e Echt; em expiação pela falta de fé do povo judeu para que o Senhor seja acolhido pelos seus; para que venha até nós o seu Reino de Glória, para a salvação da Alemanha e a paz no mundo. Finalmente, por todos os meus entes queridos, vivos e defuntos, e todos aqueles que Deus me deu. Que nenhum deles siga o caminho da perdição”.
Nestes dias mais tempestuosos, é oportuno reter o que disse da Igreja: “A Igreja é inabalável justamente porque une a absoluta defesa da verdade eterna a uma inigualável elasticidade em adaptar-se às situações e exigências de cada tempo”.
Homilia do Papa João Paulo II na cerimónia de canonização de Edith Stein em 11 de Outubro de 1998