Enfim o terceiro «lugar», a paciência com o mundo. Simeão e Ana cultivam no coração a esperança anunciada pelos profetas, mesmo se tarda a realizar-se e cresce lentamente no meio das infidelidades e ruínas do mundo. Não entoam o lamento pelo que está errado, mas esperam com paciência a luz na obscuridade da história. É preciso esperar a luz na obscuridade da história; sim, esperar a luz na obscuridade da própria comunidade. Precisamos desta paciência, para não acabarmos prisioneiros das lamentações. Alguns são mestres em lamentações, doutoraram-se em lamentações, são muito bons a lamentar-se! Não, a lamentação prende: «o mundo já não nos escuta» – tantas vezes ouvimos isto – «já não temos vocações, temos de fechar a loja», «vivemos tempos difíceis» – «ah, a quem tu o vens dizer!…». Assim começa o dueto das lamentações. Às vezes acontece que, à paciência com que Deus trabalha o terreno da história e trabalha também o terreno do nosso coração, opomos a impaciência de quem julga tudo imediatamente: agora ou nunca, agora já. E assim perdemos aquela virtude, “pequena” mas a mais bela: a esperança. Tenho visto muitos homens e mulheres consagrados que perdem a esperança. Simplesmente por impaciência.
Papa Francisco, Homilia da Missa para os Consagrados, 2 de Fevereiro, 2021