A contemplação é o olhar da fé fixo em Jesus, segundo as palavras de um camponês a quem perguntaram que fazia durante tanto tempo em oração diante do Sacrário: «Eu olho para Ele e Ele olha para mim». Tudo nasce daqui, do coração que se sente envolvido por um olhar de amor. É a oração de amorosa contemplação. Não são necessárias muitas palavras; basta um olhar, com a convicção de que a nossa vida está circundada por um amor grande e fiel, do qual nada e ninguém poderá separar-nos. Jesus foi mestre deste olhar contemplativo, cujo segredo era a relação com o seu Pai do Céu. Na sua vida, encontramos esta comunhão amorosa que permite manter intacta a beleza da existência, mesmo no meio das provações. Pensemos na Transfiguração d’Ele no Monte Tabor: num período crítico da sua missão, Jesus sobe ao monte e lá, enquanto reza, transfigura-Se à vista de três dos seus discípulos: é a luz do amor do Pai que enche o coração do Filho e transfigura toda a sua Pessoa. No passado, alguns mestres de espiritualidade apresentaram a contemplação como oposta à acção, exaltando as vocações que fugiam do mundo e dos seus problemas para se dedicarem inteiramente à oração. Mas, em Jesus Cristo e no Evangelho, não temos tal contraposição. Existe apenas uma vocação no Evangelho: seguir Jesus pelo caminho do amor. Neste sentido, caridade e contemplação são sinónimas, dizem o mesmo. O que nasce da oração, purificado pela humildade, ainda que seja um acto de amor escondido e silencioso, é o maior milagre que um cristão pode realizar.
Papa Francisco, Catequese da Audiência Geral (resumo), 5 de Maio, 2021
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