Reflitamos sobre um ponto importante: no momento em que Jesus recebe o Batismo, o texto diz que «estava em oração» (Lc 3, 21). Faz-nos bem contemplar isto: Jesus reza. Mas como? Ele, que é o Senhor, o Filho de Deus, reza como nós? Sim, Jesus – os Evangelhos repetem-no muitas vezes – passa muito tempo em oração: no início de cada dia, muitas vezes à noite, antes de tomar decisões importantes… A sua oração é um diálogo, uma relação com o Pai. Assim, no Evangelho de hoje podemos ver os “dois movimentos” da vida de Jesus: por um lado, ele desce rumo a nós, nas águas do Jordão; por outro, eleva o olhar e o coração rezando ao Pai.
Esta é uma grande lição para nós: estamos todos imersos nos problemas da vida e em muitas situações complicadas, chamados a enfrentar momentos e escolhas difíceis que nos puxam para baixo. Mas, se não quisermos ser esmagados, precisamos de elevar tudo para o alto. E a oração faz exatamente isto, não é uma via de fuga, a oração não é um rito mágico nem uma repetição de cânticos aprendidos de cor. Não. Rezar é o modo para deixar Deus agir em nós, para compreender o que Ele quer comunicar-nos inclusive nas situações mais difíceis, rezando para ter forças para continuar…
A oração – para usar uma bonita imagem do Evangelho de hoje – “abre o céu” (cf. v. 21). A oração abre o céu: dá oxigénio à vida, dá fôlego também no meio dos afãs e faz com que se veja tudo de modo mais amplo. Sobretudo, permite-nos ter a mesma experiência de Jesus no Jordão: faz-nos sentir filhos amados pelo Pai. A nós também, quando rezamos, o Pai diz, como a Jesus no Evangelho: “Tu és o meu filho muito amado” (cf. v. 22).
Papa Francisco, Angelus, 9 de Janeiro de 2022