Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem

“Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem”. Notemos mais uma coisa. Jesus não só implora o perdão, mas diz também o motivo: perdoa-lhes, “porque não sabem o que fazem”. Como é possível? Os seus opositores tinham premeditado a morte d’Ele, organizado a sua captura, os julgamentos e agora estão lá, no Calvário, para assistir ao seu fim… e, todavia, Cristo justifica aqueles violentos, “porque não sabem”. É assim que Jesus Se comporta connosco: faz-Se nosso “advogado”. Não Se coloca contra nós, mas por nós contra o nosso pecado. E é interessante o argumento que usa: “porque não sabem”, ou seja, aquela ignorância do coração que temos todos nós pecadores. Quando se usa violência, nada mais se sabe sobre Deus, que é Pai, nem sobre os outros, que são irmãos. Esquece-se a razão por que se está no mundo e chega-se a realizar absurdas crueldades. Vemo-lo na loucura da guerra, onde se torna a crucificar Cristo. Sim, Cristo é pregado na cruz mais uma vez nas mães que choram a morte injusta de maridos e filhos. É crucificado nos refugiados que fogem das bombas com os meninos no braço. É crucificado nos idosos deixados sozinhos a morrer, nos jovens privados de futuro, nos soldados mandados a matar os seus irmãos. Hoje, Cristo está crucificado aí.

Papa Francisco, Eucaristia do Domingo de Ramos, 10 de Abril, 2022