O Papa Francisco, na mensagem que dirigiu ao Capítulo Geral dos Frades, em 2019, citando no seu discurso capitular o Beato Tito Brandsma, disse: “É próprio da Ordem do Carmo, ainda que seja uma Ordem mendicante de vida activa e que vive no meio do povo, conservar uma grande estima pela solidão e o desapego do mundo, considerando a solidão e a contemplação como a melhor parte da sua vida espiritual”. O Pe. Brandsma ingressou no Carmelo atraído pelo carisma carmelita: “A espiritualidade do Carmelo, que é vida de oração e de terna devoção a Maria, levaram-me à feliz decisão de abraçar esta vida. O espírito do Carmelo fascinou-me”. O Pe. Tito não é um nostálgico do passado, mas recorre ao ontem do Carmelo, aos místicos e modelos de santidade, como figuras proféticas que têm muito a dizer ao tempo presente. Soube combinar de forma magistral e integradora a tradição e a modernidade.
Viveu com equilíbrio e de forma harmoniosa o espírito contemplativo do Carmelo, sendo um homem orante, fraterno e profético no meio do povo. Talvez seja esta a chave para entender a sua personalidade versátil nas muitas e diferentes tarefas a que se dedicou. No Beato Tito – como nos recordava o Papa Francisco – a contemplação e a compaixão encontram-se de forma natural, sem reduzir “a espiritualidade à pseudomística ou solidariedade de fim-de-semana” ou cair na tentação de tornar os pobres invisíveis para que não nos questionem.
Fr. Míċeál O’Neill, Excerto resumido da Carta “A cruz é a minha alegria”