De facto, Jesus diz: «buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados»…
Eis então uma primeira pergunta que todos podemos fazer a nós mesmos: por que procuramos o Senhor? Por que procuro o Senhor? Quais são as motivações da minha fé, da nossa fé? Precisamos de discernir isto, porque entre as muitas tentações que temos na vida, há uma que poderíamos definir tentação idólatra. É o que nos leva a procurar Deus para o nosso próprio uso, para resolver problemas, para obter d’Ele o que não podemos obter por nós mesmos, por interesse. Mas desta forma a fé permanece superficial e até – se me é permitido dizê-lo – a fé permanece milagreira: procuramos Deus para nos alimentarmos e depois esquecemo-nos d’Ele quando estamos satisfeitos. No centro desta fé imatura não há Deus, há as nossas necessidades. Penso nos nossos interesses, em tantas coisas… É correto apresentar as nossas necessidades ao coração de Deus, mas o Senhor, que age muito para além das nossas expetativas, deseja viver connosco, antes de mais, numa relação de amor. E o verdadeiro amor é abnegado, é gratuito: não amamos para depois receber um favor em troca! Isto é interesse, e muitas vezes na vida somos interesseiros.
Papa Francisco, Angelus, 1 de Agosto, 2021