A organização do Ano Litúrgico

O Ano Litúrgico é um período de doze meses, organizado em tempos litúrgicos, em que se celebram os principais acontecimentos da vida de Jesus e de Maria e em que se comemoram os Santos. Começa no primeiro Domingo do Advento e termina no sábado a seguir à Solenidade de Cristo Rei. Por ordem de importância, é constituído pelos Ciclos da Páscoa e do Natal, pelo Tempo Comum e pelo Ciclo Santoral. Seguindo a cronologia, apresenta-se assim: Advento, Natal, Tempo Comum I, Quaresma, Tríduo Pascal, Páscoa e Tempo Comum II.

No Rito Romano, o mais difundido na Igreja Católica Ocidental, o Ano Litúrgico passa por três anos: A, B e C. Cada um tem uma sequência própria de leituras do Antigo e do Novo Testamento, de modo que a distribuição dos textos bíblicos, ao longo de três anos, permita aos fiéis uma visão abrangente da História da Salvação. No Ano A, é lido Mateus; no Ano B, Marcos; e no Ano C, Lucas. O Evangelho de João é reservado para ocasiões especiais, como as grandes festas e solenidades ou a Semana Santa.

Para encontrar o ciclo litúrgico, basta somar os números que compõem o ano e dividir por três. Se for divisível, estamos no Ano C; se sobrar 1, no Ano A; e, se sobrar 2, no Ano B. Como o Ano Litúrgico começa um pouco antes do civil, não conta o ano em curso, mas o que está prestes a começar. Assim, estando quase a chegar 2022, entramos no Ano C (2 + 0 + 2 + 2 = 6).

Durante a semana (a liturgia chama-lhe “dias feriais”), o evangelho de cada dia é igual todos os anos, mas muda a primeira leitura, conforme o ano é par ou ímpar.

O Tempo do Advento é constituído por quatro domingos antes do Natal, para cujas solenidades prepara. Nele se comemora a primeira vinda de Jesus e se voltam os corações para a expectativa de uma segunda vinda. É um tempo em que soa forte o apelo à purificação da vida e à concentração no que é essencial. Pelo meio, a 8 de dezembro, celebra-se a Imaculada Conceição.

O Tempo de Natal estende-se desde a Solenidade de Natal (começa com o entardecer do dia anterior) até ao Domingo do Batismo do Senhor. É um tempo de fé, de alegria e de acolhimento do Filho de Deus que se fez homem. Nele se celebram as Festas da Sagrada Família (Domingo a seguir ao Natal); de Santa Maria, Mãe de Deus (1 de janeiro); da Epifania (Domingo a seguir ao dia 1 de Janeiro); e do Batismo do Senhor (Domingo a seguir à Epifania). Quando o Natal e o dia 1 de janeiro ocorrem ao Domingo, a Sagrada Família celebra-se na sexta-feira a seguir ao Natal e o Batismo do Senhor na segunda-feira a seguir à Epifania.

O Tempo da Quaresma começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina na Quinta-Feira Santa, antes da Missa da Ceia do Senhor. É um tempo forte de apelo à conversão e à penitência, de jejum, caridade e oração, preparando a Páscoa do Senhor. É visível, nas nossas igrejas e capelas, a ausência de flores e lugares há onde se cobrem as imagens com tecidos roxos, à exceção da cruz que só é velada na Semana Santa.

O Tríduo Pascal começa com a Missa da Ceia do Senhor, na tarde da Quinta-Feira Santa, em que se celebra a Instituição da Eucaristia, os dons do sacerdócio e do mandamento novo do amor, ilustrado no lava-pés. Na Sexta-Feira Santa, ocorre a Celebração da Paixão do Senhor, constituída por Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Sagrada Comunhão. O Sábado Santo é dia de contemplar Jesus morto e sepultado e, por isso, não há atos litúrgicos.

O Tempo Pascal começa com a Vigília e estende-se ao longo de 50 dias. É o tempo de celebrar a Ressurreição de Jesus. São sete semanas de alegria e exultação, como se fosse um único dia de festa, um grande domingo em que se afirma a fé na vitória da vida sobre a morte.

Nas restantes trinta e quatro semanas, a Igreja celebra, na sua globalidade, os Mistérios de Cristo. É o Tempo Comum, em que se acolhe a Palavra de Deus e se afirma a presença divina nas coisas mais simples. A primeira parte fica compreendida entre o tempo de Natal e o da Quaresma; a segunda situa-se entre o Tempo da Páscoa e o do Advento. Nele ocorre a maior parte das celebrações das memórias da Virgem Maria e dos Santos.

P. João Alberto Correia