No Evangelho de hoje, o ensinamento de Jesus diz respeito precisamente à verdadeira sabedoria e é introduzido pelo pedido de uma pessoa do meio da multidão: “Mestre, diz a meu irmão que reparta comigo a herança” (Lc 12, 13). Respondendo, Jesus chama a atenção dos ouvintes para o desejo dos bens terrenos com a parábola do rico insensato que, tendo acumulado para si uma colheita abundante, pára de trabalhar, dissipa os seus bens divertindo-se e chega a iludir-se que pode afastar a própria morte. “Deus, porém, disse-lhe: ‘Insensato! Nesta mesma noite pedir-te-ão a tua alma, e o que acumulaste, para quem será?’” (Lc 12, 20). Na Bíblia, o homem insensato é aquele que não quer compreender, da experiência das coisas visíveis, que nada dura para sempre, mas tudo passa: tanto a juventude, como a força física, quer as comodidades, quer as funções de poder. Por conseguinte, fazer depender a própria vida de realidades tão passageiras é insensatez. Por sua vez, o homem que confia no Senhor não tem medo das adversidades da vida, nem sequer da realidade iniludível da morte: é o homem que adquiriu “um coração sábio”, como os Santos. (Bento XVI, Angelus, 1° de Agosto de 2010).
Então – podemos pensar – não se pode desejar ser rico? Claro que se pode, de facto, é justo desejá-lo, é bom tornar-se rico, mas rico segundo Deus! Deus é o mais rico de todos: é rico em compaixão, em misericórdia. A sua riqueza não empobrece ninguém, não cria lutas e divisões. É uma riqueza que gosta de dar, distribuir, compartilhar.
Então perguntemo-nos: como quero enriquecer-me? Quero enriquecer segundo Deus ou segundo a minha avareza? E voltando ao tema da herança, que herança quero deixar? Dinheiro no banco, coisas materiais ou pessoas felizes ao meu redor, boas acções que não são esquecidas, pessoas que ajudei a crescer e a amadurecer? (Papa Francisco, Angelus, 31 de Agosto, 2022).
Palavra para o caminho
O homem é criado para louvar, prestar reverência e servir a Deus nosso Senhor e, mediante isto, salvar a sua alma; e as outras coisas sobre a face da terra são criadas para o homem, para que o ajudem a conseguir o fim para que é criado. Donde se segue que o homem tanto há-de usar delas quanto o ajudam para o seu fim, e tanto deve deixar-se delas, quanto disso o impedem. (Santo Inácio de Loiola, Exercícios espirituais, 23).