O Evangelho do 26º Domingo do Tempo Comum, Ano B, (cf. Mc 9, 38-43.45.47-48) refere que os discípulos de Jesus viram um homem, que não fazia parte do grupo dos seus seguidores, a expulsar demónios em nome de Jesus, e por isso queriam impedi-lo. Jesus responde: «Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós, é por nós».
Santo Agostinho escreve: «Como na Católica — ou seja, na Igreja — é possível encontrar o que não é católico, assim fora da Católica pode existir algo de católico» (Agostinho, Sobre o baptismo contra os donatistas: PL 43, VII, 39, 77). Por isso, os membros da Igreja não devem ter inveja, mas alegrar-se se alguém fora da comunidade realiza o bem em nome de Cristo, contanto que o faça com intenção recta e com respeito (Bento XVI, Angelus, 30 de Setembro de 2012).
Mas também devemos vigiar sobre o fechamento na Igreja…Por vezes também nós, em vez de sermos comunidades humildes e abertas, podemos dar a impressão de sermos “os melhores da classe” e manter os outros à distância… Peçamos a graça de superar a tentação de julgar e de catalogar, e que Deus nos preserve da mentalidade do “ninho”, a de nos preservarmos ciosamente no pequeno grupo daqueles que se consideram bons: o sacerdote com os seus fidelíssimos, os agentes pastorais fechados entre si para que ninguém se infiltre, os movimentos e as associações no próprio carisma particular, e assim por diante. Fechados. Tudo isto corre o risco de tornar as comunidades cristãs lugares de separação e não de comunhão. O Espírito Santo não quer fechamentos; quer abertura, comunidades acolhedoras onde haja lugar para todos.
E depois, no Evangelho, há a exortação de Jesus: em vez de julgarmos tudo e todos, prestemos atenção a nós mesmos! Na verdade, o risco é sermos inflexíveis para com os outros e indulgentes com nós próprios. E Jesus exorta-nos a não fazer acordos com o mal, com imagens que impressionam: “Se algo em ti é motivo de escândalo, corta-o”! (cf. vv. 43-48). Se algo te faz mal, corta-o! Ele não diz: “Se algo é motivo de escândalo, pára, reflete, melhora um pouco…”. Não: “Corta-o! Imediatamente!”. Nisto Jesus é radical, exigente, mas para o nosso bem, como um bom médico. Cada corte, cada poda, é para crescer melhor e dar frutos no amor. Então perguntemo-nos: o que há em mim que contrasta com o Evangelho? O que quer Jesus que eu corte concretamente na minha vida? (Papa Francisco, Angelus, 26 de Setembro, 2021).