O anjo chama-lhe «cheia de graça». Se está cheia de graça, quer dizer que Nossa Senhora está vazia do mal, está sem pecado, Imaculada. Pois bem, ao ouvir esta saudação, Maria – diz o texto – «perturbou-se» (Lc 1, 29). Não só se surpreende, mas perturba-se. A saudação do anjo parece-lhe maior do que Ela. Porquê? Porque se sente pequena dentro, e esta pequenez, esta humildade, atrai o olhar de Deus.
Com efeito, Maria não se atribui prerrogativas, não reivindica algo, não atribui nada ao seu mérito. Não se envaidece, não se exalta. Pois na sua humildade sabe que recebe tudo de Deus. Ela está, portanto, livre de si mesma, totalmente voltada para Deus e para os outros. Maria Imaculada não tem olhos para si. Eis a verdadeira humildade: não ter olhos para si, mas para Deus e para os outros.
Recordemos que esta perfeição de Maria, cheia de graça, é declarada pelo anjo dentro das paredes da sua casa: não na praça principal de Nazaré, mas ali, no escondimento, na maior humildade. Naquela casinha em Nazaré palpitava o maior coração que qualquer criatura já teve.
Papa Francisco, Angelus, 8 de Dezembro, 2021